quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

2016

O ano em que eu disse oui


e minha vida deu um up hahahahah help


O ano nem terminou e temos visto memes de tudo quanto é tipo sobre o ano bosta que foi, né? Não é que eu discorde enquanto humanidade e até mesmo enquanto país. Tamo tudo na merda mesmo e esse ano deu aquela derrapada intensa ~no que tange à~ população em geral.

Mas pra mim, enquanto cerumano consistente de mim mesma, una e indivisível dentro do meu próprio habitáculo carnal, foi um ano DE BOAS.

QUÉ DIZÊ.

De booOoOOOoOoOOOOOooas é um pouco de exagero, né? Mas um de boas assim, no grande esquema das coisas.

Pode sê que ontem eu tava chorando no cantinho do box me achando um cocô bastante mole? Pode. (Lembrando sempre que eu passo DIAS escrevendo um post e não necessariamente nóis tá se referindo ao mesmo ontem na realidade, mas é um dia aí que ficou pra trás.) Pode ser que hoje eu tenha sido acordada por uma EXCELENTE notícia? Também pode. E isso é meique o resuminho deste ano: tava ruim, tava bom, mas agora parece que melhorou.

Tem muita coisa assim no plano dazidéia, mas o importante é ter fé.

Cê vê: enquanto BILHARES de pessoas me mandaram mensagens avisando sobre o novo tratamento pra alergia, meu ♥médico♥ não apenas já conhecia, como estava me tratando há anos. É um tratamento caro, demorado, desgraçado? É. Cê quer desistir e acha que vai morrer? Sim. Foram cinco anos tomando injeção praticamente toda semana, meu derriê tem atualmente um total de 3 bilhões de marcas de agulha que jamais sairão dali. MAS EU TÔ DESENTUPIDA :) Sabe quantos antialérgicos eu tomei este ano? QUATRO. Que é metade do que eu tomava todo.santo.dia. até um ano atrás. Eu tava fazendo uns cálculos matemáticos aqui e me dei conta que tomei um total de 0 injeções no ano de 2016, assim como não ingeri corticoides AND minha única entrada num hospital foi suspeita de dengue, ousseje, nada das peste pré-existentes. Meu plano de saúde deve estar FELICÍSSIMO com os 20 miu golpe que eu lhos entrouxei e não gastei.




Foi neste ano também que descobri a alegria das verdadeiras amizades. Esses dia aí eu inclusivemente ~recebi~ pessoas. Assim, hoje o Suplente 2 (tão ligada?) veio aqui em casa e parou na janela do meu quarto e proferiu os seguintes dizeres: é esse que é seu quarto? Acho que nunca entrei aí. Suplente 2 VIVE no meu lar e nem mesmo ele adentrou o ambiente venerável do meu quarto. Faz pouco tempo que eu me dei conta disso, que raramente pessoas vêm aqui e, quando vêm, ficam no pedaço ~impessoal~ da casa. Não chegamos ainda no ponto de reverter a situeixon com gente conhecendo meu quarto (mas, vaneça, nem os boy cê leva no quarto? LEVO NON, KIRIDOS, meu quarto é um lugar de paz, amor e alegria, vê se eu vou tacar boys aqui dentro. JAMAIS.), MASSSSS tivemos gente, em quantidade, vindo na minha casa, a MEU convite. 

Porque assim, a alegria dum introvertido de ir num lugar além dos limites do seu lar é saber que ele volta a hora que bem entender. Cabô capacidade de lhedar com humanos? Bora pra casa. Mas quando as pessoas estão no seu lar, num tem como tocar, né? Tem que aceitar a pessoa lá até ELA querer ir. E eu consegui YAAAY!

Isso tinha acontecido apenas uma única vez anteriormente, na passagem do último cometa ralen (no ano de 2010), quando esta casa nem minha era. Taquei umas 30 peçoa na surrasqueira e elas ficaram até o amanhecer e eu dormi na chom quando todo mundo foi pras suas respectivas casas depois das 8 da manhã. Nem lembrava mais.




Além disso, mal teve um dia em que eu tenha almoçado sozinha. Todo dia tinha alguém por perto do meu trabalho, com tempo livre, pelo campus... Sempre tinha alguém comigo. Eu tava ~paquerano~ um boy na praça de alimentação e era divertido ver a cara dele de interrogação com a quantidade de gente diferente com quem dividi a mesa. Tava me sentindo aqueles loser que fazem reunião em shopping pra vender perfume, sabe? Hahahahhaha. Muita gente, muito migo, pode vim que tem mais em 2017.

Tô cheia de gente querida, tô muito feliz com as pessoas que eu conheci neste ano, no ano passado ou no passado recente e que se tornaram parte da minha vida definitivamente.

Também foi o ano que eu voltei a ter crushes, porque eu me libertei do mimimi da solidão eterna que eu tinha imposto pra minha pessoa. Mais que isso, acho que foi a primeira vez na minha vida que eu falei sinceramente que estava ~apashonada~. Deu certo? MUITO PELO CONTRÁRIO, foi uma catástrofe. Mas foi simpática a ideia de que é possível e de que a gente sobrevive quando acaba. Vô te falar pra você que eu superei mais rápido do que imaginava, já tô aqui com um crush bem errado e agradecendo à alucinação coletiva de dezembro que faz com que as pessoas se amontoem em suas próprias famílias e fiquem fora do convívio social por algumas semanas, porque eu tava já perdendo a linha com o cerumaninho e a única coisa que vou dizer sobre esse HOMI (num era boy, era homi, ó que evolução? Olha que adulta?) é que num estava correto. MAaaaAaaAaaas, vai dizer que num é caso pra alegria quando a gente acorda e lembra que dias se passaram e aquele que não deve ser nomeado só voltou à nossa mente porque o nome dele acendeu na tela do celular quando ele mandou uma mensagem? Eu achei sucesso. Até mesmo porque 23 segundos depois o HOMI MAGIA (boy magia adulto?) mandou mensagi, apareceu na minha frente, MIM AFOFOU, deu 01 beijíneo na minha testa etc e e já esqueci tudo de novo até mesmo como é que andava pra frente, de modos que eu tive que ANOTAR pra colocar na retrospectiva. 

A coisa na vida real foi tão bizarra que eu achei que não teríamos posts de maridos pro ano que vem??????? Cêis acredita? Mas eu fiz um apanhadão bem sem vergonha e deve sair em fevereiro, pois DISSERTAÇÃO INFINITA QUE JÁ DEVERIA TER SIDO FINALIZADA PORÉM FUÉN.

