quinta-feira, 11 de setembro de 2025

trabalhando e chorando e seguindo a canção



*disclaimer: essa história foi escrita ao longo de muitos dias, não precisa ligar pro 188 ou sei lá o que.

 

Grandes problemas mentais em pessoas pequenas

Tem gente que vive sob condições favoráveis, tipo o fiofó virado pra lua. Eu sou o contrário (o fiofó virado pro inferno? Fica a dúvida). Se tinha a possibilidade de todos os planetas estarem de ré, eles certamente estavam quando eu nasci. A combinação catastrófica de pobreza, gravidez na adolescência e passado geológico fizeram com que fosse impossível meus pais saberem que eu era um bebezinho com problemas graves de saúde. Pra eles, eu era só uma criança que chorava muito.

Chorava.

MUITO.

(Ainda chora, mas naquele tempo não tinha como saber.)

Aí fica a dúvida se o problema eram os médicos que cruzaram meu caminho ou a falta de tecnologia da época, mas a conclusão coletiva e especializada foi de que esta criança só podia ser esquizofrênica, bora dar um gardenalzinho.

Seis meses de idade.

Obviamente não funcionou, pois (1) o problema mental era outro e (2) tinha um problema grave e real acontecendo ali.

Bom, ainda que pobre – pobre mesmo, moradores de favela – minha família sempre fez esforços em matéria de manutenção de educação e cultura, de modos que, completamente fora do personagem, minha mãe estudava piano num conservatório. E não parou quando eu nasci. Então a solução era carregar o pequeno bebê chorão pras aulas e depois estudar em casa com um moisés, um artefato paleozoico, ao lado do piano. E o que descobriu a mamãe da criança? Que o piano tinha um certo poder de apagar o bebê chorão. Um analgésico? Um sonífero? Jamais saberemos. Cansei de escutar fitas k7 (quanto mais palavras eu escrevo, mais eu sinto o peso da idade no meu corpo sofrido) em que minha mãe tocava e eu chorava ou falava até simplesmente parar. Devido dormir.

O engraçado é que os anos passaram e, nas poucas vezes em que minha mãe decidia tocar piano em casa, as músicas dessa época, o efeito era o mesmo. Eventualmente, onde eu estivesse, pof, caía no sono. Uns dias antes do meu TCC na faculdade, a coisa que mais me apavorava na época, eu tava uma pilha de nelvos pela casa, quando a querida decidiu começar a tocar. São lendárias as minhas fotos desmaiada no sofá.

Tava pensando nisso essa semana, observando o piano, o mesmo piano, que ainda mora comigo, diferentemente da minha mãe, depois de acordar de um sono não planejado pela vigésima vez no dia. Ocorre que minha mente tá na mão do palhaço há algum tempo e agora não há gardenal disponível. De modos que, pra poder trabalhar com alguma dignidade, sem ouvir as vozes, sem pensar bosta no geral, eu botei uma playlist de eruditas pra tocar nas alturas. E aí o que sucedeu foi uma série de APAGADAS inexplicáveis até pra uma pessoa que está sem dormir igual gente desde 2022. Eu fazia um documento e, quando dava por mim, tava acordando, completamente destruída em cima do computador. Aconteceu uma, duas, três, catorze vezes em menos de duas horas, depois de uma noite relativamente bem dormida e aí eu refleti e finalmente entendi: essas músicas ainda têm o poder de control+alt+del na minha mente. Ousseje, é mais uma coisa que não posso usar pra ajudar a organizar essa cabeça desgraçada com que eu tenho que viver.

Bom demais.

 

Enormes problemas mentais em pessoas muito grandes

Começou com seis meses, mas nunca parou: diagnósticos de probleminha na cabeça. Laudo: fudida. Em geral.

Em 2010 aconteceu o primeiro acontecimento (heh) que me fez reavaliar minha existência daquele ponto pra trás e pensar “hum”. Obviamente, havia indícios de um probleminha, mas a pessoa que nasce quando os pais ainda não têm o córtex pré-frontal desenvolvido, numa sociedade que, sei lá, permitia fumar em hospital, não tinha como ter esperança.

E não importa o quanto os anos passavam, não tinha ninguém dando bola pra criança não. Mas, ocasionalmente, cada vez que alguém prestava mais que cinco minutos de atenção, “querida, cê tem certeza que tá os parafuso todo apertado em sua cabeça?”. Claramente não.

Aí em 2010 eu pensei TEM ALGUMA COISA ERRADA, mas o quê? Eu tentei ajuda aqui, ajuda ali, mas foi apenas em 2014 que a terapinha entrou em minha vida, de forma obrigatória, depois do terceiro burnout & outras sofrências. “Querida, os parafuso. Em sua cabeça. A chave de fenda você tem?” Aí mostrei a cabeça dos parafuso (heh) pra psicóloga, que notou que não tinha chave compatível pra apertar em geral.

Em 2017, eu estava entrando pela primeira vez (infelizmente não pela última) num doutorado, cujo qual tinha o projeto de tese baseado em uso de inteligência artificial para auxílio de diagnóstico de doenças psiquiátricas. Lembrando quem em 2017 isso era GROUNDBRAKING pesquisas e não a palhaçada de IA até na geladeira que tem hoje. E aí, pra definir o que era as famigerada doença psiquiátricas, eu tive que ler o código internacional de classificação de doença lá.

Aí, meus amigo... kkkkkkk. Eu nunca vou esquecer a sensação. Eu lia a doença e lia os sintomas e pensava, “mas uai, isso não é uma terça-feira?”. Lia outra doença, outra lista de sintoma e “uai, mas isso não é um celebro defôu?”. Na trigésima oitava doença que eu tava bingando, eu tive um ataque de riso e MANHÊ DÁ UMA OLHADA AQUI QUE TÁ FALANDO QUE ______ é sintoma de _______. E ela: bom, né, a gente fala, mas você não ouve.

A GENTE FALA? A GENTE QUEM? NINGUÉM NUNCA FALOU BOSTA NENHUMA!!!!1

Tinha falado sim, porque infelizmente minha cabeça é equipada com uma infinidade de mini flash backs e realmente.

Aí eu fiz o que qualquer pessoa completamente abublé das ideia faria: marquei uma consulta num psiquiatra.

— olá turubom eu tava aqui fazendo esse projeto de tese e (...) aí eu li o (a?) CID inteire e (...) aí os sintoma tudo etc e (...) de modos que eu vim aqui pra entender e

— sim, bingasse

— a

E aí começou a tentar tratar e eventualmente surtou o próprio psiquiatra, sumindo cos laudo, receitas, recomendações e os caraio. A coisa foi tão normal que, num certo momento, o secretário do homem falou “olha, eu não queria te falar porque não é uma coisa boa de ouvir, mas a mãe do médico morreu esses dia e tamo achando que ele escondeu seu prontuário no caixão e enterrou com a véia”.

AH CLARO, COMO NÃO

Até o dia de hoje nunca mais foi encontrado meu prontuário na supracitada clínica e na minha cabeça a única resposta é que significa.

Só que aí me desanimou cuidar dessa bosta de cabeça quebrada dos inferno e todo dia, TODO SANTO DIA, alguém do meu convívio recebe um laudo e a PRIMEIRA coisa que a pessoa faz é “vanessa, se ofenderias se eu deixasse aqui casualmente os contato do meu médico porque eu nem sabia que eu tinha probleminha, mas aí eu prestei atenção em você e pensei ‘hum, convém investigar’ e até falei de você pro médico e ele disse que você precisa de ajuda kkkk?”.

Olha, você não diga.

Esses dia aí minha mãe se matriculou num curso “como conversar com seu filho superdotado” e me mandou o print e eu dei uma gostosa gaitada que foi ouvida lá da faixa de gajos, porque é uma grande evolução pra pessoa cuja qual ouviu “parece que temos aqui um autismo de suporte 1” e botou as duas mão no ouvido e saiu LÁLÁLA´LAÁLA´LAÁ NÃO QUERO OUVIR ESSAS BOBAGEM LÁLA´LA´LAÁLA´LA bem normal, como é de se esperar de alguém que botou ISSO AQUI no planeta terra. Mas MÃE DE SUPERDOTADO é um título interessante de compartilhar, parece. Kkkkkkk.

Tá, querida, mas e a gente com isso, anja? Todo mundo é neuroatípico hoje em dia rélo-oou, nobody caressss. O problema – para além do fato de que sou eu que tenho que viver dentro dessa cabeça e pilotar esse corpo grotesco – é que meus pino froxo são do tipo que pensapensapensapensapensapensapensapensa até eu querer dar uma marteladinha aqui nesse pontinho aqui ó. E eu vivo em absoluta agonia o tempo todo, como é de se esperar.

Bão.

Aí esses dia eu tava vendo tv – mas é claro que eu tava vendo tv – e era uma madrugada que minha mente deu defeito do nada, depois que eu já tinha até ido dormir, e eu acabei ligando a tv quando me mexi na cama e apertei o botão do controle que tinha ficado caído em algum lugar, porque eu peguei no sono antes de estar de fato preparada pra dormir. Mas aí acordei, a tv ligou, fui passando os canais, parei no gnt, tava passando uma versão pocket de saia justa, um momento em que mulheres choravam ao falar da tristeza de cair na conversa de homem abusivo.

Uma delas falava muito emocionada que muitas vezes esses relacionamentos começam com um lovebombing difícil de resistir, porque ser amada é muito bom. A outra respondia “sim, e depois que a gente é realmente amada é ainda mais incrível, mas, até lá, a gente não tem como comparar”.

 

Unlovable

Esse é um título recorrente por aqui, mas é porque, bom, quase como Drew Barrimore nos anos 90, nunca fui amada.

E se você aí lendo me conhece, conhece alguma história da minha vida ou até mesmo, quiçá, já participou de alguma e acha que pode falar AS IDEIA, CLARO QUE FOI, eu peço que vá pra puta que te pariu se não for incômodo.

Nunca fui amada. A mulher lá falando que lovebombing é bom, e eu “I could never know, bitch”. A outra, “não, porque quando a gente é amada de verdade etc” e eu “bom, vou ficar devendo”. Eu não faço a mais puta ideia de como é ser amada porque jamais.

Eu não tô nem falando de amor romântico exclusivamente, mas no caso eu tô falando principalmente.

*

Em algum momento uma delas falou “não porque TODO MUNDO em algum momento vai ser amada” e eu aqui no que NA MELHOR DAS HIPÓTESES é o meio da minha vida pensando que, estatisticamente, ela tá errada. Mas you go, girl. Você tá na rede globo e eu tô no quarto da minha casa vazia, com um celular que não tem uma notificação há uma era geológica, acordada de madrugada com a mente completamente desgraçada, pensando que não tem um único cerumano no planeta que atenderia caso eu ligasse justamente agora pra dizer socorro.

