terça-feira, 18 de março de 2014

onirodinia




Aí eu fui dormir depois de um dia sem grandes acontecimentos, de modos que eu não tinha grandes expectativas para atividades soníferas. Tenho um problema bem sério de sonhos birutas, obcecados, repetidos, pesadelos, etc, toda noite é uma aventura.

Mas eu dormi e devo ter passado a noite sem grandes emoções, até a hora em que comecei a sonhar com a minha casa. Só que minha casa não era exatamente a minha casa real (alguém sonha com a própria casa geograficamente correta?) e eu estava numa sala que nem existe na minha casa acordada, com móveis que são da minha vó. Tava lá diboa aceitando aquele ambiente, numa poltroninha lendo um livro, bem parecido com a vida.

De repente toca a campainha é um grupo pequeno, 3 ou 4 pessoas, amigos de trabalho da minha mãe. Até aí, nada fora da realidade. Eles entram e vão pra mesma sala onde eu estou, o que me incomoda um pouco, porque era uma sala ~íntima~, sabe? Não a sala onde a gente recebe visitas, a sala onde a gente lê de pijama na poltrona. 

Finjo que não é comigo a socialização, continuo na poltroninha com o meu livrinho, até que chega mais alguém. "É o fulano", todos dizem. Mas fulano trouxe CINCO pessoas junto com ele, porque é normal cê levar cinco desconhecidos na casa de alguém pra jantar num dia de semana. As pessoas se espalham pela sala e alguém senta na minha poltrona quando eu levanto pra pegar um copo de água. O que essa pessoa não sabe, é que MINHA poltrona é literalmente minha, comprada com o meu dinheiro e só minha bunda encosta lá. 

Chamo minha mãe e pergunto com amor (não) se não seria mais conveniente levar esse povo todo pra sala de estar, onde tem mais lugares pra sentar e espaço e coisa e tal, e ela diz que não, que quer ficar perto das panelas (?). Nesse momento, se materializa uma cozinha de casa de fazenda naquela sala e nem assim meu cérebro entende que eu tô sonhando.

Resolvo socializar com um sujeito em particular, que na vida real está sempre sorridente e piadista, chega a encher o saco a felicidade da pessoa, mas no sonho tá deprimido e baixo astral. Vou perguntar sobre um mestrado que eu quero fazer (na vida real) e ele começa a falar de termos acadêmicos inexistentes pra me desencorajar, me pergunto o que foi que eu fiz pra merecer esse dia e volto pro meu livro.

As pessoas não param de chegar, eu não paro de me irritar, tudo igual à vida real. Me pergunto o que minha mãe tem na cabeça pra enfiar esse povo todo em casa em plena quarta-feira (que tipo de gente sonha com quartas-feiras?), resolvo que vou sair da sala. Meia hora depois eu volto e já tem mais de 30 pessoas lá dentro, até alunos dela acabam aparecendo (exatamente como na realidade) e eu só quero que a energia elétrica acabe e vão todos pras suas casas, de onde nunca deveriam sair numa quarta à noite.

Então eu fico com sono - sono no sonho, quem nunca - e resolvo pegar meu cachorro e ir dormir. No meio do caminho pro quarto eu percebo que estou com sono demais (igual à realidade, de novo) e resolvo dormir no meio do corredor mesmo, abraçada no cachorro, com a cabeça apoiada na beirada fofinha da cama dele.

Acordo com ele me empurrando (sim, como todo os dias no mundo real), dizendo, isso mesmo, di-zen-do, que eu sou muito espaçosa e que meu despertador já está tocando pra ir trabalhar (a pessoa não apenas não sonha com fim de semana, mas sonha que acorda cedo e vai trabalhar). Mesmo assim, não percebo que estou sonhando (acontecimento muito raro). Vejo que o sol já está entrando pelas janelas da casa, mas olho pro meu quarto e ele está todo escuro.

