Juin, 24
Enquanto escrevo essas mal traçadas linhas, junho ainda não terminou. Mas certamente terminará antes de eu chegar ao final. Provavelmente terminará julho também. E quiçá agosto. Aconteceu tanta coisa nesse mês que parece que durou um ano. E muitos acontecimentos foram permeados por incríveis conveniências narrativas cujas quais seriam extremamente criticadas, caso fossem parte de algum entretenimento ficcional (e às vezes nem eu mesma tô convencida de que não são).
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Quando o mês começou, eu fui atingida por uma quantidade de problemas infinitamente maior do que eu era capaz de processar e, sabendo o que me esperava antes de acabar, eu tive a pior crise de ansiedade da minha vida. Espero nunca mais passar por nada nem remotamente parecido. Eu já tive algumas em que achei que estava infartando, outras em que achei que tava com pneumonia, mas essa eu tive certeza que era um avc. A melhor parte foi passar 10 dias com metade do corpo paralisada, tendo dificuldade até pra comer. Ainda estou tratando as sequelas dessa paralisação, mas já não dá pra perceber onde tão as marcas se eu não mostrar.
Fora os problema que nem meus eram, eu tinha a perspectiva de viajar 5000 km pelo brasil, em três cidades, três estados e três regiões diferentes, cada uma com um clima, propósitos variados. Ainda não entendo como eu sobrevivi - mas foi por pouco.
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Foi a primeira vez que fui ao nordeste na minha vida. Mais especificamente, fui pra Salvador, na Bahia, a trabalho. Das poucas coisas realmente satisfatórias da minha carreira, viajar pra falar de educação, educação internacional, intercâmbio, cultura, faz parte do que eu mais gosto. O problema é que a viagem praticamente impedia que eu fosse a um show, para o qual eu já tinha ingresso comprado fazia meses. Pra fazer tudo isso caber na minha agenda sem deixar de fazer nada, foi um intenso trabalho de planejamento (e um gasto exorbitante de dinheiro, incompatível com a minha CLASSE SOCIAL). Teria sido ÓTIMO se não tivesse desabado uma ruma de problema sobre minha cabeça ao mesmo tempo, mas eu não tô aqui neste planeta pra ter uma vida calma, feliz e plena.
Mas, tal qual o doutor, DIVAGO (vai daí, Carlos Alberto!)
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SAUVEUR
(ou Salvador, pra vocês que não habla français)
Por razões que não vêm ao caso, meu voo pra Salvador sairia de curitoba pontualmente SEIS E MEIA da madrugada. O que me fez chegar ao aeroporto indecentemente cedo num domingo, depois de um sábado nada frugal. Tava eu lá só o espectro com cara de bolo recém desenformado (referências) nas cadeirinha do aeroporto, defronte ao portão de embarque, quando começou o que seria um grande surto, cujo qual eu chamaria ao final desta saga de PROBLEMA DOS TRÊS CORPOS.
Poderia ser uma referência ao livro de ficção científica que coincidentemente estou em processo de leitura desde pouco antes do início da viagem - e não tô nem no meio, porque puta que pariu essa vida desgraçada -, poderia ser alguma forma inteligente de incluir física, astrofísica, ficção científica, modernidades e/ou qualquer representação de inteligência, mas na verdade faz alusão aos TRÊS HOMENS DE MESMO NOME, sendo dois deles personagens recorrentes na comédia de baixo orçamento que vem a ser minha vida.
Pois um dos três corpos materializou-se em minha frente plenas cinco da manhã de um domingo, na sala de embarque do aeroporto.
Um homem de um metro e noventa de altura e andar esquisito, difícil de ignorar - ainda que num espaço aberto de grandes proporções.
Questionei a sanidade mental da minha própria pessoa privada de sono, alimentação adequada e acondicionamento em condições ideais. “Mddc óia só quem meu cérebro resolveu delirar nessa situ de desconforto kkkkk”. Até que o primeiro corpo parou na minha frente com um eloquente “tá fazendo o que aqui?”.
VAMO VÊ SE VOCÊ ADIVINHA, MEU ANJO.
*mini flashback*
O homem em questão frequentava minha vida em outros tempos, pré-bozo, pré pands etc e tal. Ocorre que um quando o conceito de bolsofã passou a existir, esse pequeno jumentinho de grandes proporções entrou pro clube. De modos que deteriorou-se nossa interação. Mas as pessoas achavam que a gente fazia um lindo par (kkkkkkk) e insistiam em casualmente criar situs em que ficássemos presos na companhia um do outro, pra ver se corrigia os problema. Geralmente piorava. Até o famigerado dia que eu larguei o homem e um prato inteiro de comida pra trás, porque simplesmente melhor passar fome que ouvir mais uma opinião extremamente burra, em algum momento em 2019. Já tinha visto esse animalzinho em outras ocasiões, mas nada que merecesse nota. Daí o espanto ao encontrar o jovem assim em condições tão específicas.
*fim do mini flashback*
Mas melhora.
Obviamente estávamos indo pra mesma cidade.
Pro mesmo evento.
No mesmo voo.
