quarta-feira, 20 de outubro de 2010

inconsistências

Eu não gosto que as pessoas saibam da minha vida.

Irônico, não?

Eu sei, mas é verdade.

Veja bem: eu comecei a escrever em blog numa época em que eu perdi amigos. Eu tinha uma turma de amigos e tinha a esquisita, de quem todo mundo tinha medo, por quem todo mundo passava rindo. Vanessa de Calcutá foi lá, conheceu a garota, viu que não era tão ruim assim e introduziu no grupo. E afirmava que era seguro mantê-la por perto pra cada nova pessoa que surgia. Um dia, quando o grupo era grande e lindo, a esquisita foi lá e apunhalou Vanessa – a otária pelas costas e, o mais impressionante, todo mundo ficou do lado dela. Sem ter a quem recorrer, tcharam, a internet tava ali, por que não?

(Mil e um motivos porque não, né? Mas a gente sempre escolhe aquele um que justifica a estupidez.)

O engraçado é esse meu histórico de enfiar alguém no grupo e ser expelida dele por culpa justamente desse indivíduo, mas esse não é o assunto de hoje.

O caso é que eu só falo da minha vida aquele tanto suficiente pra poder tagarelar infinitamente. As coisas que fazem o dia passar mais depressa. Sei lá se é culpa dessa minha incapacidade de confiar nas pessoas (eu tenho motivos, nem vem), mas o fato é que do que eu sinto, penso e acho importante, NINGUÉM sabe.

Mentira, tem umas duas ou três pessoas que sabem, elas sabem quem são, não é você.

Movin on.

Pois aí entra o blog. Às vezes eu não quero falar as coisas pra alguém. Como eu já escrevi aqui e em tantos outros lugares: eu não gosto de opinião. Eu sempre digo pra minha mãe que quando eu reclamo da vida, eu quero só apoio moral. “Você tem razão, que coisa chata”. Eu não quero achar solução, não quero mudar a situação. Eu quero só conforto.

E, às vezes, eu acho conforto escrevendo.

Eu poderia escrever e não publicar. Isso acontece muitas vezes, quando eu acho que alguém pode não entender o que eu escrevi (porque olha, às vezes eu acho que tá tudo escrito à prova de erros e me vem um doido entendendo tudo errado, contextualizando tudo torto e muito me dá vontade de me rasgar em 418 pedaços). Mas que graça tem? Eu gosto da sensação de saber que pelo menos uma pessoa leu. Sei lá que tipo de defeito no ego causa isso, mas eu gosto, me deixa.

O primeiro endereço, no pain no gain, era uma ode a F.N. (do post anterior). Que eu sou birrenta ninguém duvida e F.N. me enlouquecia com essa bendita frase a cada vez que eu reclamava. De qualquer coisa. Eu ODEIO essa frase com todas as forças do meu cérebro. Que mané mania de achar que tem que sofrer pra merecer recompensa. EU QUERO ARCO-ÍRIS SEM CHUVA, providencie. Isso aí é fruto de muita auto-ajuda, não é possível.

Mas o endereço “atual” (hahaha quem eu quero enganar?), milarga, é uma tentativa desesperada de fazer as pessoas entenderem que é pra.me.largar. Vamo parar de opinar, sugerir, insinuar? Se eu quiser, eu peço.

E eu super vou pedir uma coisa agora.

Porque assim, o blog começou anônimo. Não tinha assinatura, não tinha meu nome, não tinha absolutamente nada que ligasse a mim. Aí uma pessoa achou, outra achou, mais uma, minha mãe. Aí cabô, né? Não sei se cheguei a colocar o link no orkut (aliás, se tem uma coisa que eu não curto nessa vida é sair linkando uma coisa na outra, de modo que nego ache uma e automaticamente ache todas as outras, vamo dar trabalho pros stalkers?), mas hoje em dia todo mundo que me conhece acaba lendo, uma hora ou outra.

Assim, eu nem ligo que vocês leiam. Sério. O que eu não gosto é de perceber que vocês estão lendo.

Calma, deixe-me ser mais específica.

Muitas vezes eu pensei em sumir com essas caixinhas de comentários. Mas aí onde as pessoas comentariam? No meu email. No mundo real. (acontece todas as vezes que as caixinhas somem).

Mas se eu não falei sobre isso no mundo real, um motivo eu tinha. E normalmente é justamente não querer falar a respeito! Eu queria somente e só MONOLOGAR a respeito.

Então fica combinado: você leu algo aqui, fique à vontade pra fazer um trilhão de comentários, floodar minha caixinha. Mas, pfv, não me pergunta nada IRL. Tamo combinados?

(você também, mãe.)

Beijo.