segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Blue is the colour of all that I wear



Blue his house

With a blue little window
And a blue corvette
And everything is blue for him
And himself and everybody around
Cause he ain't got nobody to listen to



(Sinto um post-hospício sendo parido, acho bom avisar o amigo que acha que eu sou meio dodói das ideias, caso queira desistir já por aqui.)

Se você me perguntar qual é minha cor favorita, provavelmente vou responder qualquer uma apenas pra você parar de me fazer pergunta besta, porque eu vou lá saber como escolher UMA entre tantas? Não vou. Aliáááás, esse é um problema que minha mãe tentou tratar até com homeopatia, minha total incapacidade de decisão, se eu tiver escolha. (E foi assim que perdi a oportunidade de namorar um gêmeo, porque QUAL DOS DOIS?)

Eu não gosto de laranja e marrom. Eu não gosto de verde limão e amarelo fluorescente. Sei lá, gente, eu gosto de rosa, eu gosto de cinza, eu gosto de vermelho, eu gosto de azul.

*****

Uns milhões de anos atrás, quando o orkut ainda era um meio válido de socialização virtual e não existia tanto babaca no mundo (ou online), de modos que não existiam meios de travar perfil, trancar amigos, fotos, murais e o escambau, o munto era muito mais divertido. Tinha essa amiga de uma amiga que tinha um cabelo todo cheio das firula, pintado numa cor que não existe na Wellaton, e eu me rasgava de invejinha daquele cabelo. Mas não era essa coisa merdona mérimun (sei lá como escreve kkk), ressecamento, penteado idiota, falta de noção. Nãããão, era um cabelo maravilhoso, volumoso, hidratado, sem mancha na cor, uma coisa linda mesmo.

Nega tinha fotolog (era tão bom ser stalker naquele tempo, né? Hoje em dia encerrei minha carreira, porque tá tão chata a internet... tsc) e, como ninguém é perfeito, ficava #chatiada se perguntassem com o que ela pintava o cabelo, onde comprar e coisa e tal. NÃO TE ENTENDO, NEGA. Pendura a melancia no pescoço e quer pagar de hipster? Diz logo onde compra, porque 

a) metade das pessoas não teria a menor noção/condição/coragem de comprar tintas coloridas no exterior com cartão de crédito ou amigos bondosos pra mandarem por correio;

b) a outra metade ou até mesmo uma interseção com o grupo anterior (q) totalizando o barato em mais de 100% não teria coragem de, DE FATO, pintar o cabelo.

Eu queria muito muito muito muito mesmo, mas não tinha ninguém pra comprar essas bendita tinta pra mim (óbeveo que eu descobri onde, claro que não entregava no brasil), e não achei de uma cor que eu gostasse de ter na minha cabeça.

Desisti.

*****

Isso tinha sido lá por... 2005? Nessa maravilhosa época em que eu resolvi que seria loira de um jeito ou de outro e taquei Blondor na cabeça, em casa, sem lembrar da minha condição alérgica. Aconteceu o óbvio: antes de 20 minutos meu couro cabeludo estava em brasa e não tinha mais a menor condição de manter a cabeça mergulhada naquele troço, tinha que lavar. E meu cabelo não só é de um castanho bem escuro, mas também é muito saudável (nunca pinta, nunca alisa, nunca passa nem banho de creme por motivos de não ser necessário), de modos que pra tirar a cor dele é um parto. Tirei o saquinho do Extra da cabeça (rica) e parecia que ele estava só um pouco menos castanho. Lavei e parecia que ele continuava castanho. Sequei e o grito de horror que veio de dentro do banheiro atraiu todo mundo até lá. Sabe Fanta? Era o tom do meu cabelo. AHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHA.

Além da alergia na cabeça, meu cabelo ficou arregaçado, de modos que uma avaliação profissional garantiu que em menos de um mês eu não poderia fazer nada pra amenizar o horror daquela cor. Cê consegue visualizar o primeiro dia de trabalho depois dessa ideia de jerico? Eu não sabia onde enfiar a cabeça, não tinha o que fazer. Passei meses usando roupa preta pra evitar contrastes de cor com o meu cabeção. Sim, porque quando meu cabelo tava pronto pra uma nova coloração, ela apenas conseguiu realçar AINDA MAIS o laranja. E mais um tempo de espera, mais uma tintura, mais uma vez o laranjão lá intenso, acabando com a minha vida. Cêis lembra do começo do post, né? EU.ODEIO.LARANJA. Não sei como sobrevivi.