Falando nisso, 2016 >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> abismo >>>>>>>>>>>>>>>>>2015 no que diz respeito ao mestrado, hein? SANGUE DE JESUS TEM PODER, porque nem parece o mesmo negócio. Eu tenho 437 pessoas dando palpite no meu trabalho? Tenho. Mas eu tenho também um ♥orientador♥ que eu vou te falar pra vocês que é assim que deveria ser sempre, para todos, amém. Num sei se vós vos lembrardes, até mesmo porque eu não sei se eu falei, mas eu tive um orientador marabidjoso na faculdade e na minha primeira especialização e ficava sempre bastante difícil pros professores que vieram depois, porque era tipo relacionamento que a gente fica comparando "meu ex fazia isso melhorrrrr". POIS FINALMENTE 01 PRÔFE QUE ATINGIU 10 NA ESCALA FFN de qualidade, eu nem acredito. Eu tô lascada? Tô. Minha dissertação tá atrasada? Tá. Todo dia eu tenho medo que nunca vá terminar esse mestrado? Tenho. Quando eu acho que entendi meu modelo matemático eu descubro que não entendi foi nada? Exato. Mas cada vez que eu tô dando um faniquito ou acho que tá tudo errado ou começo a chorar, ele vem e faz uma mágica e tudo dá certo. Eu comecei esse pesadelo desse mestrado sem amigos, sem fé e sofrida, jurando que JAMAIS colocaria uma página de agradecimento na minha dissertêixon. Pois hoje eu já tenho ele escrito na minha mente, já até ensaiei no espelho pra num chorar inteira, porque até mesmo um grupo de estudo do amor existe na minha vida, fazendo tudo parecer 120% menos pior. ALELUIA. 

(No caso, quem é a doida que já tá com um pé, duas mãos, metade da cabeça e etc no doutorado? ISSO MESMO. EITA NÓIS.)

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O triênio 2013-2015 foi ruim demais. Quem tava aqui ao vivo ou no blog vai lembrar da vaneça nuvem negra. A coisa tava tão feia que eu aceitei a terapia na minha vida e só abandonei quando ficou impossível conciliar com trabalho, estudo, academia, atividades domésticas - e com o meu bolso, né? Hihihi. Sanidade mental custa caro. Eu não consigo nem lembrar como era me sentir daquela maneira, uma certa mágoa o tempo todo, sem nem saber de quê. Peço perdão pelo vacilo e digo praqueles que ainda têm interesse em fazer parte da minha vida que de repente é só chegar. Num tenho mais tempo, mas tenho good vibes nas poucas horas que saio pra sintetizar vitamina D. Comparativamente, num tinha como piorar claro que tinha, mas é um alívio passar por um ano em que eu não pensei em tacar meu carro num poste comigo dentro nenhuma vez.

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Neste ano também eu atrasei todas as minhas séries pela primeira vez na vida. E isso é o que? UMA VITÓRIA. Porque o banco de séries me mostrou quantas horas eu já gastei com isso na vida, e aquele monte de tempo era reflexo de uma pessoa sem vida e sem ambições. Cê veja: eu AMO assistir seriado, inclusive continuo com essa atividade. Mas uma pessoa que acompanha COARENTA E COATRO séries concomitantes não tem exatamente outras perspectivas para o cérebro. Remanejei algumas, larguei outras, agradeci a finalização de mais algumas, fiz uma oração pra netflix e suas temporadas inteiras de 8 episódios e sigo uma vida 120% mais diversificada quanto a métodos de entretenimento. (E nas série é praticamente tudo sci-fi que sobrou ♥.)

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Se saúde, amizades e mente estão no lugar certo, o que falta? Auto aceitação? Amor próprio? 01 mozãum? Trabalhar com alguma coisa que ocupe minha mente?

Provavelmente tudo isso. Mentira, apenas amor próprio talvez ajudasse a deixar os dias um pouco menos pesados, porque a falta dele meique esculhamba todo o resto no fim do dia, quando eu fico sozinha com mim mesma aqui nos meus aposentos. Aí nóis chora no cantinho, achando que nunca é inteligente, engraçada, gente boa, bonita e interessante o suficiente pra nada, pra ninguém, nunca. Mas sempre tem gente sem noção por aí pra gostar de nóis, num tem? Talvez fosse o caso de estar parando. Mas isso é a tarefa mais difícil pra mim, desde que tomei consciência da individualidade da minha pessoa humana.

Num foi neste ano que eu fiquei bonita - e eu me recuso a acreditar que não será em ano nenhum e tal - mas tamos aí cuidando da saúde, mantendo a cútis com aparência jovem, reforçando os muque, lendo, escutando e assistindo, mantendo 01 conjunto da obra de interessância no geral, porque VAI QUE.

No campo projetos, eu tô tipo ex big brother ou atriz de segunda linha, porque eu tô com alguns convites aí, mas vamo vê o que vai dar, mantendo aquela discrição sobre os futuros rumos da minha vida. Até porque tem TANTA COISA acontecendo que nem eu mema sei na real o que será de mim em 2017. Provavelmente é a primeira vez em toda a minha vã existência que eu não tenho a vida milimetricamente planejada pro futuro próximo, mas sabe que eu tô até curtindo? 

Isso é reflexo de uma ZONA existencial que foi o segundo semestre de 2016. Se alguém me contasse tudo que aconteceria no espaço de 30 de setembro a 30 de novembro, eu perguntaria se a pessoa estava usando estupefacientes. Se ela tacasse aí os primeiros 15 dias de dezembro, eu bateria a mão na mesa e falaria "CARAIO, CALABOQUINHA", porque precisaria muita imaginação pra inventar o plot bizarro da minha existência. Mas é um bizarro bom? Sei lá. Só sei que eu tô aqui curtindo.

Pode ser que daqui 3 dias eu volte pra falar que dezembro ainda tinha 3 dias e eu deveria ter mantido minha boquinha fechada, que os ciclos só acabam quando terminam, que deu tudo errado no final, sei lá.

MASSSS, se tudo der certo, este é o último post do ano. De um ano que foi bem ok pra mim. E eu espero que quando você ler isso, consiga encontrar algumas razões pra que tenha sido legal pra você também em algum lugar do saldo.

