sábado, 2 de maio de 2015

something to believe in

(isso é uma musga tão brega de glam rock que dá até vergonha os título)





Esse é um daqueles posts que eu vou começar com uma ideia e terminar sem falar dela. Falando nada com coisa nenhuma, inclusive. Porque eu.não.consigo.falar.o.que.eu.quero. E porque eu quero evitar a fadiga da exposição e das perguntas idiotas.

Vamos por partes, pra ver se faz sentido (eu tô mais é tentando organizar meu cérebro que qualquer outra coisa).

Primeiro eu me pergunto: no que você acredita? As in sentido da vida e tal? Cê veja, eu não acredito em destino, eu tenho um pé atrás com a história de missão, eu tenho lá minhas idas e vindas com relação a um ser supremo (mais acredito do que não acredito, mas de vez em quando dá uns pavor aqui tanto pra um lado quanto pro outro), não acredito em horóscopo, eu não sei. Se a gente considerar a minha criação religiosa, eu devo considerar que nada acontece por acaso, ainda que eu tenha total liberdade pra trilhar meu caminho. Quer dizer, um monte de coisa acontece e pronto, mas elas são meique o caminho pras coisas realmente importantes acontecerem. 

Seguir pelo pensamento filosófico-religioso é sempre uma dificuldade, mas acompanhem. Quer dizer, se quiserem, né? Se não quiserem segue em frente que tem outros blog na internet.

Uma vez eu li um livro escrito pela mesma ~base religiosa~ em que eu fui criada. E o livro dizia que a gente nasce com uma missão principal e pequenas missões pelo caminho. E que a gente se dá diversas oportunidades de resolver essas missões pelo caminho, a missão "grande", principalmente. E se a gente se propõe àquilo, não interessa o tempo que leve, vai cumprir, nem que seja a última coisa que a gente faça. Nesse livro, especificamente, a pessoa foge loucamente da desgraça a que se impôs (para fins de evolução), mal sabe ela que se deu meia dúzia de oportunidades pra resolver essa missão e, em último caso, sofreria desgraçadamente. Foi o que se deu.

Desde que eu li esse livro, uns 18 anos atrás, eu sempre me pergunto o que fazer quando estou diante de uma situação horrorosa: encaro essa merda de uma vez? Ou empurro com a barriga e espero pra sofrer no futuro? É uma maravilha de pensamento, porque você nunca sabe como escolher suas desgraças. VAI QUE eu gastei horas de vida com uma coisa que era só uma missão pequena e opcional? Não sei.

Sem contar que ainda existe a possibilidade de não existir nada além desta vida, de ela ser um grande e estúpido acaso (e eu odeio que essa possibilidade exista e eu não tenha nascido Gisele ou Kim ou Paris e tenha que ter essa vidinha sem vergonha que eu tenho na minha única oportunidade) ou de os evangélicos estarem certos e eu ir sem escala pro sétimo círculo do inferno. Já pensou? Num seria maneiro?

Não.

Mas o que me incomoda mesmo são as pessoas.

Aquela sensação de sentar no meio da praça de alimentação ou de um show do John Mayer e pensar "mas olha ques tanto de coadjuvante desnecessário?". Eu sempre penso isso. A pessoa passa por mim numa calçada em uma cidade do hemisfério norte em que nunca pisei na vida antes ou até mesmo num bairro onde eu nunca vou e eu lembro que ela tem uma vida complexa, cheia de pessoas, acontecimentos, trabalho e tudo mais e pra mim ela é um coadjuvante 100% inútil.

Também tem as vibe de conhecer pessoas mais profundamente e ter aquela conversa de "a gente frequentou o mesmo lugar na mesma época" e pensar quantas mil vezes você passou por aquela pessoa, que num momento foi coadjuvante inútil, e se dar conta de que JÁ PENSOU QUE MERDA SE ELA NÃO TIVESSE CRUZADO SEU CAMINHO DIREITO??// (Ou que sorte, nunca se sabe.)

E aí tem eu, olhando agendas e diários antigos, empacando em algumas histórias, porque absolutamente não tenho nenhuma memória daquelas pessoas ou acontecimentos. Vinte e cinco dias seguidos em que eu e uma pessoa qualquer saímos pra andar de bicicleta, fomos no clube, numa festa, na casa de alguém, assistimos fita (hahahaha jovem) na minha casa, fizemos aulas de teatro e... puf. Nenhuma memória. Eu lembro do dia que meu irmão imaginário (pessoa real, porém sem parentesco verdadeiro) foi me buscar no teatro, porque eu tava no meio do maior castigo da vida e eu pedi pra que ele acobertasse, porque o menino que eu gostava passaria naquela rua dali 15 minutos e eu não queria ir embora ainda. Ainda no teatro, eu lembro do dia que a gente teve aula de beijo na boca, que eu tive que fazer com um menino chamado Ricardo, que eu tinha 89% de certeza de que era gay e não sei qual dos dois estava mais apavorado e cuja memória eu reprimi, PORQUE NÉ?, eu lembro inclusive da aula que ensinava a gente a se comportar como deus. Mas da pessoa que fez essas aulas todas comigo e que tem o nome escrito em tudo quanto é página do meu diário: não lembro.