Um dia eu comprei tinta preta. Preto Mortícia, preto Elvira. Pintei o cabelo e ele ficou... preto. VIVA, OREMOS.

Cheguei na aula - na época em que eu estudava engenharia mecânica e só tinha homem na minha sala - acreditando que ninguém ia notar. Botei o pé na sala e rolou toda uma vaia, que só podia ser comigo. Perguntei qual era o problema e um porta voz da turma se prontificou a gritar "mas por que toda ruiva bonita estraga o cabelo?" HAHAHAHAHAHHAHAA. Gente, e pra explicar? Aparentemente homens não conseguem relacionar a cor natural do cabelo à da sobrancelha. Bando de bocó.

Depois de conseguir cortar toda a lembrança desse episódio da minha mente, eu me prometi que nunca mais pintaria o cabelo de novo. E, antes que vocês me perguntem, não. Não tem foto do cabelo laranja, porque eu odiava muito mesmo aquela cor e não permiti registros. (Grazadeus pela não existência de smartphones.)

SÓ QUE.

Só que umas duas semanas atrás eu tava olhando uns blogs assim bem úteis (ô) e dei de cara com uma menina com o cabelo marromenos da cor do meu, com as pontas tudo colorida, numas vibe arco-íris mesmo. No fim do post a menina inclusivemente dizia qual era a marca da tinta. Cinco segundos depois, eu já estava comprando o meu próprio frasquinho WEEEEEEEEE. Só dels sabe como foi que eu consegui decidir por uma cor tão rapidamente, mas eu decidi, comprei e paguei. Fim. (Passei meia hora pensando que deveria ter comprado a minha segunda opção de cor também, mas isso é detalhe.

*****



Cêis pode me chamar de carente, exibida, retardada, ridícula. Do que cêis quiser, na verdade. Se eu me preocupasse com isso, não saía de casa combinando três estampas diferentes e todas as cores do universo. Outro dia reparei que não tenho bolsa, nem sapato, nem blusa pretos, porque tudo que eu tenho é trabalhado na baianidade nagô (nem lembro como surgiu essa expressão incorretíssima pra designar o colorido que a gente é adepto aqui em casa. Considerando que meu avô era baiano legítimo, eu concluo que a gente pode).

O causo é que eu não tenho critérios para com a minha aparência. Eu uso e faço o que dá vontade.

E, bom, eu pendurei uma melancia no pescoço. Uma melancia azul. HAHAHAHAHA.

*****

vamo hidratar esse negóço?

Me preparei psicologicamente pra dor do descolorante (pelamor, como doeu), pro choque de ver o cabelo parecendo palha de milho sob o sol, pra ficar NOVENTA minutos com a tinta azul no meu cabeção, esperando fazer efeito.

Porque, veja só: eu fui no cabeleleleleleiro. Eu tava disposta a pagar por um belíssimo ombré azul. O moço disse "seu cabelo é muito finiiiiiim, não vai aguentar". E eu disse que o bom de fazer ombré é que é na ponta, se der errado TOSA TUDO. E ele disse não. 

Pra não dificultar a vida de ninguém, eu pensei muito inteligentemente: então vamo pintar a parte debaixo do cabelo, né? Se der errado, ninguém vai ver a catástrofe. Se der certo, o cabelo debaixo é mais comprido, vai parecer que tá só nas pontinhas mesmo. E quando eu prender vou ficar LIIIINDA (ah, vai). E foi assim que se deu esse belíssimo novo cabelo. Mezzo castanho, mezzo azul/verde/amarelo, porque a tinta manchou HAHAHAHAHHAHAHA. 

Semana que vem eu sei que esse cabelo vai estar verde, daqui dois meses deve ficar um amarelo vômito-guacamole, mas quando ele começar a crescer eu vou descolorir as ponta tudo e fazer o ombré que eu sempre sonhei. Se não azul, cor de rosa.