Em assentos lado a lado :)
Diz aí: se fosse um série, você estaria neste momento gritando com a tv “AH SIM CLARO QUE ESSES DOIS COMPRARO DOIS LUGAR COLADO NO AVIÃO CONFIA”.
Mas foi exatamente o que aconteceu.
Quando chamaram pro embarque a ~nossa~ fila, ele me perguntou onde eu ia sentar e ficamos incrédulos olhando a passagem um do outro. Eu questionei qualquer forma de existência superior O QUE CARALHOS EU FIZ PRA MERECER ISSO e muitas péssimas decisões passaram diante dos meus olhos. Só me restava aceitar e seguir meu destino.
Obviamente o voo atrasou e passamos 832 horas presos no avião, depois correndo no aeroporto da conexão, depois do ladinho novamente em mais outro voo longo e OLHA QUE COISA, hospedados no mesmo lugar. Se tivesse combinado não dava certo. Mas não é como se tivesse dado certo at all, não é mesmo? Kkkkk.
Chegando em Salvador, eu tinha compromissos sociais e mandei um flw vlw na porta do aeroporto, segui meu rumo, até amanhã, bom domingo, bjo pro gaiteiro.
AÍ MINHA SORTE COMEÇOU A MUDAR
(mas não muito)
Primeiramente que chegar em Salvador advinda do aeroporto é um acontecimento, quem botou aquele bambuzal ali não era inocente. Aí você vira aqui, vira ali e de repente surge o mar AZUL, areia clara, coqueiros de copa tombadinha devido vento e você chora no banco de trás do uber porque nunca viu nada tão bonito assim na vida.
Depois de muito perrengue sem graça e pouco chique, cheguei ao meu apart kkkkkkkkk quando foi que eu virei esse tipo de pessoa mddc e TINHA UMA PESSOA DENTRO DO APARTAMENTO. Após eu quase vir a óbito, o ocorrido resolveu-se e eu me EMPEREQUETEI para ver um dos amor de minha vida, minha amiga Maria.
EU FUI ABENÇOADA DEMAIS.
Eu só posso sentir pena de vós que não conheceis Maria, porque ela é perfeita. Sempre fui triste de saber que milhares de quilômetros estavam entre nós e nenhuma tinha perspectiva de estar no mesmo ddd da outra, então eu agradeci no meu coração que meus caminho me levaram a Salvador, porque Maria estava lá. Depois de várias dificuldade devido BURRICE, eu estava geograficamente próxima da mulher mais linda que já vi a olho nur, eu dentro de uma casinha muito histórica no centro, canto, beira, alto, SEI LÁ, de Salvador, numa sacadinha, donde Maria apareceu na rua linda, sorridente e de posse de um vinho superfaturado e do melhor pastel que já ingeri na minha breve existência, e eu jurei amor eterno. Eu largaria tudo pra ser vizinha de minha amiga Maria. Talvez ainda venha a largar.
Maria me carregou por uma rua estreita de paralelepípedos, onde toda a população de Salvador-BA estava espremida devido que era SEMANA DE SANTO ANTÔNIO e a gente estava na RUA DE SANTO ANTÔNIO nas proximidade da INGREJA DO SUPRACITADO SANTO ANTÔNIO.
Mas era tudo tão bonito que assim meu parcero não tem a menor possibilidade de algum lugar ser mais bonito e eu vi uns ocaso que sinceramente sem as menor condição e ao fim do trajeto tinha uma QUERMESSE ABSOLUTAMENTE PERFEITA onde jantei a primeira de três vezes naquela noite. Muitas horas, vários bairros, bares e rolês depois, comi um HAMBURGAÇO que me afagou por dentro, enquanto dava conselhos pra uma drag queen apaixonada pelo meu tênis de glitter prateado, fazia vídeos seduzentes para as câmera de Maria e falava mal de absolutamente todos os homens com quem tenho a infelicidade de conviver, para as mulheres que dividiam a mesa comigo, como se não fosse proletária e não tivesse que acordar no dia seguinte às 7 da madrugada.
Metade dos meus problema de saúde curou-se milagrosemente ali.
Maria, eu não falo muito isso, mas eu vou dizer: eu te amo.
Kkkkkkkkkkkk ok
Dia seguinte, só o pó da rabiola, minha proposta pra mim mesma era acordar, botar um biquíni, atravessar a rua até a praia, andar 800 metro pela praia até o lugar donde eu viria a tomar café da manhã, voltar 800 metro pela praia, tomar 01 unidade de banho, me vestir com a menor roupa possível para um evento corporativo e ir trabalhar. E foi o que eu fiz. COMPLETAMENTE FORA DO MEU PERSONAGEM, sem nem memo pentear minhas gadelha, taquei um coque, micro roupas, uma CHINELA e botei meus pé na areia, no mar, e fui. Poderia viver assim absolutamente todos os dias da minha vida, não vou mentir.