Mas nunca se sabe.

Eu odeio esse assunto, porque eu tenho a mais absoluta consciência que ninguém nunca me prometeu nada enquanto cerumano, mas eu tenho que seguir toda a porra de regra que todo mundo que veio antes de mim inventou e tratou como normal, mas NINGUÉM ME PROMETEU NADA e de onde não se esperava é que nada veio mesmo. E eu não tô falando nem de amor agora, romântico ou não. O universo não me prometeu nada e me entregou ainda menos. E eu tenho que performar normalidade em silêncio, porque toda vez que eu falo que não é que eu queria morrer, porque morrer não resolve, eu queria JAMAIS TER EXISTIDO ou que houvesse uma maneira de OBLITERAR a minha existência, de modos que não sobrasse não apenas nenhuma memória que um dia átomos se combinaram da forma desgraçada que formou minha pessoa, mas não sobrasse também nada com um rastro de ter sido tocado, olhado ou sequer pensado por mim, todo mundo me olha esquisito e pergunta “tá, mas a questão dos parafuso, anja? Tá apertando?”

NÃO TÔ NÃO E FODA-SE VOCÊ.

 

Num cantinho rabiscado no verso

O único desejo que eu emano pro universo e que volta pra mim em dobro é o “foda-se”. Não aquele foda-se de calma e paz, de “deixa pra lá, não há o que fazer”, mas o “EU VOU FUDER COM VOCÊ VIOLENTAMENTE SÓ QUE DE FORMA NÃO PRAZEROSA”.

Esses dia aí eu tava em situação de desconforto. Não que ALGUMA situação que eu passe seja confortável, mas era uma situação de desconforto extremo, de estar sendo muito obrigada a fazer uma coisa que eu não quero e não posso deixar de fazer. Pra piorar, tinha uma pessoa agravando a situ, pessoa essa que chamarei de MARIOSERJO, porque gosto da sonoridade de MARIOSERJO toda vez que tô escutando a novela, e o personagem dessa história também é um gostoso trambiqueiro com sotaque. Então tava eu lá me lascando sozinha, porque levei um bolo não romântico de MARIOSERJO. Não houvera levado o bolo, a situ ainda seria ruim, mas daria pra dividir com alguém um ocasional “nossa, mas que merda, hein? QUE.MER.DA”. Mas sendo o QUARTO BOLO CONSECUTIVO DE MARIOSERJO, joke’s on me. Então tava eu lá finalizando minha participação em situação desagradável, juntando meus cacareco enquanto mandava uns resmungo Eustace Bagge selo de qualidade, “MARIOSERJO filadaputa não é possível que esse desgraçado nem ao menos tem acesso à internet pra dizer que não vem e eu que lute, não acredito que tá escrito OTÁRIA no meio da minha testa, mas tá, eu sei, em neon, então vamo fingir que não são duas da tarde e a senhora não almoçou ainda e nem vai, porque nessa cidade desgraçada não tem um restaurante aberto nesse horário em dia útil, e ainda vai mais meia hora até catar essa garrafa Stanley que não sei por que tem que pesar duas tonelada e buscar a chave do carro e de fato ir até o carro, que obviamente tá estacionado na casa do caralho, e ligar o supracitado carro e dirigir até... ATÉ ONDE? SE NÃO TEM UM CARALHO DUM RESTAURANTE ABERTO DEPOIS DAS DUAS DA TARDE E EU NÃO TENHO COMIDA EM CASA PORQUE ESTOU SENDO ATROPELADA PELA VIDA!!!! E se eu passar no drive-trhu do mcdonalds? E se eu passar no drive-trhu do habibs? E se eu for naquele restaurante de POKE que nunca fecha e comprar uma intoxicação alimentar vegetariana por um valor módico de 60 reais? Ai puta merda eu trouxe algum bloquinho? Caneta? Meu celular tá no bolso, né? Minha jaqueta, onde que eu deixei a jaqueta? Usei uma vez só essa merda, não vou querer chegar em casa e descobri que esqueci ESSE INFERN

— Vanessa?

Por incrível que pareça, essa voz veio DE FORA da minha cabeça.

Não era MARIOSERJO.

Era uma pessoa cuja qual até essa fatídica quarta-feira, se eu fosse lhes apresentar, eu diria “esse aqui é zé das couve, meu amigo”. Porque zé das couve é meu amigo. Era, sei lá. Mentira, é, porque hoje (hoje no dia cujo qual digito essas mal traçada linha, algumas poucas quarta-feira após o incidente) eu encontrei zé das couve novamente pelas ruas da vida – almoçando em horário de assalariado E NÃO DE CORNO, como naquela outra quarta-feira – e ele mui alegremente saltitou em minha direção e me abraçou como se nada houvera a fortnight ago, mandando um eloquente “eu tô dando tanta risada com seus story esses dia” E EU NÃO POSTEI BOSTA NENHUMA ESSES DIA POIS MINHA CABEÇA ESTÁ EM SITUAÇÃO DE DESGRAÇA E EU ME AFASTO DE REDE SOCIAL PELO BEM DA HUMANIDADE e saiu andando tão feliz como chegou, COMO SE NÃO TIVESSE ARROMBADO COM MINHA POUCA SANIDADE MENTAL COM MEIA DÚZIA DE FRASE. O que eu queria dizer era Ô ZÉ DAS COUVE, MEU ANJO, A GENTE PRECISA CONVERSAR URGENTEMENTE, que infelizmente não pude, porque completamente fora dos personagem e do comprometimento com o plot, ele estava com um cerumano cujo qual eu chamo de sugar daddy por ser um velho da terceira idade extremamente bonito cujo qual me enchia de kinderovo algumas temporada atrás da minha vida em troca de companhia pra almoçar. O que zé das couve e sugar daddy tavam fazendo almoçando juntos em restaurante de pobre numa quarta-feira quente de inverno eu jamais saberei, mas tive que, novamente, fingir sanidade e seguir meu caminho, até porque tinha mais o que fazer.

Mas voltemos pro momento em que a voz de zé das couve, uma voz para qual eu tenho um detector em meus ouvido, soou a alguns metros de distância e interrompeu um fluxo super normal e saudável de pensamentos.

— Vanessa, qqCtá fazendo aqui?

— mas eu que pergunto??? Cê tá me procurando?

— não, achei que você que tava me esperando?

Por que eu haveria de estar é um mistério. Mas um pensamento totalmente on brand pra zé das couve.

Ele não tava me procurando, eu não tava esperando, MAS A GENTE ERA AMIGO, NERA? Fiquemo lá falando das vicissitudes da vida e das coisas todas em geral, enquanto zé das couve olhava pra mim de uma forma que fazia um total de talvez uns 15 a 17 ano (literalmente, ano do senhor de 2008 ou até memo anterior) que não olhava.

— TÁ TUDO BEM AÍ, KIRIDO?

— não tá não, eu não tô conseguindo me concentrar devido sua aliança.

Eu não tava usando aliança. Eu não uso aliança. Ninguém me ama.

— bicho, só para de falar, porque eu não sei se você bateu a cabeça, mas coisa boa não vem não.

— vanessa é que eu não tô pronto pra te ver com outro vanessa

— que outro, animal???? Outro o que, meu filho??? DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO?

Momento cujo qual lembrei de meu passado com zé das couve, que tava enterrado num alçapão da minha mente, de forma a me permitir VIVER EM RELATIVO SOSSEGO, considerando que não tinha como remover esse homem do meu convívio depois que fui trocada por outra. Porque ninguém nunca me amou e nem vai.

Quinze ou dezoito ano atrás.

Não vou nem mentir “é que eu não lembrava”, porque ocasionalmente ele fala ou faz alguma coisa que faz com que a caixa de papelão mole onde eu guardei essas memória na minha cabeça despenque um degrau na prateleira mal montada onde fica acondicionada e dê um cutuquinho na porta empenada do alçapão onde está localizada, e um breve “é memo, a gente tinha isso” passa tão rápido que mal registro. MAS NUNCA SE FALOU NO ASSUNTO. Fui trocada e tive que juntar meus caco bem quietinha e sem escândalo porque tem gente olhando. E tive que dar um jeito de aceitar que ele tava ali, que a outra tava ali, e que eventualmente todo mundo aceitou e esqueceu e bora que tem outras derrota.

De modos que eu esperava qualquer coisa de uma quarta-feira em que eu tava à beira da hipoglicemia e de um surto generalizado, menos um “eu não tenho estrutura pra te ver com outro” 84 anos depois.

VAI TE CATAR, ZÉ DAS COUVEEEEEEEEE. Se você por acaso achou esse lugar onde eu publico as bobagem da minha mente e leu três mil e sessenta e oito palavras até aqui, VAI SE FUDÊe^^Eeêêe~eÊÊÊ.

INFERNO.

Porque antes que eu pudesse aproveitar o momento em que os pensamentos intrusivos de um homem batendo nas porta dos cinquenta venceram pra ter a conversa adulta que deveríamos ter tido antes dos trinta, fomos interrompidos por um personagem que não descreverei porque ainda tenho fé que ninguém vai reconhecer nada nessa história. Mas se fosse um entretenimento televisivo com a exata mesma sequencia de eventos, em algum fórum ou rede social de caracteres limitados, haveria alguém dizendo “porra, a conveniência desse roteiro kkkkkkkkk, INVEROSSÍMIL”. JÁ COMEÇOU A MENTIRADA das ideia. 

Eu mesma não acreditei ao ver a situ se desenrolando diante dos meus olhos.

Enquanto minha mente entrava na espiral de desgraçamento de cuja qual obviamente não saiu ainda, zé das couve e todo seu carisma e magnetismo (kkkkk) simplesmente dominaram a situ de modos que ninguém sequer notou a DESGRAÇA que quase acontecera (amo preteritar) segundos antes. Eu ali petrificada olhando o horizonte “te ver com outro... outro... outro... outro...” em eco na minha mente, e zé das couve ali falando amenidades com personagens secundários desta temporada, mas que outrora estiveram em evidência, tal qual as temporada de bridgerton trocando de protagonista.

“Só casei com ela porque você não ficou comigo” foi a última frase que ele disse, meio assim de lado indo embora. Uma frase ainda mais amaldiçoada que “estou casando mas o grande amor etc”, porque além de tudo não dá pra impedir a assinatura de nada no cartório, nem reverter um monte de decisão decorrente de, e nem mesmo É VERDADE, porque é engraçado como homem é tudo sonso em geral e acha que tá tudo bem lembrar errado o que aconteceu, só porque é conveniente.