E deixo você aí com suas indignação, enquanto eu sigo aqui com a minha cara de preocupada, do alto dos meus trinta e três anos, fazendo o povo se perguntar "que ano é hoje?" e se tem alguma coisa que eu ainda não fiz pra me aparecer.






PS: a tinta é exotic colors, mas eu achei ela meio ruinzinha pra indicar. DISK a tec italy é melhor, vou testar e vos digo no futuro.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

she's a maniac on the floor



Eu tenho um problema com identidade, gente. Sei lá, não gosto de ser conhecida por algumas características. Eu sei que não parece, mas eu acho super desagradável ser conhecida por ser tão alérgica (tem gente que curte essas vibe coitadinho de hospital, eu não) e por saber pra que servem quase todos os remédios da indústria farmacêutica. Também não curto ser conhecida por odiar azeitona. As pessoas olham pra sua cara e te relacionam com coisas ruins, é um pouco chato.

Da mesma forma, alguns anos atrás resolvi suprimir minhas evidências de pra qual time de futebol eu torcia. Cada um com seus problemas, acho ótimo futebol, trato de igual pra igual, mas eu sou eu e não ~insira aqui um nome de torcedor~. Vai ver é coisa de gente muito trabalhada no ego, jamais saberei, nem ligo. Cêis não ´precisam saber qual é minha religião, em quem eu voto, minha orientação política. Então what's the point, né?

De modos que muita gente não sabe, mas eu também poderia ser conhecida como maromba girl (só que de jeito nenhum).

Tipos, eu vou na academia regularmente há 14 anos. Na mesma academia há 13. Obviamente nunca tive o biotipo de ~menina de academia~. Era muito magra e desprovida de músculos na época que eu comecei e sou muito balofa, provida de músculos que só podem ser vistos em Braille nos dias de hoje. (Sério, cê me aperta e eu sou toda definida, cê me olha e eu sou um marshmallow.) Felizmente também não tenho o hábito desconcertante de usar roupas de academia na rua. Jamais serei vista em leggins e top e tênis que podem induzir um ataque epilético, por exemplo. Na verdade, NEM na academia cê vai me ver em roupas medonhas. (Ou vai, né? Depende do ponto de vista). E eu passo TRÊS FUCKING HORAS por dia naquele lugar. Ousseje: sou muito linda mesmo, não infernizando as pessoas com a minha rotina. #maromba #fitness #projetoverão #vaimagrinha

Então assim. Se eu estou uma baleia é porque a) minha condição de saúde está um pouco precária e b) minha condição de saúde está um pouco precária.

Nego me per-tur-ba com hipotiroidismo, comida em excesso, pregs nos exercícios (teve um instrutor me seguindo pela academia, jurando que eu ficava batendo papo e me mexendo com má vontade!!!!!). NO HAY NADA DISSO. O que hay é uma pessoa com um karma muito pesado pra pagar nessa vida, carregando esse peso extra e respondendo pergunta de babaca.

*****

O causo é que eu nasci pra movimentar meu corpinho (ão). Pode me jogar em qualquer aula e eu vou me desenvolver com graça. É ioga, pilates, alongamento, jump, sh'bam, body combat, localizada, aeróbica, step (sim, eu faço todas elas), qualquer coisa. Não paro enquanto eu não for a melhor da sala, enquanto eu não for convidada pra dançar no palco com as professoras BURRRRRRN. Sou muito boa nisso MESMO. Nunca fui escolhida por último na educação física, isso nas raras vezes em que não era eu escolhendo. Nasci pro esporte, meus amor. E isso não muda porque seu peso aumentou, sabe? Adaptei meus movimentos pro meu novo centro de gravidade e tô aí bem linda, carregando anilhas, girando em coreografias, me equilibrando sobre bolas e fazendo a posição de lótus. Se não fosse apenas pela aptidão, pelos freaking anos de prática.

Teve até um dia muito engraçado (não), em que uma moça ~magra~ ficou visivelmente #chatiada e foi até reclamar com a profes, porque não se conformava com o modo com que eu pulava corda - de forma coordenada e na batida da música - e com o fato de ela não conseguir fazer igual. BITCH, PLS. Eu pulo corda por mais de uma hora seguida várias vezes na semana, vamos aí rever seus objetivos de vida.

