Oi, gente, cêis tão aí ainda?
2017 será um ano melhor, tenho certeza.
AAAAANYWAY, xô falar uma coisa aqui rapidinho:
Será se essa afirmação vem como um choque?
Ninguém se importa com o que raios você come ou deixa de comer.
A não ser que você não coma carne, aí a sociedade inteira acha que pode dar opinião na sua nutrição ou reclamar que você dá trabalho na hora de escolher restaurante, mas estou me adiantando.
Gente, sério. Assim como o sabonete que você escolhe pra lavar sua cara, o lençol que você usa pra cobrir sua cama, o supermercado onde você prefere fazer compra dizem respeito exclusivamente a você, assim também deve ser com o que você escolhe enfiar boca adentro.
Obviamente, como tudo na vida, é uma relação de causa e consequência. Você quer comer bobagem todo dia, isso terá um resultado específico na sua saúde (não necessariamente na sua imagem, veja só). Você almoça em restaurante e janta no delivery todo dia? Problema absolutamente seu. Você acha conveniente comer miojo, lasanha congelada, comida de micro-ondas, meu, cê faz o que você quiser, sabe? Desde que eu não tenha que escutar como você vive gripado (não vive), não faz cocô bonito e a vida é ruim no geral, eu nem ligo.
Da mesma forma que se você tiver algum problema na mente e resolver seguir uma dieta de homens das cavernas (eu não acho que conta se a caça vem fatiada na bandeja de isopor, os homens das cavernas não produziam esse lixo todo e TENHO PRA MIM que não tinha conservante e lâminas afiadas de precisão envolvidas no processo) sem VIVER como um homem das cavernas, desqualificando toda a experiência, eu também não vou estar interessada. Também não me importo se você só come o que a vegetação provê, se você só come coisa crua porque fogo é crime, se você não come proteína animal de nenhuma origem.
EU. NÃO. LIGO.
A não ser que você venha falar comigo estilo testemunha de jeová tem-cinco-minutinho-pra-ouvir-a-palavra-de-pierre-dukan. Aí eu vou te mandar pro raio que o parta.
Ou que cê dificulte minha vida quando eu quero comer uma pizza. Pizza é um evento raro na minha vida, quando eu tô com vontade de comer pizza eu quero pizza, não quero um "ah, mas não dá pra gente ir na churrascaria que tem coisa que todo mundo come???" porque eu não quero me relacionar com carnes em espeto nem comer arroz over cozido que você acha aceitável porque tá enchendo o rabo de carne. EU QUERO COMER PIZZA E VOU COMER PIZZA, porque eu sou uma mulher moderna que se alimenta de acordo com a época em que vive.
(Favor não aproveitar esse momento pra correr pros comentários pra me dizer a razão de sua forma de alimentação ser a melhor do mundo mundial porque eu não perguntei.)
Mas, vaneça, por que você odeia tanto dieta????
FÁRIAS RAZÃO.
Quando você externaliza sua dieta sem necessidade, você dá às pessoas uma espécie de autorização pra falar do seu corpo. "Miga, magina, cê não precisa de dieta, cê tá linda". Ou "ai, que corajosa, força e você vai ver como tudo vai ficar melhor!". O ~tudo~ que vai ficar melhor é seu corpo, caso fique magro. A gente briga tanto pra parar o inferno do julgamento do corpo gordo, você PROPAGAR dieta perdura essa desgraça. Você fazer a dieta e tentar alcançar uma figura que te faça mais feliz eu acho é ótimo. Mas cada menina falando do dia a dia da dieta, dos quilos perdidos, de como ela venceu ao não comer uma coxinha, derrota em poucas frases a amiga que tá lá felizona sendo rechonchuda e comendo o que tem vontade. Só que você tira o DIREITO da amiga rechonchuda de ser feliz. "Se até fulana que era super pró gorda tá se acabando na paleo, daqui a pouco eu não tenho mais minhas sister aqui pra mostrar pro mundo que gordo é só uma forma e etc". Sabe?
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Eu tenho uma amiga que era não-magra. O que eu quero dizer com isso? Ela era aquele tipo de pessoa que não é composta de ossos aparentes e músculos. Tinha peitão, uma cintura menos fina, bumbum grande, perna grossa, rosto redondo. Mas tava longe, mas beeeeem longe, de ser gorda.
Essa menina tinha uma vibe meio própria e rolava um alto consumo de doce colorido, incluindo o pavoroso algodão doce. Tava feliz? Tava. Nunca vi ninguém enchendo o saco, a gente só julga um pouco mesmo é a capacidade de um cerumaninho de comer isso aí, mas segue em frente. Pois um dia essa menina escreveu um puta dum textão no facebook que parecia uma ode a um donut. Eu tava pronta pra dar uma gargalhada no final, quando ela finalizou maizomenos assim: "e aquele donut lindo e colorido estava na mão de uma gorda desleixada e foi nesse momento que eu percebi o quanto é horrível quando a gente se deixa levar pelo açúcar e blábláblábláblábláblá obrigada gorda desleixada por me mostrar o real sentido da vida".