Que em 2017 suas vida tudo seja tão legal quanto parece que a minha vai ser.

Obrigada por vocês terem ficado :)

Feliz ano novo pra todo mundo!

domingo, 4 de dezembro de 2016

maid of horror

PRÓLOGO


Cada casamento de que eu participo é mais um passo na direção do "comigo, mas nem morta".



amor meu çu

I


Vamos supor que, a vida sendo minha, no caso, a protagonista dela seja eu. Provavelmente eu não consigo nem isso enquanto cerumano e, se minha vida tivesse escolha, ctz que não me escolheria pra protagonista, mas vamos partir desse princípio. Se é uma história que alguém perderia tempo acompanhando, jamais saberemos, mas é assim que é. 

Então essa história é minha.

Mantenham isso em mente.


II


Quantos filmes de casamentos vocês já assistiram? Porque eles são todos iguais por uma razão: eles reproduzem fielmente a realidade. Essas merda é profética. Pelo menos, da minha perspectiva.

A história começa com a sua irmã mais nova e mais bonita mostrando 01 belíssimo anel na mão direita, uma gritaria, irmã mais velha e amigas mais próximas sendo convidadas pra madrinhas, preparativos, flor, etc. 

Aí começa o drama. As madrinhas todas são casadas, menos quem? A irmã mais velha. Quem vai entrar com essa encalhada na igreja? Em que mesa colocaremos essa infeliz para que não fique um número ímpar de pessoas? Quantas tias são necessárias pra desestabilizar as vibe da pessoa que ~investiu na carreira e não teve tempo pro amor~?

São questãs.

Fora que nos dias que antecedem a cerimônia, as coisas começam a dar tudo errado mesmo, é incrível!!11


III


A parte I do desespero pode ser lida no link. 

Bom, com 12 meses de antecedência, eu pensei o que? Primeiramente: dieta. Numa previsão otimista, um quilo a menos por mês significaria 12 a menos na data do casamento. Numa previsão realista, meio quilo por mês, seis a menos no dia da festa. Spoiler: não aconteceu. A pessoa esquece que está sob efeito retardado de anos de corticoides e que não há dieta de fome no mundo capaz de tirar todas as águas que a habitam. A pessoa também esquece que faz musculação estilo panicat e que isso também não chega a ser um grande redutor de medidas hihihi. Ousseje, a massa muscular pode estar muito linda, cheia das porcentagem, mas permanece envolvida por uma camada considerável de água. O que as pessoas enxergam? Gorda. Banha nóis realmente tem pouca, mas infelizmente não posso pregar na testa minha composição química.

E, bom, pra falta de beleza realmente não há remédio.


¯\_(ツ)_/¯


Depois de muito desespero no que se refere a encontrar um vestido que preste fora dos tamanhos 38 - 40 - 42, ficou decidido que ele seria feito sob medida, por um costureiro. Isso foi um GRANDE pesadelo, porque a experiência anterior não foi exatamente das melhores. E isso virou uma grande assombração na minha vida.

No dia anterior de ir no ateliê e tirar as medidas, eu não dormi.

Pedi pro moço não falar em voz alta os números obtidos pela fita métrica e só aceitei a sorte triste de ter que morar dentro de mim.

Foram DOZE provas. De forro ao vestido pronto, foram 12 sábados que eu tive que acordar de madrugada e colocar "prova de vestido" entre as quinhentas coisas que eu precisava fazer. Se você acha que isso fez com que desse tudo certo, spoiler: não deu.

Tinha também o drama do desacompanhamento. Sério, não tinha mais ninguém em número ímpar pra ~compor~ a mesa. Felizmente, meu irmão entraria comigo na igreja enquanto padrinhos. Mas pra completar a mesa de 8 lugares, pra eu não ser a única pessoa largada no salão, não tinha par. Aí tinha esse rapaz que surgiu na minha vida. Toda vez que eu falava do casamento, alguém perguntava "mas agora tá resolvido, né? Fulano vai com você". TODO MUNDO. Eu achei que tava subentendido também, tava esperando uma data oportuna pra oficializar o convite. Mas a gente falava tanto disso, que eu tava bem certa de que era isso aí, o parzinho que eu precisava. Spoiler: não foi.

IV


Então o casamento ia se aproximando e eu via o povo do planejamento (os noivos) tendo que arrumar isso, arrumar aquilo, rearranjar convidados, mesas, decoração. Cerimonial que dá merda, decorador que dá merda, flor que não seria da estação, igreja que não deixa botar isso, não deixa botar aquilo, curso de noivo, crisma (esta bocó que vos fala inclusive sendo MADRINHA DE CRISMA da própria irmã), contrata isso, paga aquilo, faz reunião, etc etc. Os meses passam, o dia se aproxima e chegamos aos últimos 10 dias antes de o casamento acontecer.

V


A previsão do tempo derrota nóis tudo. TODOS OS SÁBADOS do segundo semestre foram de temperatura baixa e pouco sol. Naquele dia, a previsão era de VINTE E FUCKING SEIS GRAUS. Se você mora fora de Curitiba e está pensando que isso é um dia fresco, eu te digo que isso é A PORTA DO INFERNO ABERTA. Hoje, por exemplo, enquanto estou neste parágrafo, fez a máxima de 20 graus. Não foi necessário vestir blusa. Não tava caloOOOoOoOOr, mas tava aquele dia que o curitibano ainda vai pro parque de bermuda e camiseta. Agora você reflita o horror que era pensar em usar roupa de palhaço festa numa temperatura próxima de 30 graus, com sol. Eu já comecei a chorar 10 dias antes.

SETE DIAS ANTES


Eu tinha mais ou menos um bilhão de dados pra refinar pra minha dissertação. Planejava fazer isso no sábado anterior ao casamento, pra que a semana ficasse razoavelmente tranquila. Só que minha irmã precisava fazer prova de maquiagem SETE DA MADRUGADA nesse específico sábado. Meu irmão trabalharia até 2 da madrugada na sexta, minha mãe tinha que dar aula no sábado de madrugada também e nóis pensou o que? "Papai te leva, boa sorte pra vocês". Acontece que papai teve que fazer um exame na grande capital de São Paulo, de modos que no cu de quem que foi? ISSO MESMO. Só que, pra estar disponível na manhã de sábado, a corna aqui estudou até duas da madrugada de sexta. Pra acordar às 6, porque era o mínimo possível pra estar apresentável na porta dos outros às 7. 

