terça-feira, 25 de outubro de 2011

in-go-al

~hipster~


Outro dia eu estava tendo efeitos colaterais pelo uso de medicamentos pesados (cê jura) e larguei mão de todas as minhas quatrocentas e noventa e vinte obrigações e fui ver TV.

Acontece menos que a passagem do cometa Halley.

Pois eu não sei o que me levou a colocar a TV na GNT (sério) e deixar por lá. Pra minha sorte, os programas eram de moda. Pro meu azar, não tinha o aviso de não tentar reproduzir em casa.

Julia Petit, disk tem blog e tudo, nunca vi nem comi só ouço falar, tava apresentando um programa. Num dos blocos, ensinava a fazer coisinhas diferentinhas nas unhas.

Acho que eu devo dizer que eu gasto fortunas na manicure, porque nasci sem o gene da coordenação motora. São milhões e milhões de reais que eu sempre soube que eram necessários, só não sabia que era tanto.

Escolhi a unha que parecia mais bobinha de fazer, a unha marmorizada. Não entendi o nome (num tem cara de mármore, meus amô), mas achei bonitinha e fui lá.

Gente, olha. Primeiro eu tentei com quatro cores de esmalte: cinza, vermelho, azul e rosa. Ficou bonito, mas eu consegui transformar uma unha numa francesa ao avesso e outra num reboque mal feito. Minha irmã sugeriu colocar duas cores claras e eu fui de rosa e madrepérola e aí deu certo.


“““““““““certo”””””””””

De longe pode até parecer que foi uma boa ideia, mas de perto tem bolhinhas de água estouradas, nata embolada de esmalte, pedaços falhados que escorregaram de unhas que ficaram sem base e 30kg de esmalte debaixo das unhas, que não há acetona que tire. Uma graça.


Mas o incrível é que já estamos no terceiro dia e a unha ainda não se desfez. Estou chocada porque é a primeira vez que eu faço minha própria unha na vida e achei que não fosse durar 10 minutos.

quilinda

Agora é treinar pra ficar fazendo a adolescente biruta e trocar de dois em dois dias. Heh.

Fica a dica aí pra senhora amiga dona de casa, que é mais coordenada que eu, tem mais dó do dinheiro que eu e tem menos o que fazer que eu.

Os dois esmaltes são da Colorama.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

desorientada

as coisa no retrovaisor tão mais perto que parece kkk

Agora virou ~modinha~ que toda primavera eu tenho que tomar esse remédio que me deixa muito bocó. Tive que escrever a frase anterior 8 vezes, até todas as palavras estarem nos lugares certos, por exemplo. O negócio me deixa confusa, esquecida, biruta, de mau humor, chorona, distraída, sem fome, sem sede, sem sono, sem nada. No limbo.

Mas eu consigo respirar e, aparentemente, essa é a única coisa realmente importante na vida.

De modos que assim como se faz com idosos, gestantes e pessoas portadoras de necessidades especiais, todos têm que ser bem legais comigo de setembro a março. RISOS.

Falando em gestantes e em breaking outs, o universo achou de bom tom colocar pelo menos uma grávida em cada um dos meus círculos sociais. Já reparou como a gente tem o dom de respirar e contar até mil de trás pra frente quando tem uma grávida por perto? Todos é bonzinho com grávida, até a pessoa maluca, quimicamente alterada por medicamentos prescritos. Aí eu fico aqui parecendo calma, mas indo limpar a baba de meia em meia hora.

Vou arranjar uma gravidez psicológica, pra ver se todos fica bonzinho comigo.

*****

Olha, esse remédio me deixa tão fora do ar que eu tava ali reavaliando o mesmo período do ano passado e olha. Num tem condição. Eu deveria estar trancada numa instituição até essa marola passar.

*****

Este remédio específico não me manda ficar longe de máquinas pesadas, tipo carro, por exemplo. De modos que eu tenho dirigido normalmente. E olha, se um dia eu me peguei imaginando que estava a uma minivan e quatro filhos de virar uma soccer mom, meua mô, agora não falta mais nada. Don’t ask.

Pois aí que eu tenho um hábito adquirido geneticamente, que é o de buzinar. Se no mundo eu preciso falar e não há meio de falar com os amiguinhos de pista (kkk), a buzina é minha única forma de conexão com os outros motoristas e eu buzino mêmo, tá no carro é pra usar, ASSIM COMO SINAL DE SETA, FICADICA. (Ques tanto de vírgola.)