Segui fielmente meu plano e fico chocada ao lembrar que deu tudo certo. Do trabalho em si eu vou pouparvos, porque realmente não há necessidade de expor minha vida corporativa. Mas até mesmo trabalho árduo EM FRANCÊS tem seus momentos de pausa, donde o corpo, si vous voyez ce que je veux dire, brotou na minha frente com comidinhas previamente passadas por curadoria, pra garantir que não tivesse carne e/ou outros elementos proibidos pelas minhas 10 mil restrição alimentar. Mal pude crer. Foi dessa mesma forma que fui apresentada ao eloquente SUCO DE UMBU e desde então estou pensando em soluções logísticas para encanar esse precioso líquido para o sul do brasil. Eu não sei como vou viver sem suco de umbu. Eu substituí meu conteúdo em água por suco de umbu o quanto eu pude, talvez seje minha maior saudade em Salvador.
*
Bão, as coisas foram transcorrendo normalmente: acorda, vai pra praia, banho, trabalho, intervalo, as melhores comida que meu estômago já comeu (o dadinho de tapioca, meus amigo), mais trabalho, mente liquefeita, dá umas risada, sai pra jantar, volta pra casa, liga o arco de sonado torando, toma banho, dorme, repete. Mas um dia tinha o dîner de gala e eu vou ser bem sincera com vocês, a vida da pessoa com problema mental é uma sucessão de derrotas.
Um dia eu achei que era um robô, porque, tal qual Asimov mandou, eu não consigo desobedecer uma regra. Eu posso ODIAR, mas se houver uma ordem, terei que cumprir. Aí tava escrito lá: dîner de gala, de modos que eu tinha que pensar em como caralhos eu ia me vestir adequadamente pra isso NO CALOR. Como que eu ia cruzar o país com um longo em minha mala limitada? Como eu ia evitar ser barrada sem o porte de um salto? Porque vestido ok, longo ok, mas salto NEM MORTA.
A organização do evento em algum momento rebaixou a categoria de gala pra passeio completo, eu confirmei se podia ir de vestido curto, disseram sim, resolvi meus problemas.
Ou foi o que eu pensei.
No dia do jantar de gala tava especialmente quente, e o cronograma do evento especialmente lotado. Pessoas tentaram me alertar que a maioria dos presentes nem mesmo iria pra casa tomar banho, muita gente ficaria por ali mesmo, derretida, desmanchada, suada, demolida, por mais de 12 horas ininterruptas. MAS EU NÃO SOU TODO MUNDO.
Organizei minhas atividades de modos que eu tivesse duas horinhas pra um mini repouso, um banho, um lanche (nunca se sabe quando conseguirei me alimentar adequadamente em eventos comuns), uma penteadinha no cabelo, uma troca de figurino. Notei que bastante gente sumiu em algum momento e PRESUMI (incorretamente) que essas pessoas tinham ido fazer o mesmo. E aí beleza. Com cinco minutos de atraso - culpa de um imprevisto - cheguei ao lugar do jantar às 19:05. Jurando que tava tudo sob controle.
A gente tinha que usar um crachazinho de papel, amplamente conhecido pelas pessoa cuja qual já foram vítimas de um congresso. Era assim que a gente liberava nosso acesso e andava pela empresa. Pois esse crachá estava contrastando muito com o meu singelo vestidinho bordado com um trilhão de lantijoulhas douradas, costurado pra favorecer um corpo de grandes proporções, de modos que evidenciava todas minhas beleza natural sem comprometer o visu com meus pontos fracos (infelizmente não cobria o rosto). Eu tinha prendido meu cabelo bonitinho, que eu não fui criada por lobos e tava portando uma belíssima sapatilha de bailarina doirada como minhas lantejoula, tava assim 01 negócio bem discreto. O porteiro do prédio onde eu estava vivendo temporariamente ME PERGUNTARA quantas estrela foram sacrificadas no processo de confecção do vestido. Pois quando eu cheguei assim discretinha na porta da empresa, a pessoa que liberava o acesso me julgou TANTO que eu jurei que era dali direto pra alguma carceragem da polícia da moda.
Depois de passar da portaria, eu tive que passar por uma oficina mecânica de carros de fórmula 1, por outra de aeronáutica e mais uns 3 laboratórios de alta tecnologia. Todos de vrido, povoados por pessoas que me olhavam como se eu tivesse saído recentemente de um disco voador.
Mal deu tempo de me preocupar com a reação dos locais, porque cheguei até o salão de jantar e estava VAZIO. Pensei: ah, mas é claro que essa JUMENTA leu errado o convite e não era aqui!!1!!!! Mas uma funcionária do evento não me deixou sofrer por muito tempo, disse só que a maioria das pessoas já tinha chegado e, devido ao calor SENEGALÊS que fazia, o ar condicionado tinha sido ligado com violência e as portas fechadas pra gelar mais rapidinho. Agradeci e andei em direção à porta, ni qui dois funcionários disseram “deixa que a gente abre”. O que sucedeu a seguir eu muito me pergunto se aconteceu mesmo ou eu imaginei (mas parece que aconteceu, porque todo dia tem alguém pra me AOMILHAR): as duas pessoas puxaram, cada uma, uma das portas duplas. Sei lá se foi a posição, a diferença de temperatura ou O QUÊ, mas quando as portas se abriram, comigo no meio, um VENTO BATEU E ESVOAÇOU MEUS CABELO E MEU VESTIDO DISCRETÍSSIMO, ao que TODAS AS PESSOAS DO EVENTO, que de fato FICARAM NO LUGAR e já estavam acomodadas em suas respectivas mesas, fizeram um audível
OH
Eu fiquei só esperando o pote de geleia verde desabar em cima da minha cabeça, tal qual ana francisca em chocolat avec poivre.