Fiquei: perplecta :O
Miga do céu, como assim, cara???? Você viu uma pessoa na rua cuja história desconhece completamente e resolve dar esse close errado assim? Daí pra frente foi um festival de foto de academia, projeto verão, vida saudável, fat shaming e um desfazimento completo de amizade, porque eu não tenho estrutura.
Que eu fico feliz por a pessoa ter compreendido que açúcar não é o único alimento disponível na face da terra, eu fico. Que ela teria uma vida muito melhor só pelo fim da ingestão de algodão doce a gente sabe, mas o monstro que ela se tornou afastou as pessoas todas, porque a vida não é assim, kirida.
Parece que cada criatura que descobre o balanceamento alimentar vira um convertido religioso e sua missão na terra é importunar o cidadão de bem que ou sempre soube ou não tá interessado.
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Mais uma razão pra eu odiar dieta? Restrição alimentar. Só quem tem sabe a DESGRAÇA que é ser privado de comer por obrigação. E digo mais: tem quem não come porque não tem dinheiro pra comprar comida - acontece bem mais do que você pode imaginar.
Cê vê: teve uma fase na minha vida que o dinheiro era escasso mesmo. Em casa tinha meia dúzia de coisas: arroz, feijão, salsicha, ovo, leite, pão. E basicamente era isso aí. Agora eu imagino as linda vindo falar em dieta pra quem ingere 6 itens diferentes numa base de 6 dias da semana (e eu sou gravemente alérgica a salsicha, num é jóia? Essa eu sabia desde criança).
Bom, deixando a pobreza de lado, eu já era alérgica e ainda não sabia. O meu tipo de alergia é aquele de saturação, em que a pessoa fica exposta ao que lhe faz mal, mas não descobre até que o sistema imunológico chegue num ponto que não consiga mais agir naturalmente quando a exposição acontece. Quando eu tinha uns 15 anos começaram a surgir os primeiros sintomas, juntamente com a fase em que eu sentia uma fome sem fim - a famigerada idade do buraco no estômago - e o que eu ingeria? Leite. Quanto? Quatro canecas diárias. Eu vivia no hospital, desmaiava na escola e tinha o que minha mãe chamava carinhosamente de "gripe eterna". Levou 4 anos até alguém dizer que aquilo era uma LONGA crise alérgica.
Felizmente a gente descobriu isso numa época de vacas esbeltas porém não tão magras, porque deu pra ir substituindo gradativamente a alimentação. Mas, por exemplo, agora que sou rica, tinha ali na mesa da cozinha um camembert francês e eu fui comer bem bonita e tô agora aqui entupida até o olho, PORQUE NÃO PODE. Então cê não me venha dizer que eu não posso comer batata ou pão integral, porque eu já escuto um NÃO PODE interior uma base de 53 vezes por dia.
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Uns 4 anos atrás eu estava me sentindo muito mal. TUDO estava ruim. Minha alergologista me deu um remédio sem me explicar o que era - e eu não lia mais a bula, por que senão desenvolvia TODOS os efeitos colaterais. Ela me prescreveu corticoide aspirável, mesmo que eu tenha pedido um tratamento livre de cortisol. Tomei por 6 meses, sem saber o que era e... bom, fui parar no hospital. De lá, fui encaminhada para um endocrinologista, porque eu estava com vários órgãos viscerais debilitados pelo abuso de cortisol além da intoxicação devida ao acúmulo de 10 anos de remédios. Foi um arraso.
A dieta que eu tive que fazer pra recuperar a saúde visceral foi DELICIOSA. Eu não podia comer nada que quebrasse em açúcar. NADA. De modos que eu não podia comer nem mesmo cenoura e a maioria dos vegetais carnudinhos. Poderia comer alguns laticínios, mas não podia por causa da alergia. Poderia comer algumas carnes (carne nem morta), mas não muita, porque eu tenho um rim só (pra vocês que não falam francês, dietas à base de proteína sobrecarregam até quem tem dois rins, são assassinas pra quem não tem). OUSSEJE: passei quase um ano vivendo de luz, alface, aipo e tomate, pra dar uma cor.
GENTE, FOI ÓTIMO! Tipo, tem amigos que eu perdi nessa época que nunca recuperei. As pessoas não conseguiam compreender que eu ia MORRER se comesse os alimentos proibidos e me ligavam pra perguntar se eu não podia deixar de radicalismo e ir na pizzaria um dia só. Ou me chamavam pra comer em suas casas, prometendo seguir as instruções que eu mandava e... TACAVAM CREME DE LEITE E BACON NA MINHA COMIDA.
