quarta-feira, 4 de abril de 2012

um príncipe em minha vida


Tem um sapo morando na minha varanda.

Odeio sapo.

É uma coisa meio bizarra pra pessoa moderna, moradoira de capital de estado e do centro urbano ter que conviver com um sapo.

Quano que eu moravo no interior, houve um trauma, sabe? Meu lar era na última rua antes da rodovia e entre meu lar e a rodovia tinha metros e metros de mato. Os sapinhos nasciam no mato e iam morar atrás da máquina de lavar roupa, daquelas jovens que têm o motor exposto. E eu tinha PA-VOR de explodir um sapo na hora dos afazeres domésticos. Eu tinha 12 anos e lavar roupa já era meu esporte caseiro favorito e todo dia era um tormento quando eu via todo mundo sentar contra o vento pegar a vassoura e cutucar um, dois, três, vinte e cinco sapinhos debaixo da máquina de lavar até o mato, de modos que eu pudesse ameliar em paz.

Odeio sapo.

Aí tem outro trauma que não é exatamente próprio, mas é. Sapo e cachorro não são amigos e eu tenho um cachorro. Que agora só passeia à noite sob supervisão constante, porque cachorro é tudo tapado e a primeira coisa que ele faz ao sair é cutucar o sapo com o nariz. Se fosse com a vassoura, poderiam até achar que fui eu que ensinei.

Olha, eu não sei exatamã o que o sapo faz com o cachorro, mas sei que o cão da minha tia, meu primo foi atacado ferozmente por um sapo e precisou ir pro hospital duas vezes por causa do veneno. E hoje em dia ele tem algumas sequelinhas que o médico diz que foram causadas por esse lindo encontro só que não. De modos que eu tenho PA-VOR que o sapo assassine meu cachorro.

Odeio muito sapo.

Felizmente eu sou uma pessoa de alma boa, que jamais machucaria um bicho. De modos que se a pessoa leitora deste blog sugerir alguma forma de violência contra o sapo, sofrerá alguma maldição, já tô avisando. Mas que é muito deselegante o sapo ir morar no meu solar sem ser convidado, isso é.

Infelizmente eu sou uma pessoa fresquinha e não tenho condição emocional de enfiar o sapo numa caixa ou em qualquer recipiente não maligno pra soltar num lindo brejo cheio de moscas, onde ele seria feliz pra sempre. Não é possível que esse sapo não sinta solidão na minha varanda!

Sigo então odiando esse sapo dos infernos, que faz com que eu tenha que passear com o cachorro de vassoura em punho e com visão noturna ativada, porque nem pra ser colorido e super visível em pouca luz ele serve.

Tô aqui pensando se não seria o caso de dar uma beijoca nele e ver se de repente não é meu príncipe trabalhado no feitiço que tá por ali, olhando pra minha janela o dia todo, sofrendo em silêncio no meio das prantinha do quintal, esperando que eu veja nozolho dele que é só eu fazer a Tiana e seremos felizes para sempre.