Em vez disso, duas coisas aconteceram ao mesmo tempo: o choque do rapaz que nunca tinha me visto penteada, do lado oposto do salão kkkkkkkkk e um dos meus calega de trabalho que viajou comigo berrando um MAS QUE PUTA QUE PARIU. Com essa singela frase, notei que minha mesa era a mais próxima da porta, corri pra minha cadeirinha e sentei. Meus 8 calega CASCANO O BICO “meu deus vanessa num era gala de verdade, a roupa que cê passou o dia inteiro (uma saia longa esvoaçante e com uma fenda desaprovada por jesus) era mais que suficiente!
AGORA JÁ FOI.
Ni que de repente levanta a maior francesa disponível, atravessa o salão na minha direção, eu com as mão na cabeça em posição de absoluto desespero, ela para do meu lado e diz: ne te sens pas mal, tout le monde voulait être habillé comme toi. c'est une robe !
MERCÍ BOCÚ MA CHERRÍ
Esse dia foi foda.
Eu abomino ser o centro das atenção e eu juro que tava só tentando não ser BARRADA NA PORTA, de modos que foi uma unidade de noite difícil de sobreviver. Mas graças às minhas habilidades de FUGIR de gente em geral, num certo momento eu fiz o número do desaparecimento e tem gente até agora tentando compreender pra onde eu fui, quando e como. Mas eu sei bem o tamanho dos problema que me esperava se eu não fosse simplesmente me esconder no meu mini apartamentinho gelado no exato momento em que eu fui, OBRIGADA FORÇAS SUPERIOR QUE REGE O UNIVERSO.
(nunca mais uso esse vestido)
(mentira)
*
Felizmente, após esse constrangimento, fui agraciada com MOMENTOS em Salvador. Pude ir à igreja mais antiga do brasil (sei lá se é, mas não deve ter muita coisa eurocentrada neste país construída antes de 1520) e pedir por um MILAGRE (que eu jurei que tinha acontecido antes de o mês acabar, mas foi apenas mais uma humilhação que passei neste planeta). Pude andar por ruazinhas tão antigas quanto a colonização, ver belas obras de engenharia para contornar adversidades geográficas, sentir o pavor de estabacar-me diversas vezes em ladeiras de paralelepípedo, gastar toda a minha mesada em souvenir e outras atividades que não dividirei com a audiência em geral. Só posso dizer que Salvador curou onde dói. Salvou, se é que me entendes kkkkk.
Triste foi passar um dia inteiro entre voos e aeroportos - agora sozinha, oremo - passar por são paulo, voltar pra casa pra, MENAS DE VINTE E QUATRO HORAS DEPOIS, voltar pra são paulo pra passar o fim de semana.
Deus no comando.
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SÃO PAULO
Que cidade desgraçada, meu deus.
“Ain porque tem que ser paulistano pra…-’
EU SOU EU NASCI NESSA DESGRAÇA DE LUGAR E SOU UMA PESSOA MUITO FELIZ DE TER ME SOLTADO DOS TENTÁCULOS DESSE LUGAR HORROROSO.
Marquei meu voo pra chegar depois das 22h porque né? Queria chegar em casa RÁPIDO, queria dormir cedo, queria sofrer pouco.
Kkkkkkk
Mais de uma hora até um abençoado aceitar uma corrida pra minha casa. Mofando no pátio LOTADO do aeroporto, porque aparentemente todo mundo teve a mesma ideia, para uma mulher do meu lado:
— posso orar por você?
Muito contente com a minha situação em geral, eu respondi:
— bicho, faz o que você quiser.
— tá, então escolhe um número.
— EU TENHO QUE PARTICIPAR? Se eu tenho que participar, não vai estar acontecendo.
E a mulher ficou olhando pra mim em completa dúvida. OLHA MINHA CARA DE QUEM VAI PARTICIPAR DE CARALHO DE ORAÇÃO.
Vocês que curte curta em suas casa, eu quero é DISTÂNCIA.
Cansada, destruída, ezausta, assediada por crente, com calor, fome, sono e desespero, eu finalmente cheguei na minha casa. Donde entrou o segundo corpo na história, mas só agora me dei conta de que não quero dividir?
Trata-se de personagem recorrente na minha própria história ainda e é impressionante como eu só preciso passar uns perrengue muito específico pra summonar esse cerumano. Me sinto a sasha quando não consigo lembrar uma palavra correspondente a essa em português, mas… invocar(?) não é tão poética.
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Tem uma coisa que SEMPRE acontece comigo, que é estar em são paulo ao mesmo tempo que uma pessoa que nunca está em são paulo e a gente consegue escolher o mesmo dia sem combinar. Tinha umas par de pessoa nessa situ e eu estava certíssima que teria um meet&greet de grandes proporções. Impressionante como praticamente todo mundo desmarcou.
