domingo, 22 de março de 2015

this friend ship has sailed

Vamo aproveitar aqui essas meia horinha de descanso que meu cérebro pediu depois de calcular um milhão de integrais pra filosofar.

Às vezes eu pego algum documento de identificação da minha própria pessoa e confiro a idade que marca lá, porque não é possível. Cê vê, eu não sou a mais madura das cerumanas do universo, mas eu me considero uma pessoa razoavelmente equilibrada, de modos que acho que passo por adulta, se não me mexer demais.

Porque tem uma coisa que acontece com uma frequência desconcertante na minha vida: as pessoas vivem me dizendo que "fulano te detesta, mas detesta muito!11".

Primeiro: dá uma olhadinha aqui na minha cara de preocupada com a opinião do fulano. Segundo: 98,7% dos fulanos que me detestam são pessoas que eu vejo, sei lá, 3 vezes no ano? Pessoas que eu não lembro que existem? Que será que acontece de tão intenso que a pessoa me vê em maio e tá sofrendo a respeito até outubro? Não sei e não me importa.

Agooora, o que cê tá fazendo mantendo amizade com esse fulano, eu muito me pergunto.

Eu, de minha parte, divido as pessoas em duas categorias principais, com suas respectivas sub-categorias.

- pessoas de quem eu gosto e
- pessoas para cuja existência eu cago.

Só tem esses dois tipos mesmo, num tem mais nenhum, que eu tenho coisa DEMAIS pra fazer na minha vida, pra gastar tempo sequer PENSANDO em gente que eu não gosto, então elas não ecsistem.

Falemos primeiro do grupo das pessoas de quem eu gosto.

- as pessoas por quem eu OBCECO. 

Eu tenho que controlar impulsos de entrar em contato quinhentas vezes por dia. A internet me transformou num indivíduo inconveniente, porque antes a gente precisava ir até o encontro da pessoa pra isso. Mas agora tem feici, tem uáts, tem email... nem as pessoas que moram um oceano inteiro pra lá estão livres do meu grude. Incrusível, as pessoas por quem eu obceco geralmente moram longe ou têm mais o que fazer, de modos que são as pessoas que eu menos vejo. Não sei se é a desgraça do universo ou se eu amolhas tanto porque vejo pouco. Ó que imbecilidade.

Vai ter gente nesse grupo achando que não tá nesse grupo, porque eu cheguei no nirvana do auto-controle e espero a pessoa estar disponível pra mim antes de despejar meus amor tudo. Porque eu sou assim, educada.

- as pessoas com quem estou em eterno contato. 

Por um tempo eram os grupos de apoio por email, depois pelo facebook e hoje em dia é mais pelo whatsapp mesmo. Gente que mora do lado e gente que mora na Irlanda, com quem eu falo praticamente todos os dias da vida. Engraçado que meus grupos de apoio mais próximos têm sempre um membro morando muito longe (ou na Europa). Esses são meus amigos mesmo, sabem das coisas mais idiotas que eu penso e normalmente apoiam em caso de necessidade. De vez em quando rola uma grosseria não solicitada, mas é tudo cerumano, né? Se for grosso demais, mando à merda e tá tudo bem.

- as pessoas que frequentam minha casa.

Nem sempre a gente tá em contato ou elas moram em outra cidade e nunca foram literalmente na minha casa, mas são pessoas que eu convidaria pra ir à minha casa. Isso raramente acontece, porque eu não gosto de receber pessoas, então se eu te convido pra minha casa, saiba que é extremo apreço. São as pessoas que eu gosto de ter por perto, que eu gosto de ver em caso de aniversário e que eu considero amigas, no geral. Tem pessoas que eu conheço só ~nas internet~ por questãs logísticas, mas se eu falo com elas quando estou no conforto do meu lar por qualquer meio social, elas estão na minha casa e neste grupo.

- as pessoas do círculo de amizades expandido.

Sabe aquelas pessoas que você convida se faz aniversário no bar? Se vai numa feira de rua? Que bota na lista de pessoas pra eventos de maior porte? Que você encontra na casa dos amigos em comum? Essas pessoas geralmente são pessoas que me agradam, mas num nível que num fede nem cheira. Acho divertido quando elas estão e não reparo quando não estão. É triste, eu sei. Mais ainda quando penso que sou círculo expandido dozotro. Mas é a lei da vida, tem gente que serve só pra fazer figuração. Pelo menos nesse caso é positiva.

- as pessoas que tão ali existindo.

Tem essas pessoas neutras, né? Sei lá, namorado de amigo do amigo, essa gente que a gente vê, sabe a cara, mas se largam os dois numa sala durante um evento, acontece um grande silêncio ou um diálogo sobre o clima. Se eu não lembro que essa pessoa existe ou não sofro por ficar sozinha com ela numa sala, então é sucesso, pode levar sempre.