Uma pausa pra dizer que lembrar dessa parte me dá 57 tipos de nervoso e eu já quero sair martelando o universo tudo de novo. Ok. Volta.

Na vida, eu só fecho a janela do meu quarto se estiver nevando e só fecho as cortinas quando vou dormir. Se eu não fui dormir no quarto, quem teria fechado a janela e a cortina? Vou andando devagar, tipo filme de terror e quase desmaio quando passo porta adentro: quatro desconhecidos dormindo lá, duas meninas na minha cama, uma de cabelo imundo com os meus travesseiros e outra com os pés pretos no meu cobertor. Todo mundo sujo de fim de festa, sabe? Um idiota num colchão na frente do meu armário e mais um atrapalhando onde ficam meus tênis. 

Tive um mini ataque cardíaco, entrei no quarto arremessando coisas e pisando em todo mundo, abri a janela, a cortina, acendi a luz, pra ver se alguém pegava a dica que NÃO SE DORME NA CASA ALHEIA no meio da semana, que eu tinha que me arrumar pra trabalhar, que eu ia interditar minha mãe por permitir que pessoas  não só ultrapassassem a linha do meu quarto sem banho, mas encostassem nas minhas coisas.

Fui até o banheiro ligar a chapinha (cabelo ruim até no sonho) e mentalizar que, quando eu voltasse ao meu quarto, não teria mais ninguém lá. 

Volto ao meu quarto, e o que eu encontro? Alguém fechou DE NOVO a janela e TRANCOU. Fechou as cortinas e ainda estava reclamando com os outros "gente, sacanagem isso de abrirem a luz na cara de quem tá dormindo, hein?".

Perco completamente o controle e começo a puxar cobertores - pra fazer uma pilha e botar fogo - gritando com toda a força do meu pulmão praquelas pessoas saírem da minha frente IMEDIATAMENTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE, senão eu vou matar todo mundo com esse martelo que tá aqui na minha mão (eu realmente tenho um martelo no quarto, porque eu prego mais quadros na parede do que minha mãe gostaria), SAI DAQUIIIIIIII!!!!1111

Nesse momento, minha mãe vem calmamente (apenas em sonho), me perguntando por que eu estou tão alterada, sendo que na vida real ela saberia que era caso pra quebrar a casa inteira na martelada se deixasse alguém OLHAR pro meu quarto, imagina encostar nele. E eu apontando pras porquinhas "OLHA ESSE CABELO NO MEU TRAVESSEIRO!!!! VOU TER QUE JOGAR NO LIXO!!!! OLHA AQUELE PÉ PRETO NO MEU COBERTOR E NA MINHA CAMA!!! OLHA ESSE IDIOTA DEITADO NO MEIO DO CAMINHO IMPEDINDO ACESSO AO MEU GUARDA ROUPA!!! OLHA QUELE OUTRO QUE.FECHOU.MINHA.JANELAAAAAA!!!"

Sério, cara. se tem um conselho que eu vos dou: nunca.feche.minha.janela.

Vou dar mais um: não encoste na minha cama, nunca. Mas se for inevitável, tome 24 banhos antes de fazer isso, nade no álcool e etc. 

Nunca obstrua o caminho entre mim e minhas roupas, coisas, poltrona e NUNCA.SENTE.NA.MINHA.POLTRONA.

Enquanto eu gritava com a minha mãe, martelava a casa inteira e carregava as pilhas de objetos do meu quarto pra varanda, pra jogar tudo fora, meu despertador real tocou. Eu estava bem linda no meu quartinho vazio, na minha caminha, com a minha janela aberta e meu cão dormindo tranquilamente na minha poltrona (heh). 

Não pude deixar de pensar que meu cérebro faz essas coisas próximo da hora de eu acordar pra ver se transforma em felicidade a tragédia de acordar antes das oito da manhã, nesse clima cocô de verão, pra ir pro trabalho mais chato do mundo.

Hoje funcionou.