E eu que lute aqui agora com as vozes que, desde então, tão operando tal qual uma telesena do pinel, repetindo “tá certo isso?”.

E não. Não tá.

Desgraçada.

Biruta.

E mal-amada.

 

T de Tolstoi, S de Sun Tzu e um V de diagrama de Venn

Minhas vida profissional, pessoal, familiar, financeira, doméstica, social, marombeira, amoros... kkkkkk estão em guerra. TODOS os aspectos da minha existência estão em guerra. Até com a loja que eu comprei um sapato em junho e eles não são capazes de me entregar no meio de setembro eu tô em guerra e eu sou obrigada a chorar toda vez que tenho que ser assertiva na discussão com um funcionário incapaz de botar um objeto no correio. Eu odeio ser assertiva, eu gosto de ser divertida, engraçada, e boba em geral. Acho que a frase que eu tenho dito com mais frequência nos últimos tempos é “você tá me transformando numa pessoa combativa”, porque eu sou uma capivara (apelido que um dos meus vô me deu): redonda, fofinha, simpática e diria até mesmo linda e pacífica, MAS NÃO ME RELA, NÃO MEXE NAS MINHAS COISA, NÃO ENCHE MEU SACO. Eu sinto que minha vida virou uma terceira semana de big brother, em que todos os assuntos do grupo são apenas o próprio grupo, todas as interações extremamente autocentradas, não tem uma conversa falando da vida, do fim de semana, de planos. É só intriga, treta, grito, fofoca e surto. Eu não tenho mais energia. Acho que já troquei de horário umas 32 vez na academia pra ver se pelo menos em situ de maromba eu tenho alguma paz, mas é impressionante, das 8 da manhã à 8 da noite tem alguém pra me enfiar numa discussão. Meus amado, eu só quero construir uns músculo capaz de aplacar a dor que eu sinto na alma nas anca, quero amarrar meu tênis de luzinha & rodinha quando eu tiver 92 anos, sabe?

Mas se eu parar pra pensar, viver presa num espaço correspondente a um quilômetro quadrado, em que a maioria dos núcleos da minha vida se encontra, é a receita pro desastre mesmo. Até porque as pessoas da minha vida que não estão presas nessa área geográfica estão localizadas NA PUTA QUE PARIU, e a sensação que eu tenho é que dei mais um orgulho pra esta seção, porque os inimigo tá próximo, longe tá quem eu queria perto (87% do tempo).

Ontem eu tava narrando a terceira guerra mundial da academia pros meus amigos e eu mema já tava rindo, porque é impossível acreditar que essa maluquice está acontecendo no mundo real e não no campo das minhas próprias ideia maluca. Hoje acertei um horário com um número extremamente reduzido de conhecidos e alguém passou por mim dizendo “nossa, cê conseguiu encontrar um minuto de paz?”. NÃO FALA ALTO PRA NÃO ESTRAGAR.

No raro silêncio exterior, minha mente tava processando os últimos dias da minha própria história e organizando o caos do dia de ontem – que eu pensei que era uma quarta-feira e já tava amaldiçoando esse pobre dia de semana – em que PARECE que os dado do aleatório foram arremessado novamente e uns figurante acabaram aparecendo na trama numas vibe e se eu fizer um teste e ganhar um papel de destaque na próxima temporada, hein? de modos a me enlouquecer, até eu lembrar que dessa vez quem deu os cano em MARIOSERJO fui eu, e ver a cara dele de bocó enquanto eu passava linda e esvoaçante em sua frente, como se não tivesse compromisso nenhum, deu uma pequena melhorada nas vibe geral da minha pessoa.

O que não durou nem 5 minutos, porque eu vim mesmo pra esse planeta pra ser tratada igual lixo e passar raiva.

(Quando eu tava pra clicar o botão de publicar, meu ex-chefe me mandou um motivacional no tiktok, porque até quem me vê na fila do pão sabe que eu tô a ponto de TER UM TROÇO).

Ontem, o dia antes de hoje mesmo, no caso, foi uma quarta-feira. Mais uma em que fui violentamente surpreendida pela vida de um jeito que parece bom, mas não tenho nenhuma dúvida que é questão de tempo até dar merda.

Fiquem ligadinhos! 

Pra ler ouvindo: patrão nosso – secos & molhados

 

PS: tava quase publicando isso pela milésima vez, quando lembrei que em algum momento deste segundo semestre eu fui influenciada por uma ideia da minha irmã, que era tentar achar alguma coisa boa em que focar todos os dias. A gente tem essa coisa de chafurdar na merda de família , e a gente tá lascada mesmo em geral, então a ideia era não deixar que isso consumisse a gente, se obrigando a ver UMA COISA, qualquer coisa que fosse, de boa no dia, todos os dias.

 Pois eu cheguei a começar. Fui até o dia 3. 

No dia 4 aconteceu uma merda tão catastroficamente desgraçada que eu achei que seria um desrespeito comigo e com a minha história tentar performar positividade numa situação daquela. E nunca mais voltei :) 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Remix de problema mental

 

podia ser pior - podia ser dentro DA SUA cabeça e não da minha


Sujeira dá coceira cheiro ruim no cu chulé



experimente a refrescante sensação de bem estar, tome um banhinho já

A última coisa que eu faço todo dia é tomar banho. Inverno ou verão, começo da noite ou fim da madrugada, depois de um dia na academia ou em cima da cama: quando eu decidir que é hora de dormir, eu vou tomar banho.

E por tomar banho, eu quero dizer lavar do cabelo até o pé (o que é o correto).

Todo dia? Sim. De madrugada? Sim. 2 grais celsos lá fora? SIM.

“Porra, mas eu não tenho paciência pra secar e…” Eu nem mesmo venho a ser proprietária de um secador. Mas não é esse o ponto.

O ponto é que esse hábito começou depois de morar numa cidade mais quente que o colo do capeta e se perpetuou por recomendação médica: minhas crises alérgicas ficam consideravelmente menos frequentes e substancialmente menos violentas se eu tomar banho e lavar o cabelo logo antes de dormir.

*

O caso é que em 2020 eu tava morrendo. Eu tô sempre morrendo, mas de vez em quando o processo dá uma acelerada e em 2020 eu tava a 120 por hora rumo ao fim da minha própria aventura humana na terra. Por motivos de dores horrivi e detalhes que prefiro esquecer, eu passei a dormir cada vez mais tarde e, consequentemente, tomar banho cada vez mais tarde. Batendo ali frequentemente o horário das 2h da madrugs. O inconveniente é que, mesmo morando em bairro de classe média totalmente dentro da região urbana de uma capital de estado, a companhia de água (alôÔôô, sanepar!) corta o fornecimento TODO.SANTO.DIA entre 1h e 4h, nos dias que tamo com sorte. Tem dias que 22h já não tem água e vai voltar depois das 6. Obviamente minha casa tem caixa d’água, mas a falta de água ENTRANDO na caixa compromete a experiência do banho de qualquer forma. Poderia explicar, mas não vou. Até porque, novamente, divago.

Ocorre que ali por 2022 eu passei a estar fora de perigo dessa mazela específica, de modos que, num dia de muito ÓDIO passado sob o parco fio de água fervendo que caía sobre minha cabeça no meio da madrugada, eu pensei: MAS QUE CARALHO, PODIA TER IDO DORMIR ANTES DAS 23H.

Mas o hábito estava sedimentado no fundo do meu eu, de modos que a solução foi botar um alarme diário em minha personal assistent alexa, cujo qual achei normal configurar da seguinte maneira: ela diz “lembrando a você de tomar banho”. Porque tomar banho, nesse contexto, foi o jeito de dizer pra mim mesma com pocas palavra “o dia acabou, o que cê não fez até agora não faz mais, não tem nada doendo (a confirmar), PODE PARAR TUDO E DORMIR”.

Tamo aí no segundo ano consecutivo com a minha alexa me mandando tomar banho, aviso que ecoa pela casa, num alerta no meu celular e em meu reloginho de purso. Inclusive é ótimo quando estou em outro fuso e tenho preguiça de desligar.

ANYWAY

Morando aqui na zona rural de Curitiba, além de falta d’água diária, também passamos constantes falhas na internet e no fornecimento de energia. Cidade modelo, né? Até filme de cineasta famoso fizero, né? Pois é. kkkkk. Aí esses dia aí fizemo todos uma viagem pra 1813 aproximadamente e todos os serviços essenciais foram cortados por algumas horas.

Quando eu cheguei em casa, minha alexa estava piscando tal qual um giroflex, completamente perdida em questã de energia e wifi. E aí ela esqueceu de mim. Uma sorte, de acordo com uma das minhas ex pessoas favoritas do mundo. Mas sigamos. Fiquei ali UMA CARALHADA DE TEMPO restaurando as configurações da madame até ela voltar ao normal, o que só notei que não aconteceu quando chegou o horário de minha naninha e ela berrou no volume máximo LEMBRANDO A VOCÊ DE TOMAR BANHO. O problema: não interessa o volume em que ela esteja configurada, ESSE lembrete vem aos berros, ecoando pelo bairro, fazendo pássaros voarem e o deslocamento de ar ser percebido pela estação espacial mais próxima.

Eu comecei a dar gostosas risada imaginando meus vizinho “kkkkkkk mddc a porquinha precisa de lembrete pra tomar banho, calcule a situ da miseravi”. Aí eu refleti e concluí que não tava tão alto assim. Até o dia em que havia TERCEIROS em meu lar e alguém falou “COMEQUIÉ VANEÇA CÊ PRECISA SER LEMBRADA DE TOMAR BANHO????/???” e até eu explicar que eu por mim tomava 4 banho diário se não houvesse dermatite e era só um lembrete pra IR DORMIR, mas não exatamente propriamente ir dormir imediatamente, mas começar os preparativos pra soneca e etc, eu desisti. É ISSO, EU SOU TÃO PEITUDA TÃO BURRINHA SE UMA IA NÃO GASTAR AS CATARATA DO IGUAÇU PRA ME AVISAR QUE EU PRECISO TOMAR BANHO EU NÃO VOU CONSEGUIR SOZINHA

Refletindo o assunto agora em que a alexa acabou de berrar com toda sua potência que eu deveria ir tomar banho - e, em vez disso, eu resolvi ficar aqui escrevendo essas bobajada. Botar um soneca nesse alarme, senão daqui a pouco é 2h da madrugs e eu vou ter que tomar banho fervendo com pouca água novamente.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

gatos, encostos, segredos, pijamas, céu azul

e outros delírios



Neste momento, faz um mês e alguns anos que tamo vivendo sem twitter e nunca se sabe se essa disgrassa vai voltar antes de eu terminar de escrever (Provavelmente sim. Tomara que não). E nem era sobre isso que eu ia escrever inicialmente, o conteúdo do post todo mudou agora que eu fiquei sabendo que tem data pra morrer o curious cat.