E durante anos da minha vida, meu principal meio de transporte foi a bicicleta, e eu tô tentando dividir meus dias entre ela e o carro. Se não por razões nobres, pra ficar saudável, pelo menos. Nem que seja pra parar de brigar com o véio folgado por causa de vaga no estacionamento ou de temer um ataque cardíaco no farol.

Resumindo: saudável, ainda que podre.

*****

Minha cadjmia foi vítima de uma urucubaca fortíssima, de modos que tá acontecendo uma alta rotatividade de professores no último ano. Cê nunca sabe quem vai estar lá dando aula (aiq exagero). Às vezes a pessoa do pilates tá dando alongamento, às vezes a pessoa do sh'bam tá dando pilates e por aí vai. A pessoa te conhece numa modalidade e não conhece na outra, cria expectativas e tal. Mas algumas vezes aparece uma pessoa completamente aleatória pra dar a aula e aí é engraçado.

Outro dia a gente tava fazendo alongamento. Não aquele de começo e fim de aula. Coarenta e cinco minutos esticando os muque. Aí vem a pessoa e fala - como TODOS sempre falam - "estiquem as pernas e, quem alcançar, segura os pés. Se encostar a cabeça no joelho ganha um prêmio". E fom, né? porque minha cabeça super encosta no joelho. A pessoa nova, ao ver esse horror, começou a se desesperar "gente, não precisa ultrapassar os limites! É só fazer o máximo e manter a posição!" e eu lá, bem tranquila, cantando a música com a testa no joelho. Deita no chão, pega as perninhas, passa por cima da barriga, segura o pé com a mão, encosta a cabeça no joelho kkk. Eu consigo e fim da risada.

Aí troca a posição. Afasta as perninhas, pega o pé direito com a mão direita, passa a mão esquerda por cima da cabeça. Pois eu faço isso e seguro o pé com as duas mãos, a testa no joelho, bem linda. E o profes desesperado, avisando pra galera não tentar se matar de tanto se esticar. Levantei meu cabeção e olhei em volta: quase ninguém alcançando o próprio pé nem com uma das mãos. Gente com o braço pendurado sobre a cabeça. Obviamente, nenhuma testa próxima de nenhum joelho.

Me dei conta de que era comigo que ele estava falando. Lembrei que foi justamente ele que me seguiu nas aulas, pra ver se eu tava fazendo mesmo ou se tava de sacanaji. Percebi que ele próprio não conseguia segurar o pé com as duas mãos, muito menos encostar a cabeça no joelho. E acho que entendi a razão de todo mundo viver me encarando nessas aulas: deve ser triste pras magra feat. malhada se conformarem em serem menos flexíveis que a gorda.

FIM.


(A incrível arte de testar fazer posts menores, que cêis ficam tudo com preguiça e não comentam nos gigantes.)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

cheiro de pera



Eu tinha aqui uma lista de rascunhos, que obviamente consistiam de relatos de viagem (cabou-se) e meia dúzia de coisas sobre as quais eu queria dar minha opinião não requisitada. Me dei conta de que tá tudo publicado e fazia mais de um ano que eu não ficava sem absolutamente nenhuma ideia de coisa pra falar.

MEODEOS, GUARDEM ESSE MOMENTO.

Em algum lugar do universo, meus amigos pensam "bem que podia ser na vida real também, né? calar um pouco a boca essa menina, pelamor". 

(Às vezes acontece.)

(Tipo essa semana, em que minha voz tá uma bela porcaria e eu estou evitando falar.)

(Até o fim de semana já passou ahhahaha se ferraram.)

(q)

FOCO. (Té parece.)

Aí eu fui tomar um banhinho restaurador e tava pensando no que escrever, rapidamente me distraí e passei a pensar em ~meninos~.

Tipo ontem, por exemplo.

Fui pra academia de saia (com short por baixo, bando de véia conservadora), de modos que com pernas do tamanho das minhas, da cor de palmito, com uma mini saia preta contrastando... todos olhava. Eu acho que era mais de terror e curiosidade que qualquer outra coisa, mas olhavam.