Nessas horas eu lembro que sou uma pessoa extremamente otária, que eu sempre dedico tempo e planejamento pra ver ozoto e raramente o contrário acontece comigo. Vai ser dessa vez que vou deixar de ser besta? Certamente não. O bom é que as pessoa que de fato me dão a honra de suas presença sempre compensam pelos tonto que não me tratam como a PRINCEZA misantropa que eu sou. Depois não adianta me mandar mil mensage “ain, mas você veio pra sp e não falou nada” ou “poxa, você não veio no lugar ou região x onde seria mais fácil pra mim” porque infelizmente minha memória é infinita e eu não esqueço nem se eu TENTAR.
ANYWAY.
Fui encontrar uma pessoa na paulista pra um evento muito específico. Cheguei na porta do prédio e encontrei uma fila de umas 4 bilhões de pessoas, aproximadamente. Peguei meu celular IMEDIATAMENTE e mandei “suspende, mas nem por um caralho alado que eu vou ficar 84 anos numa fila sob o sol de 30 grais em pleno inverno”. Amaldiçoei CADA PAULISTANO nascido ou por usucapião, enquanto adentrei o hall do prédio apenas pra conferir se conseguiria encontrar água e banheiro. NI QUI eu notei que a fila em questã não era pra onde eu ia, mas pra entrada DO LADO: o famigerado festival do morango. Que consistia em as pessoa sair de lá de dentro com uma unidade de espetinho de morango coberto por chocolate. Sério, eu fiquei vários minutos observando até minha companhia chegar, porque não era possível que uma cidade estivesse fazendo uma fila quilométrica pra pegar um espetinho de morango coberto com chocolate hidrogenado. Mas era.
Felizmente o meu rolê estava tranquilo e envolvia adquirir roupas feitas pra meninas voluptuosas, de modos que alguns minutos depois eu estava esquecendo momentaneamente dos perrengue.
Roupinha vai, roupinha vem, quem já foi nesses eventos tá ligado que a gente tem que ir com o coração aberto, especialmente na hora de provar. Ou alguém vai com você até o banheiro, ou você entra numa cabininha de ticido, tem que ser meio rápido e do jeito que dá e até aí tudo bem. Teve um momento que tinha fila no provador que eu tava e eu me arrumei rapidinho, deixei o tênis pra amarrar quando saísse, pra liberar pra coleguinha o mais rapidamente que pudesse.
E DAÍ?
Ocorre que faz um tempo que eu descobri que não aprendi a amarrar cadarço. A pessoa chegar nos 40 e se dar conta que não sabe praticar uma atividade que deveria ter sido aprendida na mais tenra infância é um troço que desestabiliza.
Eu poderia entrar em toda uma SEARA pra tratar das coisas que eu não aprendi por motivos de cérebro incompatível com a maior parte de um gráfico gaussiano, mas eu vou me poupar. Todo dia uma coisa que eu descubro que não sei. MAS AMARRAR O TÊNIS. Uma pessoa que usa exclusivamente esse tipo de calçado. Inaceitável.
Bão, eu saí do provador com os CARdaço desamarrado e parei pra falar com a vendedora, comprar as coisas, reorganizar minha bolsa. Ni qui uma OUTRA vendedora notou a situação de meus tênis e me avisou. Agradeci e tentei segurar tudo com um braço só pra me abaixar e resolver esse problema. Vendo a quantidade de cacareco em minhas mões, a mulher falou DEIXA COMIGO, abaixou na minha frente e amarrou os dois tênis com força.
E EU DESANDEI A CHORAR KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Veje só: não é por acaso que eu não sei amarrar meus tênis. É porque não tinha ninguém nem com tempo nem com paciência pra ensinar. Não tinha ninguém amarrando. Por um bom tempo da minha infância, eu tinha ou sandália (deus me livre, NUNCA MAIS), ou sapatinhos ou tênis com velcro. O primeiro tênis com cadarço de que eu me lembro, eu já era bem maiorzinha e fui amarrar do jeito que deu, aquela história das duas orelhinhas de coelho. MASSSS, se eu fosse pega amarrando o tênis assim, era 3 hora de palestra. Foi um processo dolorido ENTENDER isso, mas até aí, eu achei que tava de boa. O que eu não esperava era o completo surto de sentir o cuidado de alguém amarrar um tênis já previamente encaixado no meu pé.
Até explicar pra pobre da moça que eu tenho PROBLEMA NA CABEÇA…….. Felizmente, como eu falei, a gente tava lá em situação de GORDAS, então acho que se espera que todo mundo ali seja um pouco danificado pela sociedade. Sobrevivemos (barely).
Ahhhh, mas são paulo não é uma merda tão grande assim ent… A MULHER NÃO ERA PAULISTANA, ME DEIXA.
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Aí parece que eu sou uma pessoa de muita sorte (fato conhecido) e escolhi estar na paulista no pior dia possível. De rua fechada pra corrida de bicicleta doida a estação de metrô fechada porque não se pode ver uma mulher protestando em paz, o caos estava me seguindo. Quando finalmente eu consegui adentrar novamente o metrô pra me encontrar com meus amigos que me esperavam num lugar onde eu tinha certeza absoluta de que ia me perder, eu consegui a façanha de descer em TRÊS ESTAÇÕES erradas antes de chegar no meu destino. Poucas gente me ama no mundo, mas felizmente as que ama, ama muito. Fui resgatada em situação de infração de trânsito, lembrada que devido ao tom extremamente branco da minha pele e minhas feições do leste europeu, mais uma vez eu seria poupada das consequências (aconteceu muito em junho).