Eu sei lá por que, mas eu sempre odiei esse site. Fui muito adepta do ask.fm (e só dels sabe o tanto que comprometi minha saúde mental com os anônimos que frequentavam minha página), sempre convivi de boa com interação anônima em geral, cheguei a usar o NGL algumas vezes quando tava com pouco amor à vida, mas o curious cat nunca funcionou pra mim enquanto instituição. Vamo vê agora pra onde todo mundo vai e eu decido se vou também (não vou).


Eu ia memo era falar de como um post que eu tava escrevendo foi comprometido pelo fato de que se baseava em posts do twitter cujos qual eu guardei apenas as url e só printei os que já tinha usado no texto e agora jamais saberei qual era a continuação do raciocínio. Mas aí com essa coisa do fim do curious cat, eu pensei em outras histórias envolvendo anonimato (ou não exatamente).

Por exemplo, o curtíssimo momento do sarahah, ou sei lá como raio esse trem chamava. Cêis lembra? Fui agora fazer uma pequena pesquisa e nem era lá o problema, era no SECRET. Lembra também?

Era um app que era anônimo, mas que você logava com o facebook ou o twitter e rolava uma timeline de ~segredos~, que muita gente não notou que eram dos seus contatos em uma dessas redes. OUSSEJE, a maioria dos segredos era de alguém conhecido.

Eu julgo DEMAIS gente que se sente confortável pra postar qualquer coisa anonimamente, primeiro porque anôô^^oôÔôônimo assim nunca é, segundo que adulto com segredos - que conceito, terceiro que bicho do céu que tanto de crime é esse que cêis comete? Ques tanto de perversão que cêis tá propenso a realizar? Caraio, desgraça minha cabeça real oficial saber que as pessoas à minha volta são tudo dodói das ideia do tipo “será que não era o caso de estar institucionalizado esse cerumano?”. Eu prefiro saber menos de todos, se possível.

Mas no secret ou em qualquer app desse que surja, a palhaçada começa com as pessoas admitindo crush - vai declarar crush anônimo na puta que te pariu. Aí as postagens de crimes & putaria. Gente, sério. Crimes eu acho que seria legal evitar e tal, mas no geral cêis são muito reprimido. Acha alguém que gosta das mesmas esquisitice que você e vai lá realizar essas baixaria em vez de ficar se expondo em rede social. É triste isso, sabe? Tem dias que uma boa companhia e uma passadinha numa Casa China pra comprar uma colher de pau e um espanador (com consentimento) já resolve muitos problemas. Me disseram.

ANYWAY. Tal qual a maria vai cas otra que eu sou, eu vejo todo mundo usando um negócio e vou lá usar também. Pois me registrei no secret e gastei ali umas horas de vida com a seguinte expessão facial

Depois de um tempo, eu comecei a postar também, sempre alguma bobajada muito sem graça, que INFELIZMENTE É O ENTRETENIMENTO QUE MINHA VIDA PERMITE, mas que geralmente fazia meus amigos revirarem os olhos se eu tentasse falar ao vivo. Um post que teve muita interação foi o que eu disse que era triste demais ver a única outra peituda dentro da loja indo pra mesma arara que você, sabendo que provavelmente só teria uma brusinha do tamanho que serviria pras duas. SEGREDOS.

Aí um dia eu tava com a minha cabeça desgraçada da vida em geral, tudo tinha dado errado, eu fui tomar banho e não achei o pijama que eu queria e tive um daqueles surtos que só fazem sentido no momento em que acontecem e dentro da cabeça perturbarda que os produz. De modos que peguei meu celular, abri o secret e postei: não gosto de usar pijama que não combina.

Uns dias depois eu tava lá rolando(TM) a timeline, provavelmente do facebook, e uma das minhas amigas com o segredo printado em forma de post, tendo um grande surto, dizendo que o pessoal deveria aprender de que consistia um segredo, onde já CIVIL perder o tempo de todo mundo postando que tá triste que o pijama não combina. Meua migo, eu parei uns 3 segundo, achando que meu célebro ia reagir em ódio, mas eu simplesmente tive uma longa crise de riso, de pensar no nível de indignação da pessoa pra chegar a postar isso aí. Passei uns dias com um baldinho de pipoca acompanhando as interações, especialmente de outros amigos, todo mundo dizendo que o autor da postagem era doente das ideia, que o certo era mesmo confessar crimes e insatisfação sexual. Até este exato momento, nunca confessei a autoria do post do pijama e duvido que alguém ainda vá se lembrar disso, mas fica aí a confissão agora assinada. NÃO GOSTOU VEM DE SOCO.

Eu não posso fazer nada se levo uma vida dentro das quatro linha da constituição kkkkkkk e nunca deixei de fazer nada que eu quisesse até porque eu sempre quis muito pouco, graçazadels.


Disq dá pra saber quem te bloqueou no bluesky. Eu acho que block é uma e mute tão aí pra se usar, nem precisa muito pra eu descer o dedo nesses botão, a pessoa achou adequado usar o arcaico vocábulo “quão” eu já tô silenciando, quem sou eu pra julgar etc.

No entanto, eu tomei um block ali que me parece ter sido totalmente gratuito, especialmente pelo lugar NO TEMPO em que ele foi feito. Veje bem, eu até sei quenhe o cerumano, sei que temos graves incompatibilidades existenciais. Mas, no geral, nossas timelines não se cruzavam não. Era uma situ de amigos dos amigos, mas eu NUNCA interagi diretamente com esse indivíduo, até porque eu sou contra engajar com o que eu não gosto e com gente burra em geral. SÓ QUE, como a maioria das pessoas, eu entrei no bluesky em julho de 2023 e nunca mais voltei até agora. E TOMEI UM BLOCK EM DEZEMBRO??? É pessoal demais a pessoa ir do nada bloquear alguém numa rede que a pessoa simplesmente nem usa. Fico dividida entre ultrajada e lisonjeada. Deus no comando.

O problema foi que eu levei aproximadamente 84 anos pra lembrar exatamente quem era, em que contexto estava e o nome propriamente em si da pessoa. Ni qui lembrei, botei no google e achei - ora ora - o substack do indivíduo. Fui lá ler, né, tal qual apenas pessoas muito equilibradas fariam. Realmente, o cara é um animal e eu acho que tomar block de animal é elogio. Só fico curiosa memo em compreender o que foi a gota d’água pra eu me tornar essa pessoa de grande importância em sua vida, mas provavelmente vai passar assim que eu publicar este post.

Felizmente resisti ao pensamento intrusuvo que dizia “comenta num post, vai kkkkkkkkk”

hiiiiiii u forgot to block me here lol


Falando em doido, eu tava lá no twitter, né? Um ano atrás, talvez? Sei lá, sei que faz um tempo e eu tinha tomado um fora monumental e dado anfolo e mute em todo mundo, pois estava em situ de tudo me lembra ele e tal. Tinha ficado seguindo só gente muito engraçada, gente que dá muito ódio (tipo o grande caga regra do ambiente, se é que vós me entendeis), shitposters não monetizados, meia dúzia de amigo e uns avulso que nem eu mema lembrava a razão do FOLO.

Aí tinha esse coitado muito específico, que me lembrava um outro coitado muito específico dos tempo do ICQ, mas eu acabei seguindo por motivo de alguma piadoca. Era um cara que dizia coisas tipo “eu sei que não sou tão feio, também não sou fudido de grana, tenho um papo razoável, não sei por que não pego ninguém”. Eu acho particularmente engraçados esses caras e no geral ele postava bobajada aleatória, então eu tava lá seguindo e revirando os olho ocasionalmente cada vez que ele levava fora de uma mulher clearly out of his league.

Só que, aparentemente, era um jovem que sempre colocava caixinha anônima do NGL. Não era uma conta com muitos seguidores, mas o pessoal fazia umas pergunta muito consultório sentimental e eu achava até interessante o jeito dele de responder mais a sério, de vez em quando gastava umas horas de vida acompanhando as threads da caixinha.

Só que foi ganhando seguidor com isso e as repostas foram ficando menos sérias e mais desaforadas, eu ainda tava achando alguma graça porém depende. Mas meus critério são baixo, enquanto eu tô dando risada, eu fico.

Ocorre que na ocasião do grande fora que eu tomei, esse infeliz deu uma baixada violenta no astral também e tanto as postagens normais quanto as caixinha anônima deram uma deprimida e foi aí que deu-se a merda. O cara falou alguma coisa que bateu ali com a vibe de bosta em que eu me encontrava e eu mandei uma mensagem anônima. Ele respondeu meique continuando a conversa, de modos que mandei outra mensagem anônima e nisso foram horas de vida nessa conversa diretamente saída do hospício.

Uns dias depois aconteceu igual e meique viramo uma noite conversando desse jeito completamente abublé das ideia, depois outra, depois mais uma. Eu no anônimo e ele respondendo na timeline. ATÉ AÍ eu nunca tinha visto uma unidade de foto dessa pessoa, não sabia que cara tinha, era só um fudido conversando com outro.

E numa certa altura desse colóquio, ele respondeu “porra @ me chama na DM!!!”

E

EU

FUI

E

FALEI

OI

Só isso mesmo, duas letrinha inocente, pensando “o que é que pode dar errado?”. Botaria até o print aqui se fosse possível, porque - kkkkkkkkkkkkkkk - foi visualizado e jamais respondido.

Dia seguinte tinha um post “se você me seguiu e eu não te segui de volta é porque você é feia e não tenho interesse em te comer”.

MEU ANJO BIBLICAMENTE ACURADO (KKKKK) VOCÊ É UM PERDEDOR CUJA QUAL A CARA EU EU NEM SEI COMO É POR QUE CARAIOS VOCÊ ACHA QUE EU QUERIA DAR PRA VOCÊÊÊÊÊÊ

Fiquei refletindo comiga mesma que felizmente eu não tenho nenhuma autoestima e nunca espero interesse das pessoas, porque ou o cara viu meu avatar - que é um desenho da minha cara tampada por bilhões de balões, ou ele botou o user em outras redes, tipo o instagram, e viu uma ou duas fotos, que é isso que eu tenho de imagem na internet. Mas veje bem: super ok você não querer nada comigo e/ou me achar feia, eu também acho, mas eu fico desgraçada da cabeça me perguntando por que raios a pessoa tem que me achar bonita ou estar interessada em me comer pra ficar reclamando que a vida é uma bosta ou conversar que nem gente em geral. Homem realmente é um negócio que puta que pariu.