Aí tinha um menino me encarando e eu achei ele bonito e pensei "se eu soubesse que era só mostrar o joelho, tinha feito antes". Terminei de pensar a frase e lembrei não só que eu já conhecia ele, mas que vinha a ser um grandecíssimo boboca. Cheguei em casa e fiz o que qualquer pessoa equilibrada faria: fui dar uma olhadinha no feice do menino. ME.O.DE.OS.DO.CÉ.U. AHHAhaha gente. Que pessoa sem graça. Quiqui adianta ser gatinho, não é mesmo?

Nesse momento, me dei conta que meus interesses amorosos nunca são à primeira vista, porque não dá assim pra gente saber como funciona o cérebro da pessoa logo de cara.

É ÓBEVEO que eu gosto de olhar gente bonita. Todo mundo gosta. Masss 1) eu quase nunca acho ninguém bonito e 2) um moço de cara que parece ralada na brita mil vezes, antes de um bonitinho desmiolado.

Cê vê, Mr. Esquistossomose, por exemplo: um QI impressionante, 408 rolagens na tela do Lattes, e quiqui adianta? O entretenimento favorito da pessoa é Chapolin, minha gente. Freaking Chapolin.  Não há interesse no mundo que resista a isso.

Quando eu estou encantada feat. obcecada [o que provavelmente outros acreditariam ser *apaixonada*, mas não é igual] por alguém, a pessoa é, necessariamente, mais inteligente que todo mundo que eu conheço. Ou mais inteligente naquele momento, ou uma combinação perfeita entre inteligente e culta, porque não vale nada um monte de capacidade intelectual e nenhuma capacidade de abstração. E, definitivamente, divertida. Gente, quer me ver garrar amor, é só a pessoa ser inteligente e engraçada e entender piadas e saber fazer graça e ai, vish.

Claro que isso me levou a um nome específico, de alguém por quem estou obcecada no momento.

*****

Meus relacionamentos amorosos imaginários quase sempre funcionam de duas formas.

A primeira é eu descobrir essa pessoa incrível na multidão e ela, por alguma razão inexplicável, se interessar por mim também. É raríssimo de acontecer, claro, porque gente inteligente e engraçada não se convence assim com pouca porcaria. Mas quando acontece, o fim iminente acontece de uma maneira principal: um dia a pessoa fala uma coisa tão impossível de aceitar, mas tão impossível, que eu desencanto imediatamente e me torno a pessoa mais insuportável do universo, até o indivíduo não ter outra escolha senão me mandar catar coquinho. Como eu já disse inúmeras vezes, é sempre importante deixar que o outro termine com você e acredite que você não está contente com essa situação, de modos que ele fique constrangidíssimo quando reconsiderar e pensar em te pedir de volta (inevitavelmente vai. ou eu sou muito azarada mesmo).

A segunda forma, muito mais recorrente, é eu ficar trabalhada no amor platônico e a pessoa, poxa, me considerar pra caramba, lá no canto dela, bem longe de mim.

Dessa dinâmica eu tenho duas saídas: uma é eu acabar desencantando em algum ponto do processo, porque eu tava enganada e o fulano nem tem nada demais ou a gente tomar rumos tão diferentes na vida que fuén, cabô magia. A outra é eu fazer uma força assim meio grande, na esperança de gastar até mesmo calorias e emagrecer, pra ver se eu desencanto.

Por exemplo. Tem um post mais véio aí em que eu dividi minha vida amorosa em 3 grandes blocos, mas percebi que tinha furos na teoria 5 minutos depois. Para fins didáticos, larguei daquela forma mesmo. A teoria não estava absurdamente errada, mas dava a entender que só 3 palhaço povoaram meus pensamentos obsessivos. O número deve chegar a uns 6, se a gente expandir os critérios. E o que quase todos eles têm em comum? Reaparecem na minha vida e eu fico retards.

Às veiz precisa nem aparecer fisicamente, só o ectoplasma já causa estrago.