Nesse grupo estão 90% das pessoas do trabalho. Eu acho divertido gente que consegue fazer AMIZADES no trabalho. Assim, como uma constante. Eu tive ali um total, sei lá, de 10 pessoas (em onze anos, se considerar só o de agora) com quem gostei de conviver, hoje esse número é bem pequeno, pessoas que eu autorizo ali no grupo do "frequenta minha casa". O resto é figuração mesmo. Gente que eu tenho que ver porque não tenho alternativa, mas caso dê-se o milagre de eu ir trabalhar com alguma coisa realmente satisfatória, JAMAIS LEMBRAREI O NOME. O problema é quando eles param de fazer figuração pra entrarem no grupo do ódio. As únicas pessoas que eu odeio no mundo são aquelas insignificantes com quem eu sou obrigada a conviver e isso só acontece quando alguém tá me pagando (quem começa na amizade, permanece na amizade, quase sempre).

*****

Aí tem aquele grupo de pessoas que nem tchuns, compreende? Aquela pessoa que alguém menciona e cê pensa "nossa, verdade, essa pessoa existe, que coisa".

Esse grupo tem apenas dois subgrupos.

- as pessoas que eu realmente não sei que existem.

Outro dia eu tava conversando com alguém no facebook e de repente a pessoa parecia estar usando tóchico, porque tava respondendo pro além. Eu falava, a pessoa respondia pra mim e pra imaginação dela. Mandei uma mensagem: "que raio que tá acontecendo aí, beibe? kd sentido nessa conversa?" e botei um print. A fia me manda o print de volta com toda uma pessoa extra na conversa, que não aparecia pra mim. Me perguntei que macumba era aquela e ninguém sabia e tal. Até que a amiga em comum descobriu que a fia - que eu nem sabia que existia - ME BLOQUEOU. Isso memo, algum dia na minha vida, a menina se sentiu ofendida pela minha existência a ponto de me bloquear no feici. Eu achei muito divertido pensar que tem gente que nem sei que existe que não me suporta assim +qd+. Fica à vontade.

- as pessoas que eu sei que existem, cuja existência tem absolutamente nenhum efeito na minha vida.

Tem esse cara que eu conheci um dia aí e me tratou muito mal, gratuitamente. Perdi meu tempo com essa pessoa? Não. Tava lá no meio do bolo de pessoas e eu preocupadíssima, só que ao contrário. A pessoa insistindo em me dizer que não ia com a minha cara e eu pensando "aimeldels, E O KIKO????" e prosseguindo com a minha vida e tal. Até que um dia, no meio de uma festa que tava acontecendo TANTO BAFÃO envolvendo minha pessoa que não gosto nem de lembrar, me vira esse idiota e se declara pra mim. Mas não podia ser dum jeito normal, tinha que ser aos berros, justamente quando todas as quinhentas pessoas da festa pararam de falar ao mesmo tempo e a música deu pausa. Todo mundo viu, certo? Eu caguei pra declaração, certo? "Sivira aí com esse seu amor". Pois até hoje, mil e vinte anos depois, o infeliz faz questão de dizer que eu minto sobre essa história (que nunca contei pra ninguém, pois todos estavam presentes) e que ele me odeia. Migo, eu não ligo, ninguém liga, guarda pra você. Eu não vou deixar de ir aos lugares porque ele estará lá, ele que se vire pra escolher se quer ou não lidar com a minha presença. Por que eu me importo? Eu não me importo: o que me incomoda é TO-DO evento com a presença dessa pessoa eu ter que escutar "nossa, mas ele te odeia mesmo, hein?". CÊ JURA? E QUE CÊ QUER QUE EU FAÇA? Eu realmente não sei, já que nem cumprimentar essa pessoa eu cumprimento. Parem de falar que ele não vai com a minha cara, gente. Não me interessa nem um pouco.

Outro dia rolou uns bafão quinta-série entre meus amigos (nenhum com menos de 30 anos) e começou o maior movimento de fofoca dois a dois em mensagens privadas do facebook. Cada pessoa que vinha reclamar pra mim de outra, eu dizia "resolve seus problema com a pessoa que te incomoda, parça" e seguia com meu dia. Mas tomou uma proporção sem fim de gente reclamando e mandei todos catar coquinho. Ni qui as pessoas, chatiadíssimas, começaram a me mandar prints do mesmo tipo de conversa em que os OUTROS reclamavam de MIM - que tava bem quieta, pra ser sincera. 

Agora cê veja se sou obrigada.

Chegar ao ponto de ter que intervir em briguinha besta AND ainda sair como a bitch da história. Sério, eu não sou obrigada.