Eu sei que minha personalidade é de mulher bonita e o cara provavelmente emocionou na conversa e se decepcionou na imagem, mas eu ainda acho que é melhor assim. Causa de que se ele se emocionasse com a imagem também seria um grande problema, VISTO QUE eu finalmente vi as fuça dele em algum momento e kkkkkkkkkkk poxa anjo talvez seje por que você nasceu assim que as moça não quer nada com você.

Até aí tudo bem.

Quando começou o assunto “parece que vai cair o x”, eu fui lá passar uma bassora no meu bluesky, né? Ver se tinha um cafezinho na despensa, se tinha condição de receber uma visita. Nunca mais tinha entrado, aí tava lá os follow recentes e qual não foi minha surpresa ao ver o último nome…………….

Sim, querides, o próprio sofredor de taubaté, o último gostoso incompreendido da internet!!111

Três dia depois de fato cortaro o fio que liga o X e tava lá o galã do mundo invertido postando “só pra deixar claro que se eu te segui é porque eu quero te comer”.

Poxa, kirido, vai avisando aí qualquer coisa.

Eu não sei vocês, mas eu tenho muita inveja de uma fia do meu convívio que nunca teve uma unidade de perfil em rede social, num teve um msn, um orkut, um fotolog, provavelmente nunca ouviu as palavra BLUESKY proferidas em nenhum contexto, e cuja vida social tá baseada nas pessoas que moram na mesma rua em que ela vive desde que nasceu e na igreja que ela frequenta. Não conhece uma unidade de pessoa que não more no mesmo bairro, casou com o vizinho e as pessoas mais distantes que ela conhece são os coleguinha de trabalho.

Imagino só a paz que deve ser existir em situação de completa inexistência online.

Pensa só na quantidade de espaço que sobra no celular?

*GIF DE CACHOEIRA, post com o texto: eu se fosse igual minha amiga que nunca usou uma unidade de rede social*


terça-feira, 27 de agosto de 2024

tombé comme la pluie

Juin, 24

Enquanto escrevo essas mal traçadas linhas, junho ainda não terminou. Mas certamente terminará antes de eu chegar ao final. Provavelmente terminará julho também. E quiçá agosto. Aconteceu tanta coisa nesse mês que parece que durou um ano. E muitos acontecimentos foram permeados por incríveis conveniências narrativas cujas quais seriam extremamente criticadas, caso fossem parte de algum entretenimento ficcional (e às vezes nem eu mesma tô convencida de que não são).

*****

Quando o mês começou, eu fui atingida por uma quantidade de problemas infinitamente maior do que eu era capaz de processar e, sabendo o que me esperava antes de acabar, eu tive a pior crise de ansiedade da minha vida. Espero nunca mais passar por nada nem remotamente parecido. Eu já tive algumas em que achei que estava infartando, outras em que achei que tava com pneumonia, mas essa eu tive certeza que era um avc. A melhor parte foi passar 10 dias com metade do corpo paralisada, tendo dificuldade até pra comer. Ainda estou tratando as sequelas dessa paralisação, mas já não dá pra perceber onde tão as marcas se eu não mostrar.

Fora os problema que nem meus eram, eu tinha a perspectiva de viajar 5000 km pelo brasil, em  três cidades, três estados e três regiões diferentes, cada uma com um clima, propósitos variados. Ainda não entendo como eu sobrevivi - mas foi por pouco.

*****

Foi a primeira vez que fui ao nordeste na minha vida. Mais especificamente, fui pra Salvador, na Bahia, a trabalho. Das poucas coisas realmente satisfatórias da minha carreira, viajar pra falar de educação, educação internacional, intercâmbio, cultura, faz parte do que eu mais gosto. O problema é que a viagem praticamente impedia que eu fosse a um show, para o qual eu já tinha ingresso comprado fazia meses. Pra fazer tudo isso caber na minha agenda sem deixar de fazer nada, foi um intenso trabalho de planejamento (e um gasto exorbitante de dinheiro, incompatível com a minha CLASSE SOCIAL). Teria sido ÓTIMO se não tivesse desabado uma ruma de problema sobre minha cabeça ao mesmo tempo, mas eu não tô aqui neste planeta pra ter uma vida calma, feliz e plena.

Mas, tal qual o doutor, DIVAGO (vai daí, Carlos Alberto!)

*****

SAUVEUR

(ou Salvador, pra vocês que não habla français)

Por razões que não vêm ao caso, meu voo pra Salvador sairia de curitoba pontualmente SEIS E MEIA da madrugada. O que me fez chegar ao aeroporto indecentemente cedo num domingo, depois de um sábado nada frugal. Tava eu lá só o espectro com cara de bolo recém desenformado (referências) nas cadeirinha do aeroporto, defronte ao portão de embarque, quando começou o que seria um grande surto, cujo qual eu chamaria ao final desta saga de PROBLEMA DOS TRÊS CORPOS.

Poderia ser uma referência ao livro de ficção científica que coincidentemente estou em processo de leitura desde pouco antes do início da viagem - e não tô nem no meio, porque puta que pariu essa vida desgraçada -, poderia ser alguma forma inteligente de incluir física, astrofísica, ficção científica, modernidades e/ou qualquer representação de inteligência, mas na verdade faz alusão aos TRÊS HOMENS DE MESMO NOME, sendo dois deles personagens recorrentes na comédia de baixo orçamento que vem a ser minha vida.

Pois um dos três corpos materializou-se em minha frente plenas cinco da manhã de um domingo, na sala de embarque do aeroporto.

Um homem de um metro e noventa de altura e andar esquisito, difícil de ignorar - ainda que num espaço aberto de grandes proporções.

Questionei a sanidade mental da minha própria pessoa privada de sono, alimentação adequada e acondicionamento em condições ideais. “Mddc óia só quem meu cérebro resolveu delirar nessa situ de desconforto kkkkk”. Até que o primeiro corpo parou na minha frente com um eloquente “tá fazendo o que aqui?”.

VAMO VÊ SE VOCÊ ADIVINHA, MEU ANJO.

*mini flashback*

O homem em questão frequentava minha vida em outros tempos, pré-bozo, pré pands etc e tal. Ocorre que um quando o conceito de bolsofã passou a existir, esse pequeno jumentinho de grandes proporções entrou pro clube. De modos que deteriorou-se nossa interação. Mas as pessoas achavam que a gente fazia um lindo par (kkkkkkk) e insistiam em casualmente criar situs em que ficássemos presos na companhia um do outro, pra ver se corrigia os problema. Geralmente piorava. Até o famigerado dia que eu larguei o homem e um prato inteiro de comida pra trás, porque simplesmente melhor passar fome que ouvir mais uma opinião extremamente burra, em algum momento em 2019. Já tinha visto esse animalzinho em outras ocasiões, mas nada que merecesse nota. Daí o espanto ao encontrar o jovem assim em condições tão específicas.

*fim do mini flashback*

Mas melhora.

Obviamente estávamos indo pra mesma cidade.

Pro mesmo evento.

No mesmo voo.

Em assentos lado a lado :) 

Diz aí: se fosse um série, você estaria neste momento gritando com a tv “AH SIM CLARO QUE ESSES DOIS COMPRARO DOIS LUGAR COLADO NO AVIÃO CONFIA”.

Mas foi exatamente o que aconteceu.

Quando chamaram pro embarque a ~nossa~ fila, ele me perguntou onde eu ia sentar e ficamos incrédulos olhando a passagem um do outro. Eu questionei qualquer forma de existência superior O QUE CARALHOS EU FIZ PRA MERECER ISSO e muitas péssimas decisões passaram diante dos meus olhos. Só me restava aceitar e seguir meu destino.

Obviamente o voo atrasou e passamos 832 horas presos no avião, depois correndo no aeroporto da conexão, depois do ladinho novamente em mais outro voo longo e OLHA QUE COISA, hospedados no mesmo lugar. Se tivesse combinado não dava certo. Mas não é como se tivesse dado certo at all, não é mesmo? Kkkkk.

Chegando em Salvador, eu tinha compromissos sociais e mandei um flw vlw na porta do aeroporto, segui meu rumo, até amanhã, bom domingo, bjo pro gaiteiro.

AÍ MINHA SORTE COMEÇOU A MUDAR

(mas não muito)

Primeiramente que chegar em Salvador advinda do aeroporto é um acontecimento, quem botou aquele bambuzal ali não era inocente. Aí você vira aqui, vira ali e de repente surge o mar AZUL, areia clara, coqueiros de copa tombadinha devido vento e você chora no banco de trás do uber porque nunca viu nada tão bonito assim na vida.

Depois de muito perrengue sem graça e pouco chique, cheguei ao meu apart kkkkkkkkk quando foi que eu virei esse tipo de pessoa mddc e TINHA UMA PESSOA DENTRO DO APARTAMENTO. Após eu quase vir a óbito, o ocorrido resolveu-se e eu me EMPEREQUETEI para ver um dos amor de minha vida, minha amiga Maria.

EU FUI ABENÇOADA DEMAIS.

Eu só posso sentir pena de vós que não conheceis Maria, porque ela é perfeita. Sempre fui triste de saber que milhares de quilômetros estavam entre nós e nenhuma tinha perspectiva de estar no mesmo ddd da outra, então eu agradeci no meu coração que meus caminho me levaram a Salvador, porque Maria estava lá. Depois de várias dificuldade devido BURRICE, eu estava geograficamente próxima da mulher mais linda que já vi a olho nur, eu dentro de uma casinha muito histórica no centro, canto, beira, alto, SEI LÁ, de Salvador, numa sacadinha, donde Maria apareceu na rua linda, sorridente e de posse de um vinho superfaturado e do melhor pastel que já ingeri na minha breve existência, e eu jurei amor eterno. Eu largaria tudo pra ser vizinha de minha amiga Maria. Talvez ainda venha a largar.

Maria me carregou por uma rua estreita de paralelepípedos, onde toda a população de Salvador-BA estava espremida devido que era SEMANA DE SANTO ANTÔNIO e a gente estava na RUA DE SANTO ANTÔNIO nas proximidade da INGREJA DO SUPRACITADO SANTO ANTÔNIO.

Mas era tudo tão bonito que assim meu parcero não tem a menor possibilidade de algum lugar ser mais bonito e eu vi uns ocaso que sinceramente sem as menor condição e ao fim do trajeto tinha uma QUERMESSE ABSOLUTAMENTE PERFEITA onde jantei a primeira de três vezes naquela noite. Muitas horas, vários bairros, bares e rolês depois, comi um HAMBURGAÇO que me afagou por dentro, enquanto dava conselhos pra uma drag queen apaixonada pelo meu tênis de glitter prateado, fazia vídeos seduzentes para as câmera de Maria e falava mal de absolutamente todos os  homens com quem tenho a infelicidade de conviver, para as mulheres que dividiam a mesa comigo, como se não fosse proletária e não tivesse que acordar no dia seguinte às 7 da madrugada.