Não deu tempo de comer, pentear o cabelo e até mesmo de acordar. Dali, tinha que levar a nubente até o estilista, pra provar vestido com cabelo e maquiagem montados. OUSSEJE, de 7 até 10 da manhã vendo a pessoa se emperequetar, pra cruzar a cidade pra botar um vestido de 10kg, pra levar de volta pra casa e estudar o resto do dia. Spoiler: deu tudo errado. Eu sou hipersensível, como vocês já sabem. Mudou minha programação de sono e alimentação HAHAHAHAHAHAHAHHA eu desmancho. Nove da manhã minha cabeça doía tanto que eu tinha medo de vomitar igual à menina do exorcista. Só que eu tava tranquila, porque meu estômago tinha vários nada, então eu vomitaria ar. SÉRIO, não me privem de sono e comida. I drove miss Daisy por tudo onde ela precisava ir, chamei de linda, segurei na mão, coloquei gasolinas no meu automóvel, tudo com graça e elegância. Cheguei em casa, tomei 2 remédios pra enxaqueca e.............................. DORMI POR 5 HORAS. Acordei com a fome de 8 pessoas, fui cozinhar e tal. Cê estudou? Nem eu. Não vou nem contar de quantas formas ainda estou tomando no çu por causa disso.

CINCO DIAS ANTES


Começa a dar problema nos esquema dos parente vindo de longe. Todo tipo de problema. Inclusivemente nos serviços cosméticos agendados. Doze mulher sem agendamento pra cabelo e maquilage, por razões que vou evitar contar pois ÓDIO DENTRO DO MEU CORAÇÃO. Pra resolver isso, precisou de uma manobra tão radical que c e r t a s pessoa não sabe da missa a metade. Só sei que isso tirou definitivamente a paz do meu coração até DEZ MINUTOS ANTES de eu estar na porta da igreja. Vou inclusive me reservar o direito de não contar essa parte, só digo que o rebosteio foi difícil de consertar. Queria agora que todo mundo fizesse um momento de silêncio e emanasse good vibes pra minha amiga Karina, que teve 01 papel importantíssimo na resolução desse problema.

Ao mesmo tempo, tava eu lá vivendo a vida quase normalmente, quando fui falar com o boy magia sobre o casamento. Entre outras razões, por causa do acontecimento narrado a seguir (do qual eu já tinha ouvido falar, mas ainda tava em negação). Eu tava conversando com uma pessoa que conhece bem nós dois e nosso relacionamento e contei que tava precisando de um milagre masculino, e ele "mas ué, o Fulano não vai estar lá com você? Ele não pode fazer isso?". E foi aí que eu me dei conta que nunca tinha acertado oficialmente a presença dele na festa. Fui pegar o celular pra mandar um suave "vamo si vê?" e, antes que eu pudesse escrever, recebi uma mensagem contendo os dizeres "minha namorada" QUE NO CASO NÃO ERA EU. Um pouco (~pouco~) desnorteada com a existência de uma namorada da qual eu não sabia e que não vinha a ser eu, fiquei uns 3 dias catatônica, fazendo a retrospectiva adiantada de 2016 pra tentar compreender.



Aí tinha que contar pra noiva, né? Tipo, a pessoa indo lá na frente de centenas de pessoas declarar amor e a irmã feia velha pobre burra levando o que isso mesmo um fora. COMO não perder as próprias vibe? Como não kill as vibe do casamento como um todo? Dei a notícia por meio de um print de tela e acrescentei um "não precisamos falar sobre isso" e segui a vida. 

Ainda tentei a manobra radical de convidar um suplente pra fechar.a.porra.da.mesa, mas não obtive sucesso e foda-se, eu vou viver sozinha memo, o negócio é aceitar.

TRÊS DIAS ANTES


Eu já tinha ouvido boatos de que o vestibular seria alterado de domingo-segunda pra sábado-domingo. Mas sabe quando cê tá dentro do sistema e pensa que ninguém pode ser tão burro? MAS EU AINDA ME SURPREENDO. Pois o vestibular mudou pra sábado. O casamento era sábado. O padrinho que também atende por meu irmão, ia fazer o que? Isso mesmo, vestibular. Tão alcançando? Vestibular e casamento na mesma hora, QUEM É QUE TAVA SEM PARZINHO NOVAMENTE????????????????????????????

CARAIO.

Foi aí que todo mundo falou AH, MAS O FULANO NÃO VAI SE IMPORTAR DE ENTRAR COM VOCÊ NA IGREJA SE PRECISAR, NÉ???????

MEUS AMOR, fulano tem uma NamORAdA, entende? ESQUECE QUE ELE EXISTE. E lá vai a vaneça pedir socorro pros BFF tudo, pra ficar de prontidão pra entrar com ela. Porque quando eu fosse dar a notícia pra noiva, eu queria já ir com a solução. Spoiler: o padrinho fez vestibular AND entrou na igreja. Mas tinha DOIS suplentes pré-avisados e prontos pra assumir. Nenhum deles vinha a ser o boy que jamais será nomeado novamente neste blog.


padrinhos

suplente 1

suplente 2

DOIS DIAS ANTES


Eu tava na merda. Tudo que me assombrou por 360 dias estava se concretizando PIOR que meu pesadelo. Eu não conseguia compreender o que aconteceu no meu relacionamento imaginário. Eu tava afundando no mestrado. Meu trabalho estava uma bosta (não que não esteja mais, mas TÁ HORRÍVEL TRABALHAR ultimamente). Só que a vaneça 2016 tem amigos e aparentemente eu não almoço mais sozinha, porque todo dia aparece alguém pra almoçar comigo. Tava eu lá contemplando a minha bosta de vida diante de um prato de macarrão fervente quando - NÃO VOU EXPLICAR PORQUE NINGUÉM ENTENDE - eu queimei o céu da boca. Mas não foi um queimadinho assim "ui, que incômodo". Foi uma destruição. Meu rosto ficou vermelho, meus olhos lacrimejaram e eu não lembro de ter sentido outra dor tão horrível quanto essa E EU JÁ PERDI UM RIM. Eu chorava involuntariamente enquanto eu sentia UMA BOLHA que ocupava toda a extensão do céu da minha boca. Para meu desespero, a supracitada bolha ARREBENTOU menos de 5 minutos depois, o céu da boca descamou inteiro e eu passei os dois dias seguintes sem comer, porque até água doía se encostasse ali. Fiquei à base de remédio pra queimadura até antes de ontem (não foi bepantol e você não foi o primeiro lerdinho a fazer essa piada). Meu céu da boca tá liiiiiiiiiso, trocou as pele tudo. Novinho em folha.