Se a pessoa faz bobagem no trânsito, o outro amiguinho tem obrigação MORAL de buzinar. A pessoa tem que saber que Deus alguém tá vendo e acertar na próxima.

Aí vem o cerumano do sëx masculino fazer cagada na minha frente. Quiqui eu posso fazer? Descer a mão na buzina, né? Quiqui o primata equilibrado faz? Olha no retrovisor e faz um gesto cas mão pra insinuar que eu seja louca.

Aí eu olho pro retrovisor dele e faço um gesto ca mão também, de que ele é barbeiro. Aí ele fica locão e me mostra o dedo do meio. Sem perder a calma, eu faço um gesto com dois dedinhos, mostrando o tamanhinho e perguntando se procede.

Se os moço tão orgulhoso dos seus pipi fazem um sinal gráfico de pipi como se fosse uma coisa ruim, a gente só conclui que ele não sabe fazer a mágica, né?

Aí o moço estressa que foi chamado de pipi pequeno e transforma seu carro num tênis de luzinha de criança hiperativa e freia tanto, dá tanta ré (ops) e liga até o sinal de seta, que o bagulho pisca a ponto de te dar um ataque epilético.

E você, que está super calma (de verdade) atravessada no cruzamento esperando o homem das cavernas possuído superar uma buzinadinha, só olha no retrovisor dele de novo, rindo, diz movendo os lábios lentamente e apontando a rua perpendicular, com carros esperando pra passar: “baaaar-beeeei-roooo”. Ni qui ele faz o que deveria ter feito desde o princípio, acelera e vai embora.

Nesta noite as moça pode tudo dormir sossegada, porque taí um pipi pequeno que caiu pelas próximas 24 horas. De nada.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

like a mulher de malandro

tô a cara da Bonnie nessa fota ô num tô?

Eu tenho uma conta num banco ruim. Aí o amiguinho me pergunta a razão pra isso e eu respondo: eu trabalhava nesse banco ruim. Não só eu tenho uma conta num banco ruim, como eu tenho conta na PIOR agência, no PIOR lugar da pobrelândia, mais comumente conhecida como centro da cidade. Aí o amiguinho me pergunta de novo e eu respondo: eu trabalhava NESSA agência, obviamente.

Eu era uma criança, era minha primeira conta, primeiro trabalho, primeiro tudo. Comé que eu ia saber o tamanho da furada? E, trabalhando lá, eu não chegava realmente a notar como era caído o processo todo. Eu tinha crachá, eu tinha privilégios.

Um dia eu saí de lá e acabei mantendo essa conta só porque era mais fácil que fazer tudo de novo, mas ÓLIA, paciência tem limite nessa vida.

*****

O inconveniente de manter uma conta num banco ruim na pobrelândia é o tratamento. Eu não acho que maus tratos com o correntista sejam justificados em qualquer nível social, mas na pobrelândia nego abusa. Trocentas portas conta-gado que você tem que passar até entrar na agência, fora os brucutu xucro (redundância proposital) que ficam se metendo na sua vida, perguntando POR QUE VOCÊ SE ACHA DIGNO DE PASSAR PELA PORTA SAGRADA DO ESTABELECIMENTO.

Meia hora só pra conseguir entrar no inferno.

E, gente, eu não vou deixar meu celular na caixinha do banco da pobrelândia, desculpaê. A porta conta-gado vai travar, no matter what, então eu não vou tirar. Aí depois da vigésima travada, o segurança vai me fazer passar pelo constrangimento de revistar minha bolsa, o que ele faria mesmo que meu celular não estivesse lá e eu finalmente entrei no banco. Ouço o coro de Aleluia nesse momento.

*****

Acontece que mesmo com toda essa “““““segurança””””” meu cartão foi clonado, maizomeno nessa mesma época do ano passado. O mais incrível foi que a amada instituição bancária queria colocar a culpa em mim. HAHAHAHHAHAHA. Que dó.

Primeiro que eu sou inteligente (ah vá, a maioria dos correntistas do universo é) e não enfio meu cartão em qualquer maquininha por aí. Fora que eu tenho toc, autismo, paranóia, hipocondria (tudo imaginário, mas tenho) e só freqüento os.mesmos.estabelecimentos. E, por último, eu não uso caixa eletrônico, nem os 24h, nem os do próprio banco. Eu só uso a agência (a de rico, perto do meu lar, que eu só vou na pobrelândia em caso de extrema necessidade) e a lotérica. Sempre a mesma agência e a mesma lotérica.

Como se tudo isso não bastasse, quem clonou meu cartão ainda me fez o favor de me roubar em horários em que eu comprovadamente não poderia estar fazendo isso, tipo dentro de avião, sacoé. Dona instituição bancária subestima a inteligência dos amiguinhos.