Eu perdi a conta de quanto eu chorei em casa e na casa alheia. Eu não fazia mais refeições acompanhada. Nenhuma, em nenhuma hipótese. Eu vomitei a alma um dia que tive que comer na rua e colocaram maisena num creme de brócolis, sendo que eu perguntei os ingredientes todos antes de comprar o prato. Uma vez, uma pessoa do meu convívio me seguiu até o restaurante sem que eu tivesse convidado. Sentou na minha mesa. Enquanto eu comia, olhou pro meu prato e falou "deve ser horrível ter que se contentar com essa comida, né?".
Era sim, HORRÍVEL.
Nunca vou esquecer a primeira vez que eu pude comer batata novamente depois dessa desgraça. E diante daquele prato de batata cozida eu jurei por mim mesma, por deus, por meus pais: nunca mais faria dieta, a não ser em caso de vida ou morte. E talvez nem assim.
Deve ser essa a principal razão de eu ter ÓDIO de quem faz dieta restritiva. Vai restringir o olho do seu cu :)
Como eu falei lá em cima, pessoas monorrim também meique saem de fábrica com algumas restrições. Eu faço drama quando se trata de feijão, mas é ótimo que eu não goste de feijão, porque eu não poderia comer com muita frequência. E tem uma coisa, uma coisinha só, que eu não posso comer em nenhuma hipótese pois morte instantânea. Eu não vou dizer que coisa é essa, porque todo mundo que descobre vira imbecil e começa a me mandar fotos ou levar na minha presença ou tenta me fazer comer sem que eu perceba (!!!!), então eu não digo mais o que é. Mas eu AMAVA essa coisa. Amava tanto que, no dia que descobriram que eu tinha um rim à beira da morte, eu comi OITO dessa coisa. Diz a lenda que foi a minha sorte, porque foi só porque a coisa induziu um grande piripaque, que me levou ao hospital, que salvou minha vida. Então assim, quando uma das suas coisas favoritas é banida da sua vida para todo o sempre, você aprende que não vai tirar alimentos da sua dieta voluntariamente, porque você não é obrigada.
(Se alguém souber e colocar o nominho nos comentários, verá seu comentariozinho SUMIIIIR.)
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Tipo.
Se alguém me fala que tá comendo menos pra tentar emagrecer, que tá comendo menos pão, que tá se exercitando mais, que tá focando em batata doce e ovo cozido, cara, eu acho super válido. Se você for comer na minha casa eu vou fazer uma comidinha dentro das suas expectativas e não vou ficar chateada se você comer pouco, não vou tentar te convencer a comer porcaria, não vou te oferecer comida, especialmente aquela que você gosta, mas te faz mal. Mas se você vier me dizer que está substituindo uma refeição por shake de sódio, que só come carne e folha, que só come as frutas que já caíram da árvore, por vontade própria, meu amigo, PROBLEMA SEU.
Esse tipo de coisa me ofende pessoalmente, sabe? Eu sei que é problema mental, mas é meu e eu tô bem satisfeita com ele, então não tenho interesse em mudar.
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Cêis leram o clássico da literatura que atende por ~50 tons de cinza~? Christian Grey fica bastante revoltado quando a pessoa lá pula refeições ou deixa comida no prato e eu sou muito igual a ele nesse aspecto. Tô na paz do meu lar e alguém fala que não vai almoçar porque tá chiliquento ou porque comeu demais no café da manhã, ou que não vai jantar porque comeu demais no almoço, meu, é pra me ver tendo um piti de proporções homéricas. EU SOU A LOUCA DAS COMIDA, COMPREENDEU?
Se organizar direitinho, todo mundo come 6 refeições saudáveis diárias.
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Eu tinha vários links de profissionais da área da alimentação explicando a razão de dietas restritivas não funcionarem, mas cadê, né? Não sei. mas fica aqui um tantinho de dica neste post, pra quem precisa da coisa do desenhado. Num mundo que te diz "nossa, que bonita" quando você emagrece, mesmo que seja porque uma doença está te definhando, faz um favorzinho pra nós e guarda sua dietinha eas decisões sobre seu corpinho pra você, miga.
Brigada, de coração.
*EDIT (antes de responder comentários):
Primeiramente
Inclusive, quando eu vou a um médico que quer me emagrecer (todos eles, mesmo que eu vá no oculista) e ele tira da gaveta uma dieta impressa, eu sorrio, aceno e vou embora. Nada que seja generalizado vai me servir. Quando eu fiquei doente e não pude comer açúcar, ninguém se lembrou de perguntar se eu praticava exercícios. Porque gorda, né? Gorda é sedentária. Só que eu sempre fui da maromba e, naquele tempo, fazia pilates, musculação, ioga e dança. Claro que eu desmaiei na academia com uma certa frequência e a dieta teve que ser reajustada pra que eu não morresse. Então é isso que eu digo: VOCÊ É ÚNICO. O que funciona pra você não funciona necessariamente pro amiguinho. Faz a tua e deixa cada um fazer o seu.
E, finalmente, forma física NÃO É MÉRITO.
Bgos mil.