Beleza, fomo pra décima quarta quermesse da minha lista. E aí SÃO PAULO SÃO PAULA NOVAMENTE e precisamos COMPRAR um cartão, que só pode ser usado na própria festa, pra poder por crédito e comer na festa. Como que pode essa cidade, né? As pessoa tratando com normalidade a situ e eu pagando o preço de ser uma moradoira do sul, privada de expressões brasileiras de cultura.
ENCHI MEU FIOFÓ de pastel, pipoca & outras delisia junina, quando notei uma coisa incrível: a barraquinha de
ESPETINHO
DE
MORANGO
Sem precisar ser completamente TROXA, adquirimos nossos créditos e em coisa de 15 segundos tava todo mundo com seu chocorango (ou sei lá como caraios chamava o trem), finalizando com alegria um sábado na capitar. Eu quase morri algumas horas depois apenas por ser uma coitada solitária em situação de são paulo? Sim. Mas não é como se eu vivesse uma vida plena em outras condições.
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Tá, mas eu fui pra são paulo nessa correria porque eu sou idiota? Sim. E não.
Eu fui ver um show que eu queria muito ver, de uma banda que eu conheço há relativamente pouco tempo. Tinha sido tão sofrido passar 4 dia na fila pra comprar ingresso pro shom de Caetânia que, quando eu vi que teria show do City and Colour no brasil, com algumas horas de atraso, entrei no site desesperançosa, só pra ~ver o que eu perdi~. Qual não foi minha surpresa ao ver que não só tinha ingresso, como seria perto de casa (nunca é, sempre é NA CASA DO CARALHO 35 ESTAÇÃO DE METRÔ PRA LÁ) e eu tinha dinheiros pra comprar no vip? Comprei.
Tinha pelo menas 4 pessoas que eu tinha absoluta certeza de que iriam também, então comprei suave, comprei tranquila, eu não tinha dúvida de que não iria sozinha.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Não mas que não sei que não sei que lá esse negócio de não gostar de gente é coisa de otário, MAS MEU AMIGO COMO QUE EU VOU GOSTAR DE GENTE SE SEMPRE QUE AS COISA DÁ ERRADO TEM GENTE ENVOLVIDA?
Então num belo domingo de sol azul, depois de 10 dias vivendo até levar meu corpo precário ao limite, tava eu vestida de emo, com 83 curativos nos pés, mais de 50 quilômetros andados a pé só naquele mês, descendo a rua da minha casa rumo à estação de metrô, donde levaria menos de 20 minutos pra chegar ao meu destino. Sozinha.
Cheguei no lugar e vi uma fila pequena, perguntei se era a vip pra última pessoa e ela respondeu que sim. Fazia sentido. COARENTA MINUTOS DEPOIS, passa um cara da casa de show pedindo pra conferir os ingressos e obviamente eu tava na fila errada. A fila certa era do outro lado da porta de entrada. Até aí tudo bem, se não fosse o fato de que a fila vip tinha QUATRO QUARTEIRÕES DE COMPRIMENTO.
E aí lá fui eu andando sem as mínimas condição, tentando encontrar o FIM DESSA CARALHA DE AMONTOAMENTO DE GENTE.
Parêntese: a entrada era a mesma pra todo mundo, só dentro do lugar que dividia. Eu podia ter ficado na fila menor e entrado quase uma hora antes. VAI SE FUDEEEEEEER, FUNCIONÁRIO DO EVENTO!!!111! :)
Bão, achei o fim da fila, falando sozinha tal qual uma véia escapada do CAPS “NÃO PORQUE COMO QUE PODE A FILA VIP TER 3 QUILÔMETRO DE DISTÂNCIA MAIS UM POUCO E EU CHEGO NA PORTA DA MINHA CASA NOVAMENTE E
E um jovem muito seduzente estacionou do meu lado, rindo de meus gracejo involuntário. Simplesmente não reagi. Por alguma razão, pediram pra que a gente fizesse a fila em pares e aí o moço falou “fechou então” e aí que ficou parado do meu lado memo, falando toda sorte de bobajada. E eu lá kkkk tá bom vai avisando qualquer coisa. Num certo momento, eu vi em suas mões uma carga de caneta bic e pensei UAI. Claro que pouquíssimos minutos depois eu descobri que vinha a ser o cigarrinho do capeta mais pobre que já vi em minha vida, fino e triste, que o jovem disse “cê não liga se eu acender, né? Lá dentro não vai dar”.
PORRA MEUA MIGO EU LIGO SIM LIGO PRA CARALHO
Falei “acende não, jove, deixa pra depois” e ele simplesmente pegou o isqueiro e acendeu aquela bosta na minha cara. Pedi pra ele ir um pouco mais longe, que eu guardava o lugar dele na fila, mas nããããão, ele precisava ficar ali, colado em mim. Perguntei então se ele guardava o MEU lugar na fila pra eu ficar mais longe, ele disse que não queria problema com o pessoal mais na frente. Eu já tava com tanto ódio de existir no geral, que simplesmente fiquei. Kkkkkkkkk ai ai.
