quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

a series of unfortunate events

Migas, xô avisar aqui: este post conterá spoilers de The Oranges, Muitos, todos. Pode conter spoilers de The Martian e Childhood's End. Eu posso até colocar aquele lindo e horripilante leia mais, mas ele não funciona pra quem lê por feeds, então já tô avisando já pras madame que corre de spoiler tanto quanto eu.


No episódio de hoje, eu vou estar falando de divagações existenciais decorrentes de entretenimento televisivo.

Cê vê: veio o recesso e, ao contrário do ano passado, que todo mundo vazou desta casa, deixando pra trás apenas limpeza, silêncio e paz (além do fato de que eu não tinha nada pra fazer além de comer e dormir), neste ano a casa encheu de gente desocupada e de férias, fazendo barulho, zona e sujeira (e eu tenho prazos de entrega de trabalho desde a primeira semana de janeiro).

PQP, que frase mais mal escrita e cheia de vírgula e que não vou arrumar.

Bom, aí eu fico vendo o povo de varde, cada um vendo um filme nas alturas, ou dormindo, ou tomando sorvete, ou indo passear, ou whatever e eu aqui mofando na frente do computador e ficando cada vez mais inchada a cada dia por causa dessa merda de calor e da falta de movimentação e minha força de vontade de estudar vai esvaindo até que é dia 30 de dezembro e meu relatório tá com exatamente duas linhas escritas.





tão pocas palavra mas tão linda as ibagem


Então o que eu fiz? Fui na locadora da internet e peguei um monte de filme que eu não vi em 2015. Se você me perguntar tudo que eu vi semana passada, vou responder: não lembro. Porque meu cérebro derreteu em algum lugar ali por outubro e tal. Sei que fui baixar filmes de alguns dos maridos de 2016 (pois é, nem eu acredito) e vi MUITA porcaria (mas vocês só saberão quais em janeiro, SE eu lembrar). E aí peguei coisas maravilhosas, como Matt Damon perdido em marte DE NOVO.

(Matt Damon JAMAIS entrará numa lista de maridos, o que é uma pena, pois não posso usar a inédita piada I'm fucking Matt Damon com alegria.)


O LEIA MAIS TÁ A PARTIR DAQUI, KIRIDAS.

Eu não sei porque assisto duas coisas: filmes com água e filmes com vácuo. Lembrei agora que assisti San Andreas também, exclusivamente por motivos de Ioan Gruffudd, e haja sofrimento com personagens com dificuldades de respiração. Eu começo a ter asma imaginária e passar muito mal, eu devo me odiar, sei lá. Mas era mais ou menos onzemeia da noite, tinha estudado, feito faxina, ido buscar roupa na costureira, o julgamento tava faiado. Queria ver Ant-Man, mas deu erro no arquivo, apertei play no marciano mesmo.

Cara.

Duazora e meia de sofrimento. A pessoa que não consegue se distanciar da ficção não devia consumir ficção, sabe? Eu fico me colocando no lugar da pessoa, pensando na fome, na falta de banho, na dificuldade de ir ao banheiro. Sério, eu tive que pausar o filme umas 45 vezes. Quando ele finalmente acabou, pra lá de 3 da madrugs, eu tava meio desnorteada. Primeira coisa que eu fiz foi tomar banho, claro, escovar os dentes 38 vezes, verificar a despensa, o oxigênio e tal. Fiquei meio catatônica. Aí me preparei pra dormir, liguei a tv pra conforto psicológico (eu sempre ligo a tv quando vou dormir e já coloco no timer pra desligar em 10 minutos, que é 20 vezes mais tempo do que eu preciso pra pegar no sono). Mas eu tava doida do oxigênio e no corujão tava passando The Oranges e eu acabei prestando atenção. Só que eu sou surda, era de madrugada, todo mundo tava dormindo e não dava pra aumentar o volume. Fiquei fazendo leitura labial até a tv desligar e deixei uma nota mental pra pegar o filme no dia seguinte na locadora da internet. HEH.

Aí tava a internet super rápida COF, de modos que eu fui vendo outra coisa até o filme baixar. E que coisa foi essa? Childhood's End. Olhaki, miga. Se você é facilmente impressionável, super religiosa, good vibes, essas coisas: não assista. PUTAQUEPARIU, eu quase tive um cataplof fulminante ao final do primeiro episódio e NEM POR DINHEIRO eu assistiria o episódio seguinte de noite, sabe? Eu sou a rainha do pesadelo, entrei em pânico com a possibilidade de aquele horror me assombrar a noite toda, fui tomar banho meio sem condição de raciocinar, aí lembrei que tinha o filminho comedinha com romance me esperando e pensei que ia dar pra limpar a mente sim.

SÓ QUE NÃO.

Cara, pra que caramelos a pessoa faz um filme e classifica esse filme em comédia e romance, sendo que não tem NADA DISSO? Fora que fazer romance pras pessoas não ficarem juntas no final, meu, assiste a vida, migo. 

Mas foi pior que as pessoas não ficarem juntas no final.