Acontece em casos como o do menino da academia. Tendo ele ou não alguma intenção para com a minha pessoa, ela foi quase que instantaneamente aniquilada, porque foi submetido ao sistema don't cry for me, argentina de avaliação. E ninguém pode passar nesse teste, né? "Você não é tão bonito, não é tão alto, não é nem 10% tão engraçado, você não é nem um pouco inteligente, você é mais pedante que o recomendado, você não.chega.nem.nos.pés.do.fulano."

É um pouco cansativo.

Porque ninguém nunca vai atingir o índice de qualificação nessa escala, até que ela seja reconfigurada para um novo cerumano, de modos que ela existe unicamente para me fazer rejeitar todos o homens do sexo masculino do universo até que a mágica aconteça novamente.

Numa previsão otimista, se a gente comparar com a última vez em que isso aconteceu, vou estar beirando os quarenta quando me interessar por alguém de novo. Isso é um pouco chato, porque vou perdendo a pouca habilidade que tenho pra coisas complexas, como... sei lá, encostar em outro ser humano.

(O engraçado é ver o último top da lista nos dias de hoje e pensar "meldels, como eu pude?". Será que acaba sempre assim? Será que verei o amor da vida dessa semana como um incrível babaca em 2017?).

Mas olha, é até simples essa dinâmica, se a gente lembrar que o parâmetro de qualificação de candidatos ao posto de não, eu não vou casar com você, tamo apenas aqui curtindo esse momento já foi: tem que ser tão bonito e divertido quanto os namorados da minha irmã e prima, pra não destoar. 

Se eu tivesse autorizada a postar fotos e fatos dos dois, cêis podiam dar o encalhe como certo.

Q

sábado, 12 de outubro de 2013

dia das quiança

 eu e Gigi ♥


Quem não cresceu em São Paulo - agora não sei se no estado todo, mas com certeza na capital - nunca entende essa foto. Toda criança nascida no começo dos anos 80 e com pais razoavelmente amorosos, tinha a TV Cultura como forma de entretenimento televisivo. Eu sei que era meu canal favorito. Programas com historinhas, os desenhos fora do padrão (que a gente chamava de desenho de massinha na minha casa, mas não faço a mínima se era stop motion ou o qualquer outra coisa), o rá-tim-bum (bem antes do castelo), glub glub (uns anos depois). Eu gostava muito. Mas meu programa favorito foi, por anos, o Bambalalão.

Uma pena crianças que nunca assistiram isso, viu? Eu amava. Especialmente a parte do carteiro hahaha, vai saber o motivo. E, como toda criança que amava esse programa, eu amava a Gigi, essa moça que está do meu lado na foto e todos os amigos não paulistanos perguntam se é minha mãe HAHAHAHAHA.

Eu não sei como vocês enxergam a Gigi, mas eu sempre vi como uma das pessoas mais lindas que existiam. Então vocês podem imaginar qual foi o tamanho do faniquito que eu dei quando a escola avisou que numa comemoração de dia das crianças a convidada especial seria ela.

Infernizei minha pobre mãezinha por diiiias, "é hoje que eu vou ver a Gigi? É hoje?" e ficava querendo ficar linda, porque MEODEOSDOCÉU, eu vou ver a Gigi.

Ainda consigo lembrar (num é engraçado lembrar de coisas quando você era super pequenininho e as outras pessoas eram muito maiores e hoje fica uma proporção engraçada na mente? q) de quando ela chegou e eu não conseguia mais fechar a boca, de tão embasbacada com a beleza dela ali na minha frente. Eu jurava que estava sorridente, mas essa aí foi a minha expressão facial ao longo do dia inteiro. MUITA EMOSSAUM.

Cêis não tão entendendo: ninguém era muito bem vindo quando queria encostar em mim, mas eu fiquei ansiosa pra abraçar a Gigi. E como vocês podem ver pela foto, não só ela me segurou, mas segurou minha mão. No minuto seguinte ao clique, tive que ir pro colo da professora, de TANTO que chorava, porque a Gigi pegou na minha mão hahahahaha.