Em algum momento finalmente entrei, senti extremo ódio ao notar que não precisava ter passado por tudo que passei (minha história parecida com a da ju) e parei num cantinho pra tomar uma coca cola (eu já tava sentindo a vida abandonar meu corpo). Observei a fauna local e me dei conta que parecia que tava num show da banda Vans, já que era o ÚNICO MODELO DE SAPATO presente (eu não, eu tava de all star, porque como já estabelecemos, eu não sou todo mundo). Tinha gente que, além do tênis da banda Vans, trajava vestimentas da banda Vans. Como que pode o emo de classe média, meu deus. Fiz mais uma prece agradecendo ao cosmos por não ser obrigada a morar em são paulo.
*
O show foi lindo maravilhoso perfeito e apenas um defeito (não tocou uma música importante da minha playlist) e eu fiquei muito felizinha que suportei uma infinidade de perrengue e gastei uma quantidade exorbitante de dinheiro pra chegar até ali. Infelizmente passou rápido, porque alguns minutos depois são paulo tentou me matar (sempre literalmente) de novo. Acontece. Pena que não conseguiu.
Foi um pouco engraçado quando as porta do trem da linha esmeralda se abriu na estação nestlé cheio de trabalhador cansado e entrou todos os emo da zona sul de uma vez, parecia aquele vídeo famoso do fim de um show da taylor swift no hemisfério norte.
This, but em xadrez, vans, tatuagens extremamente coloridas e sacolinhas com estampa de rosa.
*
COMO PARTE DE UM BANDO DE DERROTADO, que tem que aceitar que o show vai ser numa noite de domingo, acordei viva (a confirmar) na segunda-feira ÚTIL, agradecendo o rômiófs, que me permitiria trabalhar confortavelmente de uma mesinha precária na praça de alimentação do aeroporto de congonhas, voar durante minha hora de almoço e terminar meu dia de proletária do conforto do meu outro lar. SÓ ALEGRIAS!
Ainda tomei um bolo do motorista que eu tinha contratado um mês antes pra me levar pro aeroporto numa segunda de madrugada e precisei esperar um uber por 40 minutos!!!! Mas tava tudo ótimo!!! A vida é boa!!!!!!!
Aí eu cheguei em casa e 2 dias depois eu tive a pior crise de alergia da minha vida e eu tenho crises horríveis de alergia desde que eu nasci! Essa não me matou, mas eu desejei muito que tivesse kkkkkkkkk.
CURITOBA
Beleza, aí fazia 4 dia que eu tava de volta, já em estado bem avançado de decomposição, um amigo me lembrou que eu prometi comparecer à sua festa de aniversário. Meu amigo nasceu em abril. POIS É, era fim de junho. Eu sou muito boa em fazer amizade no CAPS.
Acordei completamente muda no dia da festa. Completamente destruída pelo meu sistema imunológico. Mas penteei o cabelo, botei um cropped, reagi. Fui.
Meu objetivo era apenas me alimentar sem ter que prover meu próprio alimento e ver um belo ocaso de inverno, enquanto sentia a brisa fresca da tarde bater em meus cabelo. Uma mulher de desejos simples.
Sentei num lugar vazio e silencioso e fiquei quieta (não tinha alternativa), ingerindo pipoca e observando o cosmos, achando que não tinha como dar errado.
MAS É CLARO QUE TINHA!!!111
Foi aí que surgiu o terceiro corpo e também personagem novo na história da minha vida. O homem simplesmente não compreendia que eu não tinha.como.falar. Que eu não tenho habilidades pra socializar. Que eu não queria estar ali e que não tinha nenhum interesse naquele assunto. Felizmente meus amigo me oferecero me alimentar com batata frita em localização não tão longe dali e apenas levantei e segui andando até estar envolvida pelo agradável cheiro de fritura em fim de noite.
Também não tenho interesse em revisitar o REGAÇO que a simples existência desse indivíduo causou em vários aspectos da minha vida durante as semanas subsequentes, mas eu vos digo que me curar da crise alérgica extremamente violenta doeu consideravelmente menos. E DOEU MUITO.
Torçamos pra que nenhum dos males me acometa novamente. (há pouca esperança).
EPÍLOGO
AS FITINHA DO BONFIM E OS CRENTE
Eu sou uma pessoa extremamente otária e isso é um fato conhecido. Acho que não vou elaborar muito esse raciocínio, vou apenas entrar no tópico que eu gosto muito de comprar presente prozotro sem muita razão. Antes de romper definitivamente os laços com a minha família, eu decidi dar uma chance pra eles num último natal (festividade que eu particularmente odeio) e comprei presente pra 38 pessoas, como última tentativa de boa vontade. Mas não foram 38 cacareco genérico não, foram todos presentes com significado pra cada uma das pessoas. E não é porque eu tava tentando me aparecer nem nada, algumas coisas nem eram muito caras no sentido monetário. Eu fiz isso porque queria demonstrar que eu prestava atenção nelas e elas eram importantes pra mim. Funcionou? Não. Eu aprendi? CLARO que não. As relações estão cortadas definitivamente e tal, segue a vida, parente é apenas condenação genética. Mas eu sigo insistindo no erro de presentear pessoas de forma muito personalizada e tomando no cur :)
Veja só: quando eu viajo, eu faço uma listinha de pessoas para quem eu gostaria de trazer mimos. E, geralmente, essas listas são surpreendentemente grandes. Só que eu sempre tenho que considerar duas grandes limitações: o tamanho da bagagem e minha falta de fundos monetários. De modos que é impossível presentear todo mundo e da forma como eu gostaria.
