domingo, 14 de junho de 2015

santantonho's day

Antes de irmos para os BIZNES, quantos de vocês notaram que caguei o layout minimalista na tentativa de colocar um sistema de comentários que suporte respostas (e não consegui)?

Uma palma de parabéns pra mim, por favor.

Brigada.

O que sumiu, provavelmente sumiu pra sempre, uma vez que troquei os negócio que não devia no blogger e não sei colocar mais o ask ali do lado. Não que alguém ainda usasse, mas né?

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disclaimer: 
imagem meramente ilustrativa
St. Ant., não tô insinuando nada!
nenhum santo ou bebê foi afogado no processo

Pois bem. Estamos oficialmente em junho, o mês que desespera muita gente (o pior já passou, respira). Eu só me dou conta que foi o dia dos namorados quando chega o dia 13 e o ódio toma conta do meu coração, por morar no sul. Ok, o frio é importante pra manutenção da minha vida, mas que tipo de lugar horrível não tem um trilhão de festas juninas e quermesses? Pelamordedels, como foi que eu aceitei falhar tanto assim na vida? Ontem uma miga mandou o ~roteiro de festas juninas em Curitiba~ e eu dei uma risada muito grande porque quase tudo envolve um milhão de coisas e nenhuma delas é festa junina. É uma com dupla sertaneja, outra com food truck de batata frita, outra com food truck de comida húngara (meu, é sério). É capaz de rolar um pierogi junino nesse lugar, mas achar pipoca, bolo de fubá, quentão (E NÃO É VINHO QUENTE, SEUS HEREGE), isso a gente não acha. Quadrilha, forró, sanfona, triângulo são sons dos quais você só vai sentir saudade. Sério, que decepção.

Todo ano eu penso "é agora que eu vou pra Caruaru, Campina Grande, Recife, QUALQUER lugar no nordeste em junho". Todo ano eu levo uma porrada da vida e fico presa neste lugar que não tem uma bandeirinha voando pelo céu. 

Mas não é pra isso que estamos aqui hoje.

É pra lembrar da maravilha que é ter Santantonho como santo casamenteiro e as maravilhas que acontecem neste lado do país em que a gente não pode dançar o pau de fitas (heh).

Pois eu me mudei pra região mais blé do país em 1998, ano que entrei na faculdade. Se isso acontece em outro lugar do planeta, eu já aviso que em São Paulo nunca vi. Mas aqui em curitola tem toda uma tradição do bolo de Santo Antonio. Que eu não sei como é hoje, mas vinha a ser aquele pesadelo do bolo gigante na igreja em que eventualmente todo mundo era convidado a atacar e tal. Em alguns pedaços do bolo vinha um mini santo de metal, que quebrava o dente da pessoa descuidada, que resolvesse realmente comer o bolo em vez de fazer a única coisa realmente sã: amassar tudo em busca do santo e melecar a mão com o glacê pavoroso.

A igreja onde essa maravilha acontecia vinha a ser onde? Isso mesmo, na minha faculdade. Quando eu digo na minha faculdade, eu quero dizer: os franciscanos eram donos de um quarteirão bem no meio da cidade, onde enfiaram uma faculdade, uma escola de primeiro e segundo graus, uma pizzaria, 8 quadras de esportes, um berçário, etc etc etc e uma igreja na esquininha. Ninguém é só capitalismo, né, mores? O que acontecia era o seguinte:* as meninas - predominantemente - se aglomeravam no portão da igreja e eu acho que as alunas da faculdade tinham algum tipo de preferência de entrada ali. Mas o mais emocionante era que meninas não levavam falta no dia 13 de junho!!11111111 Não era assim tão simples, claro. Você tinha que IR pra faculdade e estar na sala quando a aula começasse. Aí era só dar seu nominho pro professor e ir linda pra igreja esperar seu bolo. Não precisava voltar nunca mais, mas as que conseguiam o santo sempre voltavam pra contar da glória alcançada. Sim, só as meninas eram liberadas. Sim, nesse dia ficava eu e um monte de meninos dentro da sala, porque olha bem pra minha cara de quem vai se estapear por um pedaço de bolo (odeio bolo) em que ainda podia se encontrar um pedaço de metal cuja procedência não sei, não sei nem se alguém esterilizou antes de tacar na comida. OLHA BEM.

De modos que nunca comi esse bendito bolo.