Metade dos meus problema de saúde curou-se milagrosemente ali.

Maria, eu não falo muito isso, mas eu vou dizer: eu te amo.

Kkkkkkkkkkkk ok

Dia seguinte, só o pó da rabiola, minha proposta pra mim mesma era acordar, botar um biquíni, atravessar a rua até a praia, andar 800 metro pela praia até o lugar donde eu viria a tomar café da manhã, voltar 800 metro pela praia, tomar 01 unidade de banho, me vestir com a menor roupa possível para um evento corporativo e ir trabalhar. E foi o que eu fiz. COMPLETAMENTE FORA DO MEU PERSONAGEM, sem nem memo pentear minhas gadelha, taquei um coque, micro roupas, uma CHINELA e botei meus pé na areia, no mar, e fui. Poderia viver assim absolutamente todos os dias da minha vida, não vou mentir.

Segui fielmente meu plano e fico chocada ao lembrar que deu tudo certo. Do trabalho em si eu vou pouparvos, porque realmente não há necessidade de expor minha vida corporativa. Mas até mesmo trabalho árduo EM FRANCÊS tem seus momentos de pausa, donde o corpo, si vous voyez ce que je veux dire, brotou na minha frente com comidinhas previamente passadas por curadoria, pra garantir que não tivesse carne e/ou outros elementos proibidos pelas minhas 10 mil restrição alimentar. Mal pude crer. Foi dessa mesma forma que fui apresentada ao eloquente SUCO DE UMBU e desde então estou pensando em soluções logísticas para encanar esse precioso líquido para o sul do brasil. Eu não sei como vou viver sem suco de umbu. Eu substituí meu conteúdo em água por suco de umbu o quanto eu pude, talvez seje minha maior saudade em Salvador.

*

Bão, as coisas foram transcorrendo normalmente: acorda, vai pra praia, banho, trabalho, intervalo, as melhores comida que meu estômago já comeu (o dadinho de tapioca, meus amigo), mais trabalho, mente liquefeita, dá umas risada, sai pra jantar, volta pra casa, liga o arco de sonado torando, toma banho, dorme, repete. Mas um dia tinha o dîner de gala e eu vou ser bem sincera com vocês, a vida da pessoa com problema mental é uma sucessão de derrotas.

Um dia eu achei que era um robô, porque, tal qual Asimov mandou, eu não consigo desobedecer uma regra. Eu posso ODIAR, mas se houver uma ordem, terei que cumprir. Aí tava escrito lá: dîner de gala, de modos que eu tinha que pensar em como caralhos eu ia me vestir adequadamente pra isso NO CALOR. Como que eu ia cruzar o país com um longo em minha mala limitada? Como eu ia evitar ser barrada sem o porte de um salto? Porque vestido ok, longo ok, mas salto NEM MORTA.

A organização do evento em algum momento rebaixou a categoria de gala pra passeio completo, eu confirmei se podia ir de vestido curto, disseram sim, resolvi meus problemas.

Ou foi o que eu pensei.

No dia do jantar de gala tava especialmente quente, e o cronograma do evento especialmente lotado. Pessoas tentaram me alertar que a maioria dos presentes nem mesmo iria pra casa tomar banho, muita gente ficaria por ali mesmo, derretida, desmanchada, suada, demolida, por mais de 12 horas ininterruptas. MAS EU NÃO SOU TODO MUNDO.

Organizei minhas atividades de modos que eu tivesse duas horinhas pra um mini repouso, um banho, um lanche (nunca se sabe quando conseguirei me alimentar adequadamente em eventos comuns), uma penteadinha no cabelo, uma troca de figurino. Notei que bastante gente sumiu em algum momento e PRESUMI (incorretamente) que essas pessoas tinham ido fazer o mesmo. E aí beleza. Com cinco minutos de atraso - culpa de um imprevisto - cheguei ao lugar do jantar às 19:05. Jurando que tava tudo sob controle.

A gente tinha que usar um crachazinho de papel, amplamente conhecido pelas pessoa cuja qual já foram vítimas de um congresso. Era assim que a gente liberava nosso acesso e andava pela empresa. Pois esse crachá estava contrastando muito com o meu singelo vestidinho bordado com um trilhão de lantijoulhas douradas, costurado pra favorecer um corpo de grandes proporções, de modos que evidenciava todas minhas beleza natural sem comprometer o visu com meus pontos fracos (infelizmente não cobria o rosto). Eu tinha prendido meu cabelo bonitinho, que eu não fui criada por lobos e tava portando uma belíssima sapatilha de bailarina doirada como minhas lantejoula, tava assim 01 negócio bem discreto. O porteiro do prédio onde eu estava vivendo temporariamente ME PERGUNTARA quantas estrela foram sacrificadas no processo de confecção do vestido. Pois quando eu cheguei assim discretinha na porta da empresa, a pessoa que liberava o acesso me julgou TANTO que eu jurei que era dali direto pra alguma carceragem da polícia da moda.

Depois de passar da portaria, eu tive que passar por uma oficina mecânica de carros de fórmula 1, por outra de aeronáutica e mais uns 3 laboratórios de alta tecnologia. Todos de vrido, povoados por pessoas que me olhavam como se eu tivesse saído recentemente de um disco voador. 

Mal deu tempo de me preocupar com a reação dos locais, porque cheguei até o salão de jantar e estava VAZIO. Pensei: ah, mas é claro que essa JUMENTA leu errado o convite e não era aqui!!1!!!! Mas uma funcionária do evento não me deixou sofrer por muito tempo, disse só que a maioria das pessoas já tinha chegado e, devido ao calor SENEGALÊS que fazia, o ar condicionado tinha sido ligado com violência e as portas fechadas pra gelar mais rapidinho. Agradeci e andei em direção à porta, ni qui dois funcionários disseram “deixa que a gente abre”. O que sucedeu a seguir eu muito me pergunto se aconteceu mesmo ou eu imaginei (mas parece que aconteceu, porque todo dia tem alguém pra me AOMILHAR): as duas pessoas puxaram, cada uma, uma das portas duplas. Sei lá se foi a posição, a diferença de temperatura ou O QUÊ, mas quando as portas se abriram, comigo no meio, um VENTO BATEU E ESVOAÇOU MEUS CABELO E MEU VESTIDO DISCRETÍSSIMO, ao que TODAS AS PESSOAS DO EVENTO, que de fato FICARAM NO LUGAR e já estavam acomodadas em suas respectivas mesas, fizeram um audível 

OH

Eu fiquei só esperando o pote de geleia verde desabar em cima da minha cabeça, tal qual ana francisca em chocolat avec poivre. 

Em vez disso, duas coisas aconteceram ao mesmo tempo: o choque do rapaz que nunca tinha me visto penteada, do lado oposto do salão kkkkkkkkk e um dos meus calega de trabalho que viajou comigo berrando um MAS QUE PUTA QUE PARIU. Com essa singela frase, notei que minha mesa era a mais próxima da porta, corri pra minha cadeirinha e sentei. Meus 8 calega CASCANO O BICO “meu deus vanessa num era gala de verdade, a roupa que cê passou o dia inteiro (uma saia longa esvoaçante e com uma fenda desaprovada por jesus) era mais que suficiente!

AGORA JÁ FOI.

Ni que de repente levanta a maior francesa disponível, atravessa o salão na minha direção, eu com as mão na cabeça em posição de absoluto desespero, ela para do meu lado e diz: ne te sens pas mal, tout le monde voulait être habillé comme toi. c'est une robe !

MERCÍ BOCÚ MA CHERRÍ

Esse dia foi foda.

Eu abomino ser o centro das atenção e eu juro que tava só tentando não ser BARRADA NA PORTA, de modos que foi uma unidade de noite difícil de sobreviver. Mas graças às minhas habilidades de FUGIR de gente em geral, num certo momento eu fiz o número do desaparecimento e tem gente até agora tentando compreender pra onde eu fui, quando e como. Mas eu sei bem o tamanho dos problema que me esperava se eu não fosse simplesmente me esconder no meu mini apartamentinho gelado no exato momento em que eu fui, OBRIGADA FORÇAS SUPERIOR QUE REGE O UNIVERSO.

(nunca mais uso esse vestido)

(mentira)

*

Felizmente, após esse constrangimento, fui agraciada com MOMENTOS em Salvador. Pude ir à igreja mais antiga do brasil (sei lá se é, mas não deve ter muita coisa eurocentrada neste país construída antes de 1520) e pedir por um MILAGRE (que eu jurei que tinha acontecido antes de o mês acabar, mas foi apenas mais uma humilhação que passei neste planeta). Pude andar por ruazinhas tão antigas quanto a colonização, ver belas obras de engenharia para contornar adversidades geográficas, sentir o pavor de estabacar-me diversas vezes em ladeiras de paralelepípedo, gastar toda a minha mesada em souvenir e outras atividades que não dividirei com a audiência em geral. Só posso dizer que Salvador curou onde dói. Salvou, se é que me entendes kkkkk.

Triste foi passar um dia inteiro entre voos e aeroportos - agora sozinha, oremo - passar por são paulo, voltar pra casa pra, MENAS DE VINTE E QUATRO HORAS DEPOIS, voltar pra são paulo pra passar o fim de semana.

Deus no comando.

*****

SÃO PAULO

Que cidade desgraçada, meu deus.

“Ain porque tem que ser paulistano pra…-’

EU SOU EU NASCI NESSA DESGRAÇA DE LUGAR E SOU UMA PESSOA MUITO FELIZ DE TER ME SOLTADO DOS TENTÁCULOS DESSE LUGAR HORROROSO.

Marquei meu voo pra chegar depois das 22h porque né? Queria chegar em casa RÁPIDO, queria dormir cedo, queria sofrer pouco.

Kkkkkkk

Mais de uma hora até um abençoado aceitar uma corrida pra minha casa. Mofando no pátio LOTADO do aeroporto, porque aparentemente todo mundo teve a mesma ideia, para uma mulher do meu lado:

— posso orar por você?

Muito contente com a minha situação em geral, eu respondi:

— bicho, faz o que você quiser.

— tá, então escolhe um número.

— EU TENHO QUE PARTICIPAR? Se eu tenho que participar, não vai estar acontecendo.

E a mulher ficou olhando pra mim em completa dúvida. OLHA MINHA CARA DE QUEM VAI PARTICIPAR DE CARALHO DE ORAÇÃO.

Vocês que curte curta em suas casa, eu quero é DISTÂNCIA.