No fim desse dia tinha o que? A prova final do vestido.

FOI TÃO GOSTOSO!111

Depois de 3 meses provando um vestido que parecia um milagre, resolveram colocar um forro de cetim. Primeiro que assim: VOCÊ NÃO ACRESCENTA VOLUMES POR DENTRO DE UMA COISA QUE JÁ TÁ CERTA NA MEDIDA, né? Achei que era uma regra conhecida. Depois que cê não coloca um tecido liso de forro numa roupa de verão, porque essa bosta GRUDA na pessoa no calor. E você não usa tecidos na roupa de um alérgico se o próprio alérgico não prover esse tecido, PORQUE VAI CAUSAR UMA PORRA DUMA ALERGIA NA CONDENADAAAAAAAAAAaaaaaa.

O que aconteceu?

O

VESTIDO

NÃO

ENTROU

:)

Na última prova. Dois dias antes do casamento.

Levei o vestido pra casa e taquei no banheiro da churrasqueira, pensando

FODACEEEEEE.

Desse momento em diante, fiz a única coisa que era possível: parei completamente de comer. 



UM DIA ANTES


Na madrugada seguinte eu tava o que? Isso mesmo na academia. Fiquei duas horas fazendo exercícios, porque é só o que a gorda tá condenada a fazer, né? Passar fome e se arrebentar em exercícios aeróbicos. Mas eu estava havia 12 horas sem comer, sem dormir, então foi super gratificante a experiência. Cheguei em casa com outra enxaqueca, mas precisa comer pra tomar o remédio e eu não posso comer, porque sou a maior baleia que já habitou o planeta, inclusive a Terra tem uma nova órbita porque eu desbalanceio o movimento com o meu peso. Tomei o remédio sem comer memo e fui estudar, atividade em que não obtive sucesso. Alguém fez almoço e eu apenas fingi que comi. Fui acertar detalhes de salão, enquanto a noiva casava no civil, a mãe da noiva resolvia uma crise existencial do padrinho/irmão e o pai da noiva eu nem sei o que tava fazendo, pra ser sincera.

Quando chegou a hora da manicure, eu já estava pensando em 97 formas de suicídio de tanta fome, então eu comecei a chorar sem motivo aparente. Como eu tenho hipoglicemia AND eu teria que dirigir meu próprio carro em breve, eu me perguntei se era melhor morrer de uma vez ou se estragaria demais o casamento. Decidi que era mais conveniente comer, mesmo que pouco e avisei meus pais que estava com fome. A resposta foi que eu já tinha comido demais no almoço (em que eu nem comi, tô apenas relembrando esse fato) e que podia parar o chilique por causa de comida.

HAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAAHAHAHHAHAHAHAHAHA

Foi bem bonito o piti que se seguiu. Fui autorizada a comer salada. NINGUÉM NOTOU QUE EU ESTAVA FAZIA 72 HORAS SEM COMER QUASE NADA :)

Cheguei em casa e fui fazer o que? Provar a bosta do vestido novamente. Só aí eu notei uma costura estranha. Arrebentei a desgraça da costura e o vestido voltou a servir normalmente. Fora do lugar, porque o cetim encolheu tudo que não devia, até a cintura do vestido subiu CINCO DEDOS. Minha pele ficava irritada só de provar, então eu já imaginava a alegria de passar o dia seguinte enfiada naquela pequena sauna do horror. Terminei o dia chorando bem suave, daquele choro que cê urra. Meu pai falou que não tinha estrutura pra esse drama, minha mãe gritou comigo, minha irmã falou que não podia acordar feia e foi dormir. Só no dia seguinte que eles descobriram que eu passei 36 horas sem comer AT ALL. Salada não é comida.


foto de gente morta

O FAMIGERADO DIA


Acordei cedo e comi tudo que me deu vontade de comer. Aí cê pensa que eu comi 4 tortas, uma garrafa de coca, dois bolo, 4 sonho, 37 pão de queijo. Mas eu comi mesmo foi uma fatia de pão de gergelim com queijo e um copo de suco de morango. NOSSA, VÉIO, CÊ COME, HEIN? POR ISSO QUE TÁ DESSE TAMANHO!!!111

Fui emburrada pro ~dia da noiva~, onde tinha um ofurô programado pra receber a gente e se tem uma coisa que eu odeio é ficar submersa em água quente. Mas fui, né? Quando cê é madrinha e irmã, tá fudida memo, aceita que dói menos. Mas aí eu lembrei que ficar submersa é um troço maravilhoso pra pessoas monorrim cheia de líquido interior, porque a água fica afofando a gente e a gente faz 47 litro de xixi e diminui um manequim inteiro. Fiquei. 

ONZE DA MANHÃ, quando já fazia 3 dias que a gente tava de molho, o almoço foi servido. Meu céu da boca tava ainda tava convalescendo, então eu COMI ATÉ MORRER umas 20 folhas de alface, uns 10 tomatinhos cereja e meia manga. Eu não tô zoando não, esse foi o meu almoço, porque eu só conseguia comer coisas frias. Então faz a conta aí comigo: comi folha e fruta on.ze.da.ma.nhã.

Aí começou a arrumação e se tem uma coisa feita pra acabar com a autoestima da pessoa é ela não ser a noiva. Cê fica rebaixada a um segundo plano que é muito mais baixo, sabe? Seu cabelo tá torto? Ninguém vai olhar pra você. Sua maquiagem tá derretendo porque tá um calor do Congo? Ninguém vai olhar pra você. Sua irmã é a terceira pessoa mais bonita do mundo? 

NINGUÉM

VAI

OLHAR

PRA 

VOCÊ

:)

Só sei que as coisas acabaram com um "deixa meu cabelo assim mesmo", eu fui pra casa ficar na frente de 4 ventiladores, até que fosse possível tentar entrar no vestido que não fechava.

Depois de 2 dias de greve de fome, 4 de dieta forçada por motivos de dor, de horas de ofurô e com a ajuda de aparelhos, o vestido entrou com folga. 