Agora cê reflita comigo se não é estranho que uma pessoa que foi tão importante um dia simplesmente desaparece. E hoje em dia nem coadjuvante é, não sei nem se vive, não sei nada. Não lembro nem o nome, depois que joguei essas agendas comprometedoras fora. Será se essa pessoa se lembra de mim? At all? Do meu nome? Muito me pergunto.

Inclusive eu tinha (hahaha a quem estou querendo enganar usando esse verbo no passado?) uma obsessão muito incrível com os nomes das pessoas, de modos que eu escrevia a lista da chamada da escola todo santo ano. Essa idiotice continuou na faculdade e, grazadeus, tô semi livre dela no mestrado, já que a turma é o samba do criolo doido e dificulta acompanhar. Mas aí tá lá a listinha dos pequenos infantes que dividiram a sala comigo durante um (ou dois, nunca mais que isso, já que eu não parava em escola nenhuma) anos letivos e eu lembro de 3 ou 4 pessoas em cada bolo. Tem aquela meia dúzia de dez pessoas com quem eu convivo até hoje, mas tem uns pessoal que não bate um mísero neurônio na cabeça. Tem anos COM FOTO das pessoas e nem assim. Minha questã vem a ser: qual foi o sentido? A pessoa passa na vida dozotro por que razão? Eu queria saber, cara. Eu queria saber qual é o fenômeno que decide as pessoas juntas num mesmo avião por 11 horas. Se esse barato cai, por que ESSAS pessoas estavam lá? Fico doida.

Outro dia eu tava falando com um boy que conheço faz umas três vidas, praticamente. Aí a gente tava falando do nosso incrível romance infantil que nunca se concretizou e os dois confessando que tavam sim querendo muito sibejar e ninguém fez nada, por que ninguém fez nada? Eu não fiz porque sou uma pateta ansiosa sem auto estima e não tenho estrutura emocional pra levar fora. Ele disse que tava tímido, ou alguma coisa assim e ainda protestou que pensou alguma coisa do tipo "tenho que tomar iniciativa só porque sou homem?". Tem não, more, mas além de eu ser uma pamonha, tinha um agravante: ele convidou um amiguinho pra passar o dia com a gente. O amiguinho se chamava Rodrigo e, enquanto eu estava no primeiro ano do segund... COOOOF, do ensino médio, o boy tava na oitava série (temos a mesma idade, porém os pais dele tiveram paciência e os meus não) e o Rodrigo estava na sétima. Eu tenho provas da existência do Rodriguinho porque estávamos em plena competição escolar e tanto o boy como o Rodrigo me deram suas camisetinhas nesse dia. As duas devidamente estropiadas e em pleno uso até os dias de hoje, pra ficar em casa e fazer faxina, cada uma com o nome do respectivo ex-dono. Aí falei isso pro boy, né? Que fica difícil a pessoa tomar a iniciativa amorosa quando o rapaz leva um amigo junto e o amigo JAMAIS sai de perto. Qual foi a resposta: Rodrigo??? Má che Rodrigo, minha filha?

O boy nem lembra da pessoa.

E eram bff, os dois. Ou sei lá de quem raios o Rodrigo era bff, porque essa pessoa vivia pendurada na gente e ninguém nem sabe como foi que surgiu. O boy passou meia hora chutando Rodrigos diversos - todos errados - e ninguém lembra o sobrenome daquela criatura que assombrou nosso último date em 1995 fingindo aqui que o boy não usou essa mesmíssima técnica quase 20 anos depois, de carregar um amigo que não pega a dica e dificulta todo o meio de campo. Ou vai ver era essa a intenção mesmo, dessa vez.