Se você já viu o filme, guentaí. Se você não viu, não vai ver e tem raiva de quem viu, é assim:

- tem a fia recalcada porque não nasceu linda, que narra a história com muito recalque. Filha do House com uma mulher que já vi em outros filmes, mas não sei quem é e irmã do Seth Cohen, ela só reclama. Nunca saiu de casa, nunca foi nem na esquina e é ressentida da ex-miga que viajou o mundo. 

- tem a Blair Waldorf maconheira/cozinheira/chocadora da sociedade que toma um par de chifre e resolve voltar pro subúrbio pra ver os pais depois de 5 anos.

- tem o Seth Cohen bocó, como sempre, que também só baixou em casa pro thanksgivin.

- tem o House morando na man cave porque não se dá mais bem com a mulher.

- tem a mulher do House que é irrelevante e ninguém se importa.

- tem a mãe de Mom, que é a mãe da Blair e é tão boa mãe quanto em Mom.

- tem o pai da Blair, que tá em 20 dos 18 filmes que vi essa semana e nem sei o nome do ator e é viciado em tecnologia, porém bastante irrelevante também.

- tem a coadjuvantíssima Gretchen de You're The Worst que eu só quis mostrar que sou underground e vejo seriados que ninguém conhece.

Bom, aí é o thanksgivin e essas duas famílias são vizinhas, se amam, Blair está vivendo há anos e ninguém nunca mais viu. Blair toma pé na bunda e volta. Todo mundo é extremamente babaca com ela, especialmente sua mãe. Mamai empurra ela pra seu próprio marido Seth Cohen, porém ele é um trouxão que não guenta um copo de birita e desmaia. Ela vai ser engraçada com House e os dois se beijam. Aí não pode, porque ele é o melhor amigo do pai dela, mas aí eles querem, mas aí todo mundo descobre, aí dá merda em cima de merda, nada acontece feijoada, dá tudo errado e o filme acaba. 

Faltou uma coisa, né? Faltou a parte que dá certo antes de acabar. FICA A DICA.

Eu odeio cena de sex, especialmente se ela é irrelevante, mas cê consegue conceber um filme em que acontece traição feat. véio com novinha e não.tem.nem.roupas.voando? O tempo todo parecia que House estava com nojinho da Blair, aí fui ler a crítica no omelete e: "Mas a química entre Laurie e Meester é inexistente - os dois aparentam estar constrangidos o tempo todo". 

SIM.

Será se é porque o marido dela estava lá o tempo todo? Não sei. Omelete também diz que foi um "um climão de 90 minutos" e eu sou obrigada a concordar.

Mas assim.

No fim o que acontece?

Mom e ator coadjuvante profissional (pais da Blair) redescobrem o ~prazer~ de ficarem juntos. Os dois protagonizam mais cenas de sex que o casal que faz a história andar. 

A mulher irrelevante traída encontra alegria em ajudar criancinhas na África, inclusive com insinuação que encontrou o amor num tio que também era das caridade.

Seth Cohen irrelevante tava já feliz no seu trabalho e seguiu a carreira em irrelevância.

A narradora recalcada conseguiu sair de casa, encontrar o trabalho dos sonhos, ter o amor do papai que ela tanto queria e etc.

Blair vai embora e vai ser cozinheira em Paris, que vinha a ser o sonho dela.

Muito que bem, todo mundo feliz, todo mundo moving on...

E o House?

O House se lascou bem bonito, ficando na merda and sozinho.

Tipo, os dois se amavam, mas todo mundo achava um horror, então todo mundo seguiu com as suas vidas e ele ficou lá, na mesma casa, sem a mulher (a que ele nem queria mesmo, e a que ele queria sim), sem os filhos, sem a Blair, sem nada de novo ou interessante. Tipo, a galera contente que não tinha mais que se incomodar com o climão e se fode aí se nada de bom acontece na sua vida, migo, bgs ktks bai.

As letrinhas começaram a subir, confirmando que o filme acabou, e eu fiquei qqqqqqqq

Chorei umas boas duas meia hora, me identificando. Super minha cara ser a trouxa que desiste de viver pra não incomodar os outros. 

POR QUE VOCÊ NÃO FOI ATRÁS DELA NA FRANÇA, HOUSE? POR QUE VOCÊ NÃO FOI CONHECER OUTRAS PESSOAS? POR QUE VOCÊ NÃO FOI FAZER UMA VIAGEM? POR QUE VOCÊ NÃO VENDEU A CASA E ABRIU UM NEGÓCIO PRÓPRIO?

Não compreendo, não aceito e acho que foi um entretenimento de terror pior que os outros.

Fico aqui querendo meu dinheiro de volta quando esse tipo de coisa acontece.

Hoje já botei um filme besta do Hugh Grant na lista do netflix e espero que sirva pra acalmar minha mente, porque não sou obrigada a acabar o ano usando horas que deveria estar estudando pra sofrer porque ROLIÚDE NÃO SABE MAIS FAZER ROM-COM QUE PRESTE.

De novo, três hora da manhã e eu encarando o teto, me perguntando o que tá conte seno. Perdendo horas preciosas de sono que não terei em 2016.

Sério, gente. 

Que vibe.