Má é claro que tiveram que me devolver meu rico dinheirinho. Não sem antes me tratar como idiota irresponsável por alguns dias. Quando ficou comprovado que não foi minha culpa mesmo, minha paciência acabou. A gerente ainda quis vir com liçãozinha de moral e eu perguntei se ela sabia contar.

- claro que sei.

- então conta até três, que é o tempo que você tem pra parar com o discurso, antes que eu tire todo o meu dinheiro dessa agência e, QUIÇÁ, deste banco.

Calou a boca, né? Me trata como se eu fosse uma princesa desde aquele dia e até chip colocou no meu cartão de débito. Vai ganhar uma estrelinha.

*****

Então tem a lotérica, né? Cê já fez saque em lotérica, caro amigo leitor? É um parto de gêmeos sentados.

Cê dá o cartão, a identidade, a fia olha seu cartão AND sua identidade, vê se bate os nome, vê se bate as fuça, você pede os dinheiros, digita senha, digita data do aniversário de trás pra frente, confirma os dinheiros, confirma que vende a alma, confirma que matou Odete Roitman, a fia anota o número da sua identidade no comprovante da lotérica, conta seus dinheiros, te dá seus dinheiros, o resto todo e fim. BEM RÁPIDO, só que ao contrário.

Como eu vou sempre à mesma lotérica, as tia tudo só pega minha identidade pra anotar o número mesmo e fica tudo mais rápido.

Só que ontem tinha a PESSOA NOVA.

Como eu odeio pessoa nova. Nego vem com aquela camiseta “em treinamento” e eu tenho vontade de morrer só um pouquinho. Eu compreendo a necessidade de treinar ozotro, mas vai treinar com a sua vó, não vem treinar comigo não.

A pessoa nova pegou meu cartão e minha identidade e ficou olhando pra minha cara. Eu disse quantos dinheiros eu queria e ela permaneceu olhando pra minha cara. Resolvi olhar pro teto pra dar um tempo pra pessoa e concomitantemente orar pra Jesus, quando a mulher saiu do estado catatônico e fez a seguinte questã, em tom ameaçador:

- moça, de quem é esse cartão?

Ni que eu respondi com toda finesse que me é peculiar:

- da minha vó.

Mentira. Eu só pensei. Respondi que era meu mesmo.

- é que essa foto tá meio... diferente.

- o nome disso é passagem do tempo.

Tudo bem que eu tive um pequeno problema com a atividade das minhas melaninas nos últimos anos, mas não é pra tanto.

A moça, muito da incrédula, virou pro lado e fez a coisa mais mal educada que eu já vi em toda a minha vida. Começou a falar com a coleguinha mal mexendo a boca, como se eu fosse Bonnie Parker, fazendo o maior drama.

- Neide, ô Neide olha a cara da mulher que tá tentando fazer saque com essa identidade!!!oneoneONE

Neide tá acostumada cas minhas fuça, mandou a mulher parar de palhaçada e fazer logo o saque.

- mas, Neide, cê não tá entendendo, olha a cara dela.

Quem me conhece sabe que eu não faço piti. Eu fico nervosa, eu quebro tudo depois que saio do ambiente, mas não faço piti. Só que a mulher tava me tratando como bandida e o que se seguiu não foi bonito.

- como é que é? COMO É QUE É? Você tá me tratando como bandida? Na hora de clonarem meu cartão e sacarem uma fortuna da minha conta NUMA LOTÉRICA, o infeliz não foi tratado como bandido. Na hora em que o ladrão sacou meu dinheiro SEM a minha cara e SEM meu documento, ele conseguiu levar um milhares de reais. Eu te dou meu cartão, eu te dou minha identidade e você vai fazer essa palhaçada? Por causa de cem real? TOMAQUIMEUSDOCUMENTOTUDOEANDALOGOCOESSAMERDAAAAAA.

E taquei tudo que era documento com foto na cara dela.

Aí a moça fez meu saque com muita agilidade, sob os olhos atentos de umas 4 funcionárias, 12 clientes e 3457768 transeuntes.

Mas sabe, a culpa é minha.

Sou eu que deixo esse banco MARAVILHOSO me tratar dessa forma e não arranco meu dinheiro todo de lá. Eu mereço.

No dia em que eu criar vergonha na cara e ganhar dinheiro igual gente grande eu abro uma conta num banco chique de blêblêblê e serei tratada com a mesura que eu tenho direito.