A maquiagem, contudo, derreteu. Visivelmente. O cabelo ficou uma bosta tão grande, que o jeito que ele tá agora que eu tomei chuva e já faz mais de 20 horas que eu lavei, tá melhor.

Mas ninguém ia olhar pra mim mesmo, tava susse.




O CASAMENTO


Que pesadelo que é evento formal com script, né? Chato demais, puta merda. Fica pra cá, fica pra lá, entra por aqui, olha pra lá, faz isso, não faz isso, FICA DE PÉ EM CIMA DESSE SALTO DE 20 CENTÍMETROS POR UMA HORA E MEIA, porque o padre é homem e não sabe o quanto essa merda dói e não deixa ninguém sentar pra ouvir a cerimônia na paz do senhor jesus, como deus quis.

Como prometido, saí da igreja descalça e já taquei um tênis no pé na entrada do salão. 

A festa foi ok, os parente tavam comportados (ctz que foram instruídos a não falar merda pra mim, porque nunca na história desse país eu fui tão bem tratada) e só uma pessoa me recriminou enquanto eu jantava UM FILÉ DE FRANGO com salada. Às 9 da noite, quando minha última refeição tinha sido DEZ HORAS ANTES, consistindo apenas de folhas e frutas.

Larguei a comida toda no prato porque puta que pariu, vai tomar no cu.

Tomei mais ou menos umas 12 garrafas de água (não é hipérbole, foi isso aí mesmo) pra me manter viva ao longo da noite, porque, ALÉM DE TUDO, a função de levar a noiva embora ainda era minha. Não sei se vocês sabe, mas a noiva é a última a ir embora.

O vestido era lindo? Era. Mas eu me senti horrível a festa inteira. Num tem quem diga, porque eu sou muito boa atriz. A cadeira do lado da minha na mesa permaneceu vazia até o fim e eu dancei sozinha na pista o tempo todo. Fugi das fotos o quanto pude, mas infelizmente ainda há registros da minha pessoa. 

Quatro horas da manhã, eu e a noiva, cada uma com um vestido mais volumoso que a outra, entramos num automóvel que eu só tinha dirigido duas vezes na minha vida. Sem açúcar no cérebro e com muito sono, dirigi a 40km/h da casa do chapéu até minha casa, levando quase uma hora no processo (cê calcula aí como era longe). 

Chegando em casa, eu pensei que ia vomitar, mas lembrei que meu estômago estava preenchido apenas de suco gástrico corroendo meu eu interior e FUI COMER. Obviamente fui recriminada ali pela terceira bolacha água e sal, mas estava com sono demais pra discutir. E pra comer.




O DIA SEGUINTE


Eu acordei parecendo vítima de um atropelamento, com dor de estômago, de cabeça e de excelente humor, com oitenta e sete parente dentro da minha casa, falando numa altura suave que parecia um ninho de gralha invadido. Enquanto eu precisava de 8 cirurgias plásticas e talvez nascer novamente pra poder ser vista em público, a noiva já estava parecendo modelo de capa de revista novamente, fazendo a alegria da galera na sala. Que combinava alegremente de ir a uma churrascaria. Como eu não faço questão nenhuma de frequentar esse tipo de ambiente e eu já tinha comido o suficiente por 3 gerações (ryzo), todo mundo foi e

ME

LARGOU

PRA 

TRÁS

:)

Talvez eu tenha chorado de urrar novamente? Pode ser. Não há registros que confirmem. 
Minha mãe parece que juntou ali os neurônio e percebeu que alguma coisa tava errada e voltou pra me buscar. Mas cê quer comer na presença de outras pessoas? Eu não quero. Mesmo quando ninguém fala nada, tá todo mundo olhando meu prato e calculando o que eu estou ingerindo. EU NÃO AGOENTO MAAAAAAAAAAAIS.

Mas eu sou muito trouxa e fui pra churrascaria. Onde eu enchi meu prato de broto de alfafa, tomate, berinjela, porque é isso que eu como normalmente, é isso que eu gosto de comer. Eu estava finalizando meu pratinho de salada 120% satisfeita, quando lembrei que as pessoas julgariam o fato de eu estar comendo, porque UMA PESSOA DESSE TAMANHO não precisa mais comer nunca mais. Lembrei de tudo que eu passei nesses últimos meses, levantei da mesa e 

COMI

UM 

PRATO

INTEIRO

DE 

BATATA

FRITA

:)

E fui pra casa estudar até meia noite, porque uma pessoa feia, gorda, pobre e sem homem não pode se dar ao luxo de tirar um domingo de folga.


loser

EPÍLOGO


Eu acho que nunca mais na minha vida eu vou a um casamento tradicional. Se fode aí você que quer armar esse circo todo, vou dizer que minha religião não permite, sei lá. Até agora eu tô com cicatriz do simples uso do vestido, minha pele não se recuperou da maquiagem e meu cabelo não se recuperou do laquê. Meu joelho e meu pé estão arrebentados por motivos de sapato de salto, que também nunca mais vou usar. Se você quiser casar na praia e eu puder usar chinelo, aí pode me convidar sim. 

Minha pouca autoestima ainda não foi recuperada, ainda não entendi nada do que acontece na minha vida amorosa, já levei mais um fora de uma pessoa que nem tava na história, já voltei a me alimentar semi-normalmente, a vida está lentamente entrando nos eixos.

Infelizmente, não aconteceu o fim esperado de filme de casamento. Nem o boy se deu conta de que eu sou o amor da vida dele, nem eu conheci ninguém especialmente bonito no casamento, nem no supermercado, nem esbarrei com ninguém na rua, dando a entender que a continuação do filme seria o meu próprio casamento.




Ou vai ver a minha vida é dirigida por uma roteirista feminista, querendo provar o ponto de que we're strong independent bitches who need no man, porque, se eu não entendi errado, parece que eu recebi um convite pra doutorado no Canadá 48 horas depois.

De repente a moral dessa história aqui é o que acontece na vida de uma mulher que não tem um homem pra servir de âncora.

Fiquem ligadinhos. Aparentemente não é filme, é série. E ainda não estamos na temporada final. Só estamos entrando em hiato com um baita cliffhanger.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

I tossed a coin

Whenever you're called on to make up your mind,
and you're hampered by not having any,

the best way to solve the dilemma, you'll find,
is simply by spinning a penny.