Esse boy, por exemplo. É engraçado como nossa vida teve uma coisa engraçada desde o dia em que a gente se conheceu até hoje. Eu acho, né? Tem 135 mil posts sobre este boy escondidos neste blog, acho que nem eu aguentaria mais ouvir falar dele se eu fosse minha amiga. De tempos em tempos me pergunto as razões de essa pessoa permanecer na minha vida. Claro que eu fiz muito esforço pra isso, porque eu tenho uma leve ideia fixa por esse indivíduo (do tipos que é a pessoa mais legal que já pisou neste planeta e etc), mas tanta gente que eu queria ter mantido na minha vida e não deu, sempre há de se perguntar a razão daquelas que ficam. Tem gente que fica porque vai ficando e você nem se importa de verdade, só aceita. Tem gente que te faz agradecer pela internet e pelas redes sociais, porque não sabe o que seria se não fossem elas. Sei lá. Eu me pergunto.

Aí tem essa pessoa em quem eu tô pensando agora, que é o problema em questão.

Sabe quando você conhece uma pessoa antes mesmo de conhecer, porque as pessoas insistem que vocês seriam melhores amigos?

PAUSE pra uma história besta +qd+

Muitos mil anos atrás, eu tinha 17 anos, era a copa de 98 e eu passei ela toda viajando pelo país (hahaha). Eu morava numa cidade, meu pai em outra, minha mãe em outra, minha vó em outra... Cada jogo eu tava num lugar. Uns dias antes da final, incrusível, eu tava na cidade do boy ali da ideia fixa, procurando ele pelas ruas da cidade acesa, encontrando apenas o irmão um pouco menos interessante. Mas isso não é importante. O importante é que perto de um dos últimos jogos eu estava em São Paulo, no lugar onde eu cresci, e uma das minhas amigas mais antigas, que me conhece desde quando a gente tinha 4 anos, veio com essa conversinha de CONHECI SUA ALMA GÊMEA. A gente numa festa junina imensa, nunca que ela achava o menino. Depois de muitas meia hora de encontros e desencontros, eu conheci um menino que, meu deus, que lindo. Uma coisa assim sem precedentes na minha vida. Não lembro como a gente se conheceu, mas não faltou assunto por mais de uma hora depois do "oi". Em algum momento minha amiga viu a gente conversando e falou "MENTIIIIIIIRA QUE VOCÊS SE ENCONTRARAM SOZINHOS111", porque era ele mesmo que ela queria me apresentar. A gente realmente se deu muito bem e eu tava indo muito alegremente sibeijá-lo, quando ele falou "melhor presente de aniversário". Antes de concluir a missão, perguntei "aniversário de quantos anos?"

CA-TOR-ZE.

(Um ano depois ninguém tava nem aí pra idade nenhuma e tava tudo ~fluindo~ muito bem, já que minha idade mental era compatível. Hoje temo os dois mais que 30 e ninguém tá traumatizado.)

FIM do pause

Um tempo atrás tinha esse moço-problema, que sempre surgia nas conversas. Ah, cê vai adorar o Nescau (vamos chamar-lho de nescau porque essa seria a única possibilidade de esse indivíduo encontrar seu nome numa lata). Eu fui pra Irlanda e ele morava lá e "nossa, cê precisa encontrar o Nescau". Preciso não, viu? Quando voltei, era um mimimi sem fim porque não encontrei. Depois ele voltou e eu precisava conhecer ainda. Depois eu conheci e olha, gente, eu deveria muito ter ido ver Nescau na Irlanda, só digo isso.

A gente se deu bem logo de cara, passamos quase duas horas conversando sem faltar assunto, combinamos uma coisa pra dali alguns dias, tentei fazer a pessoa casual aparecendo muito coincidentemente no lugar onde ele estaria e o plano falhou miseravelmente. O infeliz mudou de cidade sem deixar recado. Casualmente na cidade onde ele estava, lembrei de escutar onde ~pessoas~ disseram que ele estava trabalhando (uma rede daquelas que tem um em cada esquina) e ainda assim, tentei em vão encontrar CASUALMENTE (tudo muito por acaso). Não deu. Passei um tempão desencanando.

Um dia eu tava bem desencanada da minha vida, horrorosa, parecendo uma sobrevivente de desastre e quem aparece na minha frente? Pois é, karma is a bitch.

Fui ignorada por algumas semanas, achei que era culpa do meu comportamento suave de obsessão. Até que um dia, sem nenhuma explicação, ele veio me seguindo e começou a falar comigo como se a gente se conhecesse há um tempão (o que era o caso, mas não era o caso) e foi desse jeito que ele voltou pra minha vida. Passei alguns dias me perguntando se não foi um momento isolado, mas não foi. Cada vez que a gente se via, era como se colocasse um tijolinho novo na amizade. Um dia a gente tava se falando meio sem jeito, no outro a gente já tava se fazendo pergunta imbecil, no outro a gente já tava almoçando junto, no outro a gente já estava conversando por duas horas sem acabar o assunto, depois "passei aqui só pra falar oi", depois elogia, depois começa a cutucar, depois começa a arranjar desculpa pra se separar do bando, depois começa a passear por aí, depois começa a ter piada interna, depois começa a chamar pelo nome (eu sempre acho muito importante esse momento do nome), depois começa a falar da vida, depois começa a falar das coisas difíceis da vida, depois começa a confidenciar coisas e pedir conselhos.