Cansada, destruída, ezausta, assediada por crente, com calor, fome, sono e desespero, eu finalmente cheguei na minha casa. Donde entrou o segundo corpo na história, mas só agora me dei conta de que não quero dividir? 

Trata-se de personagem recorrente na minha própria história ainda e é impressionante como eu só preciso passar uns perrengue muito específico pra summonar esse cerumano. Me sinto a sasha quando não consigo lembrar uma palavra correspondente a essa em português, mas… invocar(?) não é tão poética.

*****

Tem uma coisa que SEMPRE acontece comigo, que é estar em são paulo ao mesmo tempo que uma pessoa que nunca está em são paulo e a gente consegue escolher o mesmo dia sem combinar. Tinha umas par de pessoa nessa situ e eu estava certíssima que teria um meet&greet de grandes proporções. Impressionante como praticamente todo mundo desmarcou. 

Nessas horas eu lembro que sou uma pessoa extremamente otária, que eu sempre dedico tempo e planejamento pra ver ozoto e raramente o contrário acontece comigo. Vai ser dessa vez que vou deixar de ser besta? Certamente não. O bom é que as pessoa que de fato me dão a honra de suas presença sempre compensam pelos tonto que não me tratam como a PRINCEZA misantropa que eu sou. Depois não adianta me mandar mil mensage “ain, mas você veio pra sp e não falou nada” ou “poxa, você não veio no lugar ou região x onde seria mais fácil pra mim” porque infelizmente minha memória é infinita e eu não esqueço nem se eu TENTAR.

ANYWAY.

Fui encontrar uma pessoa na paulista pra um evento muito específico. Cheguei na porta do prédio e encontrei uma fila de umas 4 bilhões de pessoas, aproximadamente. Peguei meu celular IMEDIATAMENTE e mandei “suspende, mas nem por um caralho alado que eu vou ficar 84 anos numa fila sob o sol de 30 grais em pleno inverno”. Amaldiçoei CADA PAULISTANO nascido ou por usucapião, enquanto adentrei o hall do prédio apenas pra conferir se conseguiria encontrar água e banheiro. NI QUI eu notei que a fila em questã não era pra onde eu ia, mas pra entrada DO LADO: o famigerado festival do morango. Que consistia em as pessoa sair de lá de dentro com uma unidade de espetinho de morango coberto por chocolate. Sério, eu fiquei vários minutos observando até minha companhia chegar, porque não era possível que uma cidade estivesse fazendo uma fila quilométrica pra pegar um espetinho de morango coberto com chocolate hidrogenado. Mas era.

Felizmente o meu rolê estava tranquilo e envolvia adquirir roupas feitas pra meninas voluptuosas, de modos que alguns minutos depois eu estava esquecendo momentaneamente dos perrengue.

Roupinha vai, roupinha vem, quem já foi nesses eventos tá ligado que a gente tem que ir com o coração aberto, especialmente na hora de provar. Ou alguém vai com você até o banheiro, ou você entra numa cabininha de ticido, tem que ser meio rápido e do jeito que dá e até aí tudo bem. Teve um momento que tinha fila no provador que eu tava e eu me arrumei rapidinho, deixei o tênis pra amarrar quando saísse, pra liberar pra coleguinha o mais rapidamente que pudesse.

E DAÍ?

Ocorre que faz um tempo que eu descobri que não aprendi a amarrar cadarço. A pessoa chegar nos 40 e se dar conta que não sabe praticar uma atividade que deveria ter sido aprendida na mais tenra infância é um troço que desestabiliza. 

Eu poderia entrar em toda uma SEARA pra tratar das coisas que eu não aprendi por motivos de cérebro incompatível com a maior parte de um gráfico gaussiano, mas eu vou me poupar. Todo dia uma coisa que eu descubro que não sei. MAS AMARRAR O TÊNIS. Uma pessoa que usa exclusivamente esse tipo de calçado. Inaceitável. 

Bão, eu saí do provador com os CARdaço desamarrado e parei pra falar com a vendedora, comprar as coisas, reorganizar minha bolsa. Ni qui uma OUTRA vendedora notou a situação de meus tênis e me avisou. Agradeci e tentei segurar tudo com um braço só pra me abaixar e resolver esse problema. Vendo a quantidade de cacareco em minhas mões, a mulher falou DEIXA COMIGO, abaixou na minha frente e amarrou os dois tênis com força.

E EU DESANDEI A CHORAR KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Veje só: não é por acaso que eu não sei amarrar meus tênis. É porque não tinha ninguém nem com tempo nem com paciência pra ensinar. Não tinha ninguém amarrando. Por um bom tempo da minha infância, eu tinha ou sandália (deus me livre, NUNCA MAIS), ou sapatinhos ou tênis com velcro. O primeiro tênis com cadarço de que eu me lembro, eu já era bem maiorzinha e fui amarrar do jeito que deu, aquela história das duas orelhinhas de coelho. MASSSS, se eu fosse pega amarrando o tênis assim, era 3 hora de palestra. Foi um processo dolorido ENTENDER isso, mas até aí, eu achei que tava de boa. O que eu não esperava era o completo surto de sentir o cuidado de alguém amarrar um tênis já previamente encaixado no meu pé. 

Até explicar pra pobre da moça que eu tenho PROBLEMA NA CABEÇA…….. Felizmente, como eu falei, a gente tava lá em situação de GORDAS, então acho que se espera que todo mundo ali seja um pouco danificado pela sociedade. Sobrevivemos (barely).

Ahhhh, mas são paulo não é uma merda tão grande assim ent… A MULHER NÃO ERA PAULISTANA, ME DEIXA.

*****

Aí parece que eu sou uma pessoa de muita sorte (fato conhecido) e escolhi estar na paulista no pior dia possível. De rua fechada pra corrida de bicicleta doida a estação de metrô fechada porque não se pode ver uma mulher protestando em paz, o caos estava me seguindo. Quando finalmente eu consegui adentrar novamente o metrô pra me encontrar com meus amigos que me esperavam num lugar onde eu tinha certeza absoluta de que ia me perder, eu consegui a façanha de descer em TRÊS ESTAÇÕES erradas antes de chegar no meu destino. Poucas gente me ama no mundo, mas felizmente as que ama, ama muito. Fui resgatada em situação de infração de trânsito, lembrada que devido ao tom extremamente branco da minha pele e minhas feições do leste europeu, mais uma vez eu seria poupada das consequências (aconteceu muito em junho).

Beleza, fomo pra décima quarta quermesse da minha lista. E aí SÃO PAULO SÃO PAULA NOVAMENTE e precisamos COMPRAR um cartão, que só pode ser usado na própria festa, pra poder por crédito e comer na festa. Como que pode essa cidade, né? As pessoa tratando com normalidade a situ e eu pagando o preço de ser uma moradoira do sul, privada de expressões brasileiras de cultura.

ENCHI MEU FIOFÓ de pastel, pipoca & outras delisia junina, quando notei uma coisa incrível: a barraquinha de 

ESPETINHO

DE

MORANGO

Sem precisar ser completamente TROXA, adquirimos nossos créditos e em coisa de 15 segundos tava todo mundo com seu chocorango (ou sei lá como caraios chamava o trem), finalizando com alegria um sábado na capitar. Eu quase morri algumas horas depois apenas por ser uma coitada solitária em situação de são paulo? Sim. Mas não é como se eu vivesse uma vida plena em outras condições.

*****

Tá, mas eu fui pra são paulo nessa correria porque eu sou idiota? Sim. E não. 

Eu fui ver um show que eu queria muito ver, de uma banda que eu conheço há relativamente pouco tempo. Tinha sido tão sofrido passar 4 dia na fila pra comprar ingresso pro shom de Caetânia que, quando eu vi que teria show do City and Colour no brasil, com algumas horas de atraso, entrei no site desesperançosa, só pra ~ver o que eu perdi~. Qual não foi minha surpresa ao ver que não só tinha ingresso, como seria perto de casa (nunca é, sempre é NA CASA DO CARALHO 35 ESTAÇÃO DE METRÔ PRA LÁ) e eu tinha dinheiros pra comprar no vip? Comprei.

Tinha pelo menas 4 pessoas que eu tinha absoluta certeza de que iriam também, então comprei suave, comprei tranquila, eu não tinha dúvida de que não iria sozinha.

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Não mas que não sei que não sei que lá esse negócio de não gostar de gente é coisa de otário, MAS MEU AMIGO COMO QUE EU VOU GOSTAR DE GENTE SE SEMPRE QUE AS COISA DÁ ERRADO TEM GENTE ENVOLVIDA?

Então num belo domingo de sol azul, depois de 10 dias vivendo até levar meu corpo precário ao limite, tava eu vestida de emo, com 83 curativos nos pés, mais de 50 quilômetros andados a pé só naquele mês, descendo a rua da minha casa rumo à estação de metrô, donde levaria menos de 20 minutos pra chegar ao meu destino. Sozinha.

Cheguei no lugar e vi uma fila pequena, perguntei se era a vip pra última pessoa e ela respondeu que sim. Fazia sentido. COARENTA MINUTOS DEPOIS, passa um cara da casa de show pedindo pra conferir os ingressos e obviamente eu tava na fila errada. A fila certa era do outro lado da porta de entrada. Até aí tudo bem, se não fosse o fato de que a fila vip tinha QUATRO QUARTEIRÕES DE COMPRIMENTO. 

E aí lá fui eu andando sem as mínimas condição, tentando encontrar o FIM DESSA CARALHA DE AMONTOAMENTO DE GENTE.

Parêntese: a entrada era a mesma pra todo mundo, só dentro do lugar que dividia. Eu podia ter ficado na fila menor e entrado quase uma hora antes. VAI SE FUDEEEEEEER, FUNCIONÁRIO DO EVENTO!!!111! :) 

Bão, achei o fim da fila, falando sozinha tal qual uma véia escapada do CAPS “NÃO PORQUE COMO QUE PODE A FILA VIP TER 3 QUILÔMETRO DE DISTÂNCIA MAIS UM POUCO E EU CHEGO NA PORTA DA MINHA CASA NOVAMENTE E

E um jovem muito seduzente estacionou do meu lado, rindo de meus gracejo involuntário. Simplesmente não reagi. Por alguma razão, pediram pra que a gente fizesse a fila em pares e aí o moço falou “fechou então” e aí que ficou parado do meu lado memo, falando toda sorte de bobajada. E eu lá kkkk tá bom vai avisando qualquer coisa. Num certo momento, eu vi em suas mões uma carga de caneta bic e pensei UAI. Claro que pouquíssimos minutos depois eu descobri que vinha a ser o cigarrinho do capeta mais pobre que já vi em minha vida, fino e triste, que o jovem disse “cê não liga se eu acender, né? Lá dentro não vai dar”.