No - not so that chance shall decide the affair
while you're passively standing there moping;
but the moment the penny is up in the air,
you suddenly know what you're hoping. ”

― Piet Hein






Às vezes eu passo as páginas deste blog tentando me entender-me a mim mesma. É tão horrível quanto ler diário velho e, quanto mais recente a postagem, pior de ler. Pior que eu ainda me analiso, tipo "o que tá conte seno com essa fia, meldels?". Tipo agora, estamos monotemáticas, falando apenas de homem. Que.Inferno. De modos que me perguntei: WHY????? A resposta na verdade é duas:

- finalmente, minha mente chegou a uns 20 anos.

Eu tava pensando aqui na minha vida e não consigo lembrar de ter namorado sério. Pra ser bem sincera, é difícil lembrar de pessoas que eu tenha, de fato, namorado. De chamar por esse nome e apresentar assim pras pessoas, eu diria que foram duas vezes? Não duraram nada, porque eu tinha um total de 0% de sentimentos pelos rapazes em questã. Tive relacionamentos mais longos que esses, porém não tinham nome. E não tenho bem certeza se tinham sentimentos amorosos. 

E por que isso?

Nem ideia. 

Qué dizê, eu sempre tive a impressão de que eu não tenho coração. Eu até me interesso por pessoas, de vez em quando eu até querolhas MUITO, mas raramente dura e quase sempre eu penso "pra quê insistir nisso se mês que vem minha paciência já acabou?". Mas aí eu tava fazendo uma autoanálise e parece que não é bem assim. É que nos raríssimos eventos de eu gostar mesmo de alguém e querer muito uma aproximação romântica, eu fico meio empacada e faço tudo que está em meu poder pra AFASTAR o cerumano. Porque se eu estiver certa e esse negózdi amor não existir, eu vou me lascar tão intensamente que talvez seja melhor não.

Tenho impressão que finalmente cheguei à idade das leitoras da Capricho com meus boy problems. Foi mal e tal, mas é o que temos para o momento. 

O que DEVERÍAMOS ter é uma pessoa estudando pra terminar o mestrado, mas estamos aqui sentadas no cantinho do quarto tentando entender como é essa palhaçada de ter sentimentos, mesmo depois de ter declarado QUE ISSO NÃO IA MAIS ACONTECER DEPOIS DOS DESASTRES DE 2012/13.


- a vida está parecendo um roteiro ruim de comédia romântica.

MUITO RUIM.

Vejem se vocês assistiriam uma coisa descrita pela seguinte sinopse (calma que tô organizando as ideias aqui):

Vaneça deixou um amor de infância no passado (o Boy-do-passado), porém jamais esqueceu ou se distanciou completamente (biruta). Já adulta, os dois se reencontram e ela tem certeza que agora vai, mas não poderia estar mais enganada. Infelizmente, Vaneça tem dificuldades de superar (a essa altura, cê jura?) e resolve que vai ficar sozinha o resto da vida. Só que Vaneça é um cerumano muito evoluído (cof) e mantém a amizade com esse rapaz, embora ocasionalmente sua cabeça desgrace completamente. Dois anos depois, completamente desacreditada do amor, conhece um boy de quem decide desgostar à primeira vista (o Boy-magya). Mas como Vaneça é muito incompetente em tudo que resolve fazer nesta vida, o plano dá errado e ela se apaixona. 120% perplecta de descobrir que é possível a) gostar de outra pessoa nesta encarnação e b) se apaixonar mesmo de verdade igual as músicas descrevem, Vaneça praticamente esquece a existência do primeiro amor. Quando novamente ela está certa de que agora vai, se engana mais uma vez. Coincidentemente, cada vez que o Boy-magya dá pane, Boy-do-passado surge perfeito, numa dinâmica muito irritante para o telespectador. Num dia de absurdo amor próprio, tão raro, resolve que quer mais que os dois se explodam. Tá lá enfiando a cara no trabalho e nos estudos, porque solitária sim, pobre nunca mais, surge o boy da discórdia (o Boy-do-café), muito casualmente. Aquele boy que vai aparecendo desde o começo do filme sem ter nenhuma função muito aparente, aquele personagem que cê pensa "mas o que esse pedaço tem a ver com a história, caceta?", cuja personalidade é meio bosta, mas cê não tá prestando muita atenção porque parece que alguém editou errado essas cenas. Pois ele ressurge com a personalidade consideravelmente alterada, todo trabalhado no vamo tomá um café e nossa heroína pensa WHAT THE HELL, POR QUE NÃO? E tá bem óbvio porque não, mas ela vai assim mesmo pois OZADA. E agora? Será se desencalha? Vaneça precisa urgentemente decidir o que quer da vida, parar de palhaçada e ir tentar fazer acontecer. Deitada na grama (tentando suicídio) e olhando as nuvens que escondem a super lua, após uma semana em que avaliou bem o relacionamento bosta que mantém com os três, conseguirá nossa heroína (hahaha) parar de ser bocó e dar um rumo em sua vida? Conseguirá Vaneça experimentar o amor realizado? Ficará Vaneça forever vivendo de amores platônicos? Entrará um quarto boy nessa história nos 5 minutos antes dos créditos finais, deixando todo mundo enfurecido com o tempo perdido assistindo filme ruim?

TALVEZ ESSAS PERGUNTAS NUNCA TENHAM RESPOSTA.

Ainda bem que é só uma sinopse de filme ruim e não os acontecimentos da vida de ninguém, né?

COMO SE NÃO FOSSE SUFICIENTE, pode ou não haver um casamento no horizonte, do qual essa Vaneça fictícia aí será madrinha. Madrinha as in maid of honor. Pode ser que no seat chart da festa a mesa dessa infeliz esteja com um número ímpar de pessoas, porque é a única criatura do mundo sem parzinho. PODE SER QUE HAJA UM CONVITE SOBRANDO à espera de um milagre.

São suposiçãs.

Mas enriquecem a trama, não?