Meus pais sempre tiveram uma política de que dia das crianças não era pra dar presente (nunca tivemos), então a gente sempre tinha alguma atividade, tipo soltar pipa na USP. Mas ó, nenhum desses dias de diversão superou encontrar a Gigi e tirar uma foto com ela. Mesmo que no dia de buscar a foto eu tenha ficado decepcionadíssima com a cara que eu saí HAHAHAHAHA. "Eu tava sorrindo, mãe! Eu juro!". :P

*****

Uns dois anos atrás, sei lá por que razão, eu entrei em contato com a Gigi e mandei essa foto pra ela. Tentei de toda forma encontrar a resposta e não consegui. Ela disse que sempre que recebe uma mensagem dessas, pergunta a idade da ~criança~. Eu disse que tinha trinta e ela "não gosto nem de pensar em quantos anos vocês tinham nessa época" ahahhahaha. Que linda.

*****

Eu não curto, DE VERDADE, essa moda de colocar avatar de criança nas rede social. Acho chaaaato. Mas eu normalmente sou o Grinch, então eu evito reclamar. Não tem razão também, né? Sei lá. De qualquer forma, neste ano aderi e botei a foto com a Gigi (mas sem a Gigi) como avatar. 

Aí começa aquele povo criativíssimo, dizendo "mimimi daqui a pouco é Halloween, cêis vão botar foto de bruxa?" Meu, eu super colocaria. "Mimimi o próximo feriado é finados, qqCvão fazer", e ó, eu já tenho até um plano. Tem também a corrente "foto de criança é fácil, difícil é a foto do RG". HAHAHAHAH realmente, mas minha foto do RG também é de criança, quase troquei por preencher os requisitos.

Tava conversando sobre isso com uns amigos, aí contei que além de eu não ter tomado vergonha na cara ainda pra fazer uma identidade atualizada na vida adulta, é impraticável usar a que eu tenho, porque pessoas acreditam que eu tenha roubado de uma criança negra.

Vendo a atual situação de despigmentação da minha pele, ninguém acredita quando eu digo que fui uma criança marrom. Mas é assim que minha pele é: se eu tomar sete dias de sol, fico da cor do pecado. O caso é que eu não gosto mais de piscina o tanto que eu gostava aos 12 anos, de modos que eu fico aqui com essa cor de palmito sem nenhum problema. 

Só que teve um dia em que eu precisei mostrar o documento e a mulher queria chamar a polícia, porque disse que era impossível que aquela foto fosse minha. Todo mundo na mesa ficou incrédulo e eu tive que mostrar pra todo mundo que era verdade. A melhor parte (só que ao contrário) foi quando a primeira pessoa olhou e gritou "MAS VOCÊ ROUBOU O RG DA RIHANNA?"

AHAHAHHAHAHAHAAHAH.


shine bright like a diamond

Apenas reflitam sobre a situação.

Fica aqui o projeto de verão 2014: fazer uma identidade nova tomar sol dezembro inteiro e parecer como eu mesma no meu próprio documento.

(MÁ NEM MORTA que eu faço uma identidade paranaense, né? E sempre que eu tô SP tem coisas mais divertidas pra fazer e é essa a razão de eu ter a mesma identidade que eu tinha em 1993 hahahaha.)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

cinquenta horas sem dormir



Um momento para reflexão: se tudo der certo, no fim desse post, vocês nunca.mais.terão.que.ouvir sobre essa viagem. Mas pode ser que eu mude de ideia e volte a falar disso sem razão aparente, apenas pela pedância. Tipo inserindo casualmente trechos desinteressantes em conversas do cotidiano, como num exemplo totalmente fictício, em que eu digo que adoro a Zara, mas detestei as de Londres e tal.

Então tá, vamo começar a contagem de horas, que não somarei adequadamente, porque toda vez que eu somo dá um tanto diferente. Mas analisem que no dia em questã eu acordei 7:30 da manhã em Cardiff, 3:30 da manhã em Brasília. Estamos estando considerando a hora do Brasil por motivos de a contagem de horas acordada terminar apenas em Curitiba. OUSSEJE: começamos no dia 20 de setembro e acabamos no dia 22. SÉRIO.

*****

Voltemos um pouco ao passado.