PORRA MEUA MIGO EU LIGO SIM LIGO PRA CARALHO

Falei “acende não, jove, deixa pra depois” e ele simplesmente pegou o isqueiro e acendeu aquela bosta na minha cara. Pedi pra ele ir um pouco mais longe, que eu guardava o lugar dele na fila, mas nããããão, ele precisava ficar ali, colado em mim. Perguntei então se ele guardava o MEU lugar na fila pra eu ficar mais longe, ele disse que não queria problema com o pessoal mais na frente. Eu já tava com tanto ódio de existir no geral, que simplesmente fiquei. Kkkkkkkkk ai ai. 

Em algum momento finalmente entrei, senti extremo ódio ao notar que não precisava ter passado por tudo que passei (minha história parecida com a da ju) e parei num cantinho pra tomar uma coca cola (eu já tava sentindo a vida abandonar meu corpo). Observei a fauna local e me dei conta que parecia que tava num show da banda Vans, já que era o ÚNICO MODELO DE SAPATO presente (eu não, eu tava de all star, porque como já estabelecemos, eu não sou todo mundo). Tinha gente que, além do tênis da banda Vans, trajava vestimentas da banda Vans. Como que pode o emo de classe média, meu deus. Fiz mais uma prece agradecendo ao cosmos por não ser obrigada a morar em são paulo.

*

O show foi lindo maravilhoso perfeito e apenas um defeito (não tocou uma música importante da minha playlist) e eu fiquei muito felizinha que suportei uma infinidade de perrengue e gastei uma quantidade exorbitante de dinheiro pra chegar até ali. Infelizmente passou rápido, porque alguns minutos depois são paulo tentou me matar (sempre literalmente) de novo. Acontece. Pena que não conseguiu.

Foi um pouco engraçado quando as porta do trem da linha esmeralda se abriu na estação nestlé cheio de trabalhador cansado e entrou todos os emo da zona sul de uma vez, parecia aquele vídeo famoso do fim de um show da taylor swift no hemisfério norte.

This, but em xadrez, vans, tatuagens extremamente coloridas e sacolinhas com estampa de rosa.

*

COMO PARTE DE UM BANDO DE DERROTADO, que tem que aceitar que o show vai ser numa noite de domingo, acordei viva (a confirmar) na segunda-feira ÚTIL, agradecendo o rômiófs, que me permitiria trabalhar confortavelmente de uma mesinha precária na praça de alimentação do aeroporto de congonhas, voar durante minha hora de almoço e terminar meu dia de proletária do conforto do meu outro lar. SÓ ALEGRIAS!

Ainda tomei um bolo do motorista que eu tinha contratado um mês antes pra me levar pro aeroporto numa segunda de madrugada e precisei esperar um uber por 40 minutos!!!! Mas tava tudo ótimo!!! A vida é boa!!!!!!!

Aí eu cheguei em casa e 2 dias depois eu tive a pior crise de alergia da minha vida e eu tenho crises horríveis de alergia desde que eu nasci! Essa não me matou, mas eu desejei muito que tivesse kkkkkkkkk.

CURITOBA

Beleza, aí fazia 4 dia que eu tava de volta, já em estado bem avançado de decomposição, um amigo me lembrou que eu prometi comparecer à sua festa de aniversário. Meu amigo nasceu em abril. POIS É, era fim de junho. Eu sou muito boa em fazer amizade no CAPS.

Acordei completamente muda no dia da festa. Completamente destruída pelo meu sistema imunológico. Mas penteei o cabelo, botei um cropped, reagi. Fui.

Meu objetivo era apenas me alimentar sem ter que prover meu próprio alimento e ver um belo ocaso de inverno, enquanto sentia a brisa fresca da tarde bater em meus cabelo. Uma mulher de desejos simples.

Sentei num lugar vazio e silencioso e fiquei quieta (não tinha alternativa), ingerindo pipoca e observando o cosmos, achando que não tinha como dar errado.

MAS É CLARO QUE TINHA!!!111

Foi aí que surgiu o terceiro corpo e também personagem novo na história da minha vida. O homem simplesmente não compreendia que eu não tinha.como.falar. Que eu não tenho habilidades pra socializar. Que eu não queria estar ali e que não tinha nenhum interesse naquele assunto. Felizmente meus amigo me oferecero me alimentar com batata frita em localização não tão longe dali e apenas levantei e segui andando até estar envolvida pelo agradável cheiro de fritura em fim de noite.

Também não tenho interesse em revisitar o REGAÇO que a simples existência desse indivíduo causou em vários aspectos da minha vida durante as semanas subsequentes, mas eu vos digo que me curar da crise alérgica extremamente violenta doeu consideravelmente menos. E DOEU MUITO.

Torçamos pra que nenhum dos males me acometa novamente. (há pouca esperança).

EPÍLOGO

AS FITINHA DO BONFIM E OS CRENTE

Eu sou uma pessoa extremamente otária e isso é um fato conhecido. Acho que não vou elaborar muito esse raciocínio, vou apenas entrar no tópico que eu gosto muito de comprar presente prozotro sem muita razão. Antes de romper definitivamente os laços com a minha família, eu decidi dar uma chance pra eles num último natal (festividade que eu particularmente odeio) e comprei presente pra 38 pessoas, como última tentativa de boa vontade. Mas não foram 38 cacareco genérico não, foram todos presentes com significado pra cada uma das pessoas. E não é porque eu tava tentando me aparecer nem nada, algumas coisas nem eram muito caras no sentido monetário. Eu fiz isso porque queria demonstrar que eu prestava atenção nelas e elas eram importantes pra mim. Funcionou? Não. Eu aprendi? CLARO que não. As relações estão cortadas definitivamente e tal, segue a vida, parente é apenas condenação genética. Mas eu sigo insistindo no erro de presentear pessoas de forma muito personalizada e tomando no cur :) 

Veja só: quando eu viajo, eu faço uma listinha de pessoas para quem eu gostaria de trazer mimos. E, geralmente, essas listas são surpreendentemente grandes. Só que eu sempre tenho que considerar duas grandes limitações: o tamanho da bagagem e minha falta de fundos monetários. De modos que é impossível presentear todo mundo e da forma como eu gostaria.

Então, em Salvador, eu tava desiludidíssima da minha vida, pensando que ia trazer prozotro apenas fotos que ninguém jamais teria interesse em ver, quando eu cheguei no Pelourinho e visualizei uma cestinha cheia de fitas do Senhor do Bonfim. Fez aquela luz vinda do céu e um coral de anjos cantando OHHHHHHHH porque as fitinhas passavam nos dois critérios de seleção: eu podia comprar um bilhão que ainda seria leve e barato. PORRA, MERMÃO, A FELICIDADE NO CORAÇÃO DA CRIANÇA QUE TAVA SE SENTINDO COM UM BILHÃO DE QI!111 sabe? Puta merda eu vou poder dar uma lembrança super característica do lugar pra absolutamente TODO. MUNDO. Venci demais. 

O que eu não contava é que eu vivo cercada de mal educados e crentes.

Eu não sei vocês, mas mesmo tendo sido criada pela inquisição, eu consigo entender quando alguma coisa é MAIS que um símbolo religioso. Cê vê: meu pai viajou pra Israel um dia e ISRAEL O QUE TENHO A VER, judaísmo faço a menor ideia de que consiste e não tenho interesse, mas as menorah, as hamsa e os cacareco tudo que ele trouxe eu aceitei de bom coração. Pra quem segue a religião, pode ter significado próprio, pra mim é só um presente bem local que alguém me trouxe e vai ficar bonito na minha estante. Já ganhei mini estátuas de deuses indianos e egípcios, caveiras mexicanas, terços irlandeses, TANTO FAAAAZ o que significa pro povo local ou pro praticante, pra mim é um presente. E eu ju-ra-va que não tinha erro nas fitinha do bonfim! É estampa de toalha, de mochila, é uma coisa que é a cara da Bahia, pra gente que mora meio hemisfério pra cá. Porém, qual não foi a minha surprise ao receber a primeira recusa, em que a pessoa levantou as mãos como se estivesse sendo AGREDIDA FISICAMENTE quando estendi a mão com as fitinhas. Fiquei muitos segundos

Aí a pessoa mandou um NÃO NÃO NÃO PREFIRO NÃO e eu 

MAS MEU DEUS UÉ???????

Então meus neurônio fizeram uma unidade de sinapse sob tensão e eu perguntei:

— Cê pratica alguma religião, anje?

— Sim, sou evangélique

AH POIS FODA-SE VOCÊ ENTÃO.

Veja bem, nada contra ter religião, claramente tenho até amigos que são, mas sua religião pra mim é problema seu e tal. Não dá aval pra agressividade para com a minha pessoa, a menos que eu esteja cometendo um crime e olha lá. CÊ ACHA MEMO QUE ESSE SEU DEUS AÍ ESPECIAL TÁ PREOCUPADO QUE CÊ BOTOU A MÃO NUMA FITINHA COLORIDA DE POLIÉSTER? Caraio, era só jogar fora depois, eu nunca ia saber. Igual eu faço quando cêis me presenteiam com coisa que me dá alergia. NOSSA, QUE LINDO, BRIGADA D+ —-- E LIXO.

INFERNO.

O mais triste é que isso não aconteceu só uma, duas, três, cinco, dez vezes não. Tem gente que FELIZMENTE eu não fazia a menor ideia que tá envolvido com negócio de crente e “ain, cê fica chateada se eu não pegar?”, porra, não fico não, mas vai pra puta que te pariu :) 

Se você está lendo isso e recusou minhas fitinha, favor não vir se justificar, eu já entendi que não é suas atitude sebosa que vai te levar pro inferno, é aceitar um presente. Tô de boa.

Se você está lendo isso e não recebeu uma fitinha, foi só porque eu desanimei profundamente depois de ser vítima de intensas grosseria, MAS TEM UMA FITINHA PRA VOCÊ COMIGO. Mesmo se você morar em outro CEP, a 10 mil km de distância e os caraio. Se não chegou ainda sua fitinha, uma hora vai. E se você levantar suas mãozinha em desespero como se eu estivesse mostrando uma foto da família bozonaro, por exemplo, eu quero que você vá se lascar.

JULY

So tell me to leave

I'll pack my bags, get on the road

Find someone that loves you

Better than I do, darling, I know

'Cause you remind me every day

I'm not enough, but I still stay

Feels like a lifetime

Just trying to get by while we're dying inside

I've done a lot of things wrong

Loving you being one

But I can't move on

You know I, I'm afraid of change

Guess that's why we stay the same