**********

Em assunto totalmente não relacionado (heh), a chegada do Boy-do-café foi um pouco reconfortante. As pessoas todas ficam dando conselhos não solicitados a respeito do Boy-magya - conselhos que ENTRAM POR UM OUVIDO E SAEM PELO OUTRO, se vocês querem mesmo saber - e fica todo mundo num disco furado que a pessoa (no caso, eu) tem que se declarar, tem que fazer alguma coisa, tem que ser atirada, tem que pular em cima, tem que aparecer na porta da casa da pessoa pelada, tem que... SAI DAQUI COM SUAS TIURÍA. E eu sempre penso "mas eu SEI o que tem que fazer, gente, só não tá acontecendo porque, quando é amor, é mei arriscado os risco, né? midexa aqui fazer cálculos probabilísticos antes de fazer merda, é pedir muito?". Mas foi o Boy-do-café aparecer e eu lembrar que num tenho critério nenhum memo. Eu vou limpar as conversas do uóts e fico com vergonha própria dos absurdos que eu falo, porque não tenho nenhum comprometimento emocional com os outcomes da interação. Eu penso nas conversas presenciais e minha mão é atraída para a minha cara em infinitos facepalms. Ele vai se atirar nos meus braços e dizer que me ama? Não ligo. Ele vai sair correndo pras colinas traumatizado? Não me importo. Ele vai continuar tomando cafés comigo até virarmos amigos e ninguém nunca mais saber se isso era namoro ou amizade? Whatever.

Então fica aqui a dica pras amiga que tá tudo certo comigo, precisa dar conselho não, não tem necessidade de se preocupar, etc.



**********

Eu tinha ME PROMETIDO que eu não veria filmes com o tema: casamento até 2017. Alguns estavam especialmente proibidos, tipo The Wedding Date, porque putaquepariu, era bem o que deveria acontecer na vida, é por isso que a gente vê esse tipo de filme. Mas como não vai, assistir só vai me estressar.

Mas eu baixei a guarda na frente do telecine e fui exposta a What's Your Number e fui fraca demais pra parar o sofrimento enquanto houvesse tempo.

Nesses filmes a mocines está sempre muito lascada de sua vida porque haverá um casamento em C E R T A S condições muito em breve e ela tá o que? 240% solteira, atrapalhando a distribuição de pessoas pelas mesas da festa, se sentindo um grande cocô mole e sem um date. De modos que elas tomam atitudes desesperadas. Porque casamentos são grandes lembradores de que se você não tem marido, você falhou miseravelmente enquanto pessoa.



O que acontece é que sempre alguém é escolhido para a missão:casamento pelos motivos errados. Não vou estar negando que existe um rapaz previamente avisado que será apresentado como namorado, caso alguém resolva perturbar minha paz no evento. Também ecsiste um post aí no passado em que eu rifava uma cadeirinha do meu lado, incluindo bons drink e bons jantar, caso alguém topasse representar esse papel.

Não confirmo nem nego que me dei conta que estava apaixonada pelo Boy-magia no exato momento em que eu pensei "encontrei". Encontrei a pessoa que eu queria levar comigo. Faz quase um ano que esse pensamento me ocorreu, mas cê convidou o boy pra ir? Nem eu. E agora não tenho mais coragem.

Não confirmo nem nego que num dia em que eu estava muito chateada com as condições atuais do meu não-relacionamento com o supracitado boy, eu fiz a birrenta e saí decidida a convidar o Boy-do-café pra esse fim. Fiz isso em tom de piada e ele mudou de assunto, me deixando bastante aliviada, pra ser sincera. Mas como esse assunto já voltou 87 vezes pra nossa conversa, não descarto a possibilidade de perguntar "cê tem um terno decente aí?" num vindouro sábado de manhã. 

Só que aí eu tava lá assistindo WYN e, quase no fim do filme, tem o discurso da madrinha.

When daisy and eddie first got together, I have to admit I was a little bit nervous. I could tell that it was serious, and I thought that the closer she got to him, the further away she'd get from me, but that didn't happy. Not only do I see more of Daisy, I see a happy, even better Daisy. It's like with Eddie she's completely herself. 

When you're a big sister, it's your job to teach your little sister everything. How to ride a bike, how to lie to your parents, how to kiss - not with tongue. Settle down, uncle Charlie. But I never thought about what my little sister could teach me until right now. So I wanna thank you, Daisy, thank you for teaching me that being in love means being yourself.



Essa última frase ficou martelando no meu cabeção, sabe?

Especialmente pelo quanto ela é ÓBVIA.

O Boy-do-passado, que devia ficar no passado enquanto boy, por mais que eu queira eternamente como amigo, é alguém com quem não apenas eu posso ser eu mesma. De vez em quando parece que a gente divide o cérebro. Ok, eu não tenho que fingir ser quem eu não sou em nenhum momento, mas a gente não tem nada a ver um com o outro em aspectos operacionais da vida. Então sei nem o que ele tá fazendo nesta história.

O Boy-do-café, por mais divertido que possa ser, tem aquele problema de parecer perfeito demais, sabe? Aquele cara com quem a mocinha não fica no final, mas todo mundo acha que ela deveria ficar sim, porque ele é perfeito, porque tá tudo certo demais, porque parece que ele saiu da descrição que se faz do homem perfeito, do homem perfeito PRA VOCÊ. Mas com quem não existe conexão NENHUMA. Com quem eu me vejo escrevendo corretamente português. E se tem uma coisa que me faz saber que tá TUDO ERRADO, é quando eu escrevo com todas as regras, pontos, vírgulas e zero memes, zero piadas internas. NÃO TEM CONDIÇÃO. Eu não tenho naturalidade nenhuma com nada. Eu penteio meu cabelo quando sei que vou encontrar com ele. Eu detesto pentear meu cabelo.


O Boy-Magya é a pessoa mais legal do mundo. Eu acho que raramente me dei tão bem com outro cerumano em toda minha existência. Eu não tenho NENHUMA trava quando estamos juntos. Eu lembro da primeira mensagem que eu mandei pra ele, escrita em full vaneçês. Ele obviamente achou estranho e eu expliquei que tenho dificuldade de escrever a sério quando tô falando bobagem. Menos de um mês depois, ele tava fluente na minha língua, escrita e falada. E digo mais: tava fluente até na língua não-falada, tem horas que eu acho que a gente conversa por pensamento. Eu nunca me senti tão confortável na presença de outra pessoa antes. E é isso que dá medo, né? Como é que você arrisca tudo quando o que tá em jogo é tão alto?




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Então, nesse momento que eu tô enlouquecendo, apressando coisas, tomando decisões for all the wrong reasons, eu tive que sentar comigo mesma e ter uma conversa bem honesta. O que é que eu quero? Que rumo eu devo tomar? O que vai me fazer feliz? 

E a veio da moedinha que eu joguei pra cima, em forma de quote de final de filme ruim.

I'm happiest when I'm being myself and I'm myself when I'm with you.



(me lasquei)