Dia 19 eu cheguei bem linda no hotel, disposta a arrumar minha mala, pra aproveitar o último dia vivendo la vida loca, pra chegar ~da rua~ apenas pra um banhinho, catar as tralha e rumar de volta pra Londres. Onde eu deveria chegar 23:15h pontualmente, esperar por meia hora o último trem expresso pro aeroporto, onde eu dormiria em cima da minha mala até 6h, meu horário de embarque.

Cheguei no hotel e fui pular na cama [sendo adulta] e tomar mais banhos naquele maravilhosíssimo chuveiro, pensando no meu futuro marido funcionário da estação de trem, nossa casinha com cerca branca, minha fábrica artesanal de geléias de amora e nossos filhinhos de olhos azuis fluorescentes. Liguei a TV, me senti muito britânica, disse pra mim mesma "I should watch some telly" RISOS, fiz um chá com leite VISH, me enrolei no edredom quentinho e agradeci a mim mesma por ter lembrado de deixar o aquecedor ligado antes de sair, por motivos de 5 graus lá fora no verão.

Em cinco minutos tava dormindo e a mala permanecia uma zona.

Esqueci de colocar despertador, mas não houve necessidade. Como vocês já sabem, acordei pontualmente às 7:30, VALENDOOOOOOOOO. Tomei outro banho [gente, cêis não tão entendendo a) a maravilhosidade do chuveiro e b) como é ser NORMAL e poder tomar 3 banhos por dia sem ter reações alérgicas]. E ainda tinha mais duas horas e meia pra aproveitar o café da manhã, meu futuro marido na estação de trem e a viagem de um minuto literal até a baía, onde eu queria chegar só às 10:30h. 

Arrumei minha mala, tomei meu cafezinho da manhã composto de 35 croissants e todos os potes de nutella disponíveis, uma vez que pessoas britânicas só se encantam mesmo por feijão e salshisha.

Aí vem todo o post anterior, passeios pela orla (baía tem orla? sou burra, milarga), todos os pontos turísticos do mundo e tal. Horas enfiada no Millennium Centre, olhando a arquitetura de tudo, aquelas vibe último dia, querendo aproveitar até as coisas mais estúpidas. Queria ter andado da baía de volta até Queen Street, acho que não levaria mais que 15 minutos. Mas fiquei com meda de me perder e estou me arrependendo até este momento. TINHA ERRO se seguisse a linha do trem? I don't think so. Mas gente burra tem que sofrer mesmo.

OOOOOOU era só meu cérebro me lembrando que de trem eu veria meu futuro marido ainda mais uma vez. HOHOHO.

De volta ao centro da cidade, fui passear pelo calçadão e por uns becos muito maneiros que aparecem de vez em quando. Umas ruazinhas suuuuper estreitas (gente, acho que nem fotografei?) com um trilhão de lojas empilhadas, tava me sentindo no beco diagonal. 

Bom, resumindo: andei o dia todo e me dei conta perto de 17h que tinha que pegar o trem às 21:15h em Cardiff Central (uns 38 segundos de distância de Queen Street), mas ainda tinha que tomar outro banho e arrumar a mala. ~AS MALAS~. Que todos sabe a essa altura que somavam 60kg e eu ainda tinha tralha acumulada desse dia pra enfiar nelas. Fingi que não era comigo e estiquei o passeio até o limite, corri pro hotel, enfiei tudo na mala de qualquer jeito (mentira, tenho toc imaginário), me arrumei e... percebi que o crédito do celular tinha acabado. Com a perspectiva incrível de passar a noite no aeroporto, sabia que minha mãe não me perdoaria se eu ficasse sem comunicação, de modos que passei a meia hora em que tiraria uma soneca correndo atrás de top up para lycamobile (visualize um indiano balançando a cabeça ao ler esse nome).

Voltei pro hotel com o tempo contado pra enfiar mais um casaco (num é uma alegria onde você tem que se encapotar no verão?), descer minhas singelas malinhas e ir até a estação inventar assunto com meu futuro marido pela última vez. Trinteoito segundos depois, eu estava em Cardiff Central, me divertindo muito com os trens chegando com precisão de segundos e me dando conta de que estava acordada havia quase 14 horas.

Pontualmente, meu trem chegou. Sentei na minha cadeirinha e imaginei que logo a luz interna apagaria ou diminuiria e eu