Aí os infeliz me chamando de mimada, de grossa, de mal educada, quando usavam palavras educadas. O que eu acho mais bonito é que quem ofendia raramente me vê, então não tem nem razão pra se incomodar. E quem recebia era meu amigo de verdade e não gastou nem um "calma, cara" pra me defender. O que resultou numa coisa bem simples: extermínio existencial de quem não vai com a minha cara e rebaixamento de categorias pra quem não se importa. Eu acho uma coisa bem razoável.

*****

Teve um acontecimento social depois disso com todo tipo de gente, dos amigos do corassaum aos who cares. O povo que foi realocado achando muito esquisitíssima minha atitude enquanto cerumano para com eles. O fofo que me chamou de insuportável e o fofo que concordou, tudo tentando fazer os amiguinhos. Foram reclamar do meu comportamento indiferente. AH, GENTE. 

De modos que eu tomei uma decisão na minha vida de ficar bem quieta na minha casa. Estudando eu tenho muito menos tempo pra sair daqui mesmo, então tá tudo certo. Mas, de vez em quando, se eu caio na besteira de quebrar essa regrinha simples que estabeleci pra mim mesma, eu sou relembrada pelas circunstâncias de que eu não devo desistir.

Porque olha, fora a galera que eu admiro ou com quem estou em eterno contato, cada vez mais me dou conta que a essa altura da vida as pessoas vão filtrando entre amigos e coadjuvantes. E eu não tenho nenhum interesse em ficar ensinando pros coadjuvantes como o negócio funciona comigo. Se você já foi muito próximo a mim um dia e deixou de ser, eu tô aqui neste momento colocando a responsabilidade em você por isso. 

Inclusive, outro dia eu tava verbalizando uma coisa que eu acredito muito e fui repreendida, MAS NÃO ME CALAREI: se você faz questão da amizade de uma pessoa que eu sei que não me suporta, então você fica com essa pessoa e... MILARGA. Eu acho incompatível. Não faço questão nenhuma que você desfaça a amizade com a outra pessoa, mas a minha com relação a você tornar-se-á (ui, mesóclise) meramente figurativa. Se você consegue ouvir alguém descendo a lenha em mim e pensar "meh", você comprova que eu tô certa. Só num vem encher meus pacová com "cê não me liga mais, cê não me conta mais nada, nunca mais fui na sua casa comer bolo". NUM VEM MESMO, que eu num costumo botar x-9 aqui dentro. Ou cê é meu amigo, ou cê é amigo de gente ridícula, your decision.

E praqueles que eu curto pra caramba (não sei até quando), ainda que insistam em andar com babaca, um apelo: alguém te disse que não vai com a minha cara? Migo, guarda pra você.

*****

Ah é. E tem aquelas pessoas que acham que odeio elas. Assim, com o português sofrido mesmo.

Olha, cara, vou ser bem sincera aqui neste momento. Tem umas 3 pessoas no mundo que eu odeio sim e, como eu já disse, são pessoas com quem tenho que conviver porque recebo dinheiros em troca disso. Então se você não trabalha comigo, tem um total de 0% de chance de eu te odiar. Sério, cara. Se você acha que qualquer comportamento meu em relação a você é por motivos de ódio, repense. Eu provavelmente estou ignorando sua existência com tamanho vigor que cê acha que tô fazendo de propósito, mas nem é. Da mesma forma que eu sou incapaz de ser fã (de verdade) de alguém, porque não acho possível enxergar outro cerumano sem defeitos, eu sou incapaz de odiar pessoas aleatórias, porque pra isso precisa LEMBRAR que elas existem e eu tenho uma certa dificuldade. O mundo tá cheio de cachorro, gato, bexiga, estampa de coraçãozinho, livros, perfumes, paisagens, bicicletas, coxinha, chocolate, gente linda, capim-limão, sabe? É muita coisa boa pra gastar em tempos limitados, cê acha que vou compartimentalizar a ponto de ocupar com gente insignificante? Mesmo? Num vou, cara. Se parece que eu te odeio, foi mal, eu te ignoro.

E é isso. Eu sou muito da filosofia de se cercar de gente legal e coisas legais e pensamentos legais, sabe? Se você me acha emburrada, reclamona e pessimista, pode crer que eu tô reagindo a você. Porque eu sou um doce, um amor e super fácil de lidar.

E não tem um pingo de ironia nisso.


Bgos miu e escolham melhor suas amizades.


PS: em breve, o manual de COMOLHEDAR comigo, em caso de amizade. Porque meldelsdocéu, como cêis são difícil. Então eu deixo as regrinha básica do lado de cá e cêis se vira dos seus lado daí.