Eu sei que o bolo existe até hoje, mas aparentemente você precisa comprar e pode ser tanto no dia 12 como no dia 13 e não vejo que graça tem em civilizar o ritual. Só me pergunto se as meninas da faculdade franciscana ainda estão autorizadas a sair da aula pra arrumar marido, já que essa é a única razão pela qual mulheres fazem curso superior.

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Aí uma miga postou no feici que ia pegar esse bolo, mas tava desanimada por causa da fila e eu pensei numa solução bem simples:

- olha se tem homem na fila;
- se tiver, fica esperando ele pegar o bolo;
- quando ele morder o bolo e quebrar o dente no santo, se ofereça pra levar ao dentista;
- BOOOOM, amor.

Mas veio alguém e disse que hoje o santo é de plástico e concluo que não tá fácil pra ninguém.

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Dia 12 acordei com essa canção na cabeça e lembrei da incrível história do santo de cabeça pra baixo.

Meu vô, pai do meu pai, veio da Bahia e tinha uns costumes que nunca entendi muito bem de onde vieram. Um deles era manter um São José numa prateleira de canto numa varandinha que tinha atrás da cozinha. Era fazer café, uma xicrinha ia pro santo. Era um neto estar sem fazer nada, que o vô berrava "vanesssskaaaa, vai trocar o café do santo". 

Meu pai pegou a mesma mania e na minha casa tinha um São José na mureta que separava a cozinha da área de serviço, que me intrigava muito, porque ficava do lado de um pote de sal em que o sal crescia e eu achava que tava ligadíssimo ao sistema alimentar do santo. 

Bom, um dia esse São José da minha casa capotou-se e perdeu a cabeça. Minha mãe colou, mas numa das 435 mudanças ele não tinha mais lugar na casa, foi ficando esquecido e sumiu. Cê vê: ele caiu ali por 1992 e a história se passa em 1999. Nessa época, eu e meus irmãos dividíamos um ~beliche de 3 andares~. Cheguei em casa da faculdade e quase tive um treco ao ver o santo decapitado pendurado no pé da cama de cima por um cinto de algodão, rodando. Dei um grito de horror, porque vai que a pessoa tava possuída!11 Mas não, era só minha irmã fazendo simpatia pra ter sorte no amor, já que ela confundiu só um pouquinho os santos e ju-ra-va que tava maltratando um santantonho. 

Aí cê pensa - poxa, que pena. E eu te digo: deu certo. 

Sei lá, vai ver São José tava com um tempo livre, sei lá.

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O dia dos namorados em si é um grande "é memo, é?" na minha vida. Sei lá, sempre tive outros problemas nessa semana do ano, quando eu vejo já foi e eu já tô esbravejando porque não tem festa junina. Aí cê fala "será se não é porque cê é eternamente encalhada?" e eu te digo: pior que não? Eu já passei essa data estúpida de tudo quanto é jeito. Já passei pashonada e não correspondida, já passei namorando gente que não amava, já passei desligada, já passei namorando, já passei na pegação e já passei inclusive neste ano na frente de uma loja, pensando "pelamor, que preguiça esses coraçãozinho tudo na vitrine, dia dos namorados já foi faz..." aí parei pra fazer as contas e descobri que era dia 8 de junho de 2015 e só dels sabe onde tava minha mente. Fazendo cálculos estatísticos, provavelmente.

Mas é sempre incrível, porque eu vivo ganhando coisas nessa data e o total de presentes que já comprei pro dia dos namorados soma o número ZERO. Foi muito emocionante mesmo um dia dos namorados ali por 2000, que o pessôo chegou na minha casa com 8 pacotes diferentes e foi recebido por um "ué, mas isso que a gente tem é namoro, é?". 

¯\_(ツ)_/¯ 

Ninguém mandou.

Chego a preferir épocas como agora, que tô assim completamente abandonada no universo (ô, dó), porque não causa esse tipo de constrangimento.

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Mas não importa o quanto eu me constranja, não importa o quanto meus amigos se constranjam, não importa se você não tá namorando e nem queria, se você tá casado e tá feliz ou se você tá em qualquer lugar no meio do espectro, você nunca será mais imbecil que quem usou as rede social pra postar...


"seu namoro é tão legal que até eu participei".


A não ser que você seja uma dessas pessoas, aí é hora de fazer um examezinho na cabeça pra recontar os neurônio, porque se você acha isso bonito, miga, tá puxado ser você.

E por miga eu quero dizer todo mundo, independentemente de gênero ou binariedade

Se o dia 12 de junho te desequilibra tanto, pense no que a Britney de 2007 superou. E segue em frente, tem outros dia.







*nunca houve tanto uso de : neste blog