Aí eu acho que a gente chegou num patamar bem alto de convivência. A gente não tem mais meta-conversa. A gente conversa sobre coisas que um não sabe sobre o outro e pede opinião. Isso, no meu universo, significa um passo bem importante, aquele que a gente sabe que a amizade não tem volta. Claro, pode ser que dê um problemão no caminho e as pessoas se desentendam ou se mudem pra bem longe ou deixem de ter coisas em comum. Acontece. Mas, normalmente, é quando chega nesse ponto que uma amizade gruda. É nessa hora que eu acredito que a gente pode se falar por telefone (o que não significa, de maneira nenhuma, ligar um pro outro, veja bem), se adicionar em rede social e se referir à pessoa como amigo.

E eu tava lá toda empolgada, no meio de um raciocínio, quando fomos interrompidos. Falei "terminamos essa conversa na segunda" e fui viver. Ainda escutei como resposta "vou abrir uma pasta no dropbox e compartilhar esses arquivos com você". Uma conversa no meio, certo? Ainda o universo deu uma ajudinha na piada interna envolvendo garrafas e nomes estúpidos e eu tava com uma sacola cheia de palhaçada pra compartilhar. Mas não aguento esperar, tiro uma foto, vou mandar pelo whatsapp e... cadê? Há controvérsias sobre de que forma o contato de uma pessoa some da sua lista do uáts sem que você tenha deletado da agenda do telefone, mas a resposta mais óbvia é que a pessoa mudou o número e não vinculou o aplicativo ao novo número. Se era pessoal comigo, eu duvido. Mas se não considerou a ideia de me manter na lista já é triste suficiente.

Aceito a realidade (em partes) e vou até onde eu costumo encontrar o indivíduo. Nada. Espero dois dias, porque tem outro lugar onde eu também sempre vejo essa pessoa. Nada. Todo mundo que a gente conhece em comum, incluindo quem tanto insistiu em "vocês serão ótimos amigos" no mais completo silêncio. Que que eu faço? Nada. Se alguém faz tanta força assim pra não me ver, então faz a Elsa e lérigou, né?

Donde me identifico muito com a ibagem ali de cima.

não é uma merda que as pessoas possam entrar na sua vida por um tempo e te tratarem mal ou mesmo até te tratarem bem até o momento em que elas vão embora quando decidem que você não é importante e quando eles vão eles levam uma parte de você com eles e você nunca se recupera então você se vê afetado por isso pelo resto da sua vida mas pra eles você não era nada além de uma lombada na história


(A falta de pontuação característica do tumblr é pra dar o tom do desespero, pras madame não iniciada.)

Uns dois dias antes do número do desaparecimento eu me peguei acordando no meio da noite, porque meu cérebro precisava urgentemente refletir qual era a necessidade da existência dessa pessoa na minha vida. Se você me perguntar a razão, eu não sei. Do minuto que eu vi esse indivíduo pela primeira vez e no fim de todos os dias que a gente se viu até aqui, alguma coisa dentro da minha cabeça me deixava sempre muito intrigada, com um milhão de porquês. Eu não sei nem explicar. Tinha dias em que eram dúvidas simpáticas, dias com dúvidas de desespero, dias de dúvidas de dúvida mesmo. Mas alguma coisa sempre me incomodava.

O mais engraçado era que eu meique conseguia prever o que ia acontecer, conforme ia acontecendo, como se o negócio todo tivesse um roteiro. O que eu não previ foi que um dia, de novo, essa pessoa desapareceria abruptamente, deixando um monte de conversa pela metade e quadruplicando os porquês todos que já existiam até ali.

(E agora tenho uma gaveta cheia de coisas de piada interna que não tenho coragem de jogar fora e não tenho pra quem dar e me deprime um pouquinho cada vez que abro pra pegar uma coisa não relacionada.)

As pessoas não entram na nossa vida por acaso?

As pessoas cruzam nosso caminho por alguma razão?

A razão de eu ficar atormentada assim pela simples existência (e um pouco das reações idiotas) de uma pessoa, qual seria?

Se alguém souber a resposta, favor vir me contar.




(Mas provavelmente algumas delas existem apenas com o propósito de enlouquecer o cidadão de bem.)