Então, em Salvador, eu tava desiludidíssima da minha vida, pensando que ia trazer prozotro apenas fotos que ninguém jamais teria interesse em ver, quando eu cheguei no Pelourinho e visualizei uma cestinha cheia de fitas do Senhor do Bonfim. Fez aquela luz vinda do céu e um coral de anjos cantando OHHHHHHHH porque as fitinhas passavam nos dois critérios de seleção: eu podia comprar um bilhão que ainda seria leve e barato. PORRA, MERMÃO, A FELICIDADE NO CORAÇÃO DA CRIANÇA QUE TAVA SE SENTINDO COM UM BILHÃO DE QI!111 sabe? Puta merda eu vou poder dar uma lembrança super característica do lugar pra absolutamente TODO. MUNDO. Venci demais.
O que eu não contava é que eu vivo cercada de mal educados e crentes.
Eu não sei vocês, mas mesmo tendo sido criada pela inquisição, eu consigo entender quando alguma coisa é MAIS que um símbolo religioso. Cê vê: meu pai viajou pra Israel um dia e ISRAEL O QUE TENHO A VER, judaísmo faço a menor ideia de que consiste e não tenho interesse, mas as menorah, as hamsa e os cacareco tudo que ele trouxe eu aceitei de bom coração. Pra quem segue a religião, pode ter significado próprio, pra mim é só um presente bem local que alguém me trouxe e vai ficar bonito na minha estante. Já ganhei mini estátuas de deuses indianos e egípcios, caveiras mexicanas, terços irlandeses, TANTO FAAAAZ o que significa pro povo local ou pro praticante, pra mim é um presente. E eu ju-ra-va que não tinha erro nas fitinha do bonfim! É estampa de toalha, de mochila, é uma coisa que é a cara da Bahia, pra gente que mora meio hemisfério pra cá. Porém, qual não foi a minha surprise ao receber a primeira recusa, em que a pessoa levantou as mãos como se estivesse sendo AGREDIDA FISICAMENTE quando estendi a mão com as fitinhas. Fiquei muitos segundos
UÉ
Aí a pessoa mandou um NÃO NÃO NÃO PREFIRO NÃO e eu
MAS MEU DEUS UÉ???????
Então meus neurônio fizeram uma unidade de sinapse sob tensão e eu perguntei:
— Cê pratica alguma religião, anje?
— Sim, sou evangélique
AH POIS FODA-SE VOCÊ ENTÃO.
Veja bem, nada contra ter religião, claramente tenho até amigos que são, mas sua religião pra mim é problema seu e tal. Não dá aval pra agressividade para com a minha pessoa, a menos que eu esteja cometendo um crime e olha lá. CÊ ACHA MEMO QUE ESSE SEU DEUS AÍ ESPECIAL TÁ PREOCUPADO QUE CÊ BOTOU A MÃO NUMA FITINHA COLORIDA DE POLIÉSTER? Caraio, era só jogar fora depois, eu nunca ia saber. Igual eu faço quando cêis me presenteiam com coisa que me dá alergia. NOSSA, QUE LINDO, BRIGADA D+ —-- E LIXO.
INFERNO.
O mais triste é que isso não aconteceu só uma, duas, três, cinco, dez vezes não. Tem gente que FELIZMENTE eu não fazia a menor ideia que tá envolvido com negócio de crente e “ain, cê fica chateada se eu não pegar?”, porra, não fico não, mas vai pra puta que te pariu :)
Se você está lendo isso e recusou minhas fitinha, favor não vir se justificar, eu já entendi que não é suas atitude sebosa que vai te levar pro inferno, é aceitar um presente. Tô de boa.
Se você está lendo isso e não recebeu uma fitinha, foi só porque eu desanimei profundamente depois de ser vítima de intensas grosseria, MAS TEM UMA FITINHA PRA VOCÊ COMIGO. Mesmo se você morar em outro CEP, a 10 mil km de distância e os caraio. Se não chegou ainda sua fitinha, uma hora vai. E se você levantar suas mãozinha em desespero como se eu estivesse mostrando uma foto da família bozonaro, por exemplo, eu quero que você vá se lascar.
JULY
So tell me to leave
I'll pack my bags, get on the road
Find someone that loves you
Better than I do, darling, I know
'Cause you remind me every day
I'm not enough, but I still stay
Feels like a lifetime
Just trying to get by while we're dying inside
I've done a lot of things wrong
Loving you being one
But I can't move on
You know I, I'm afraid of change
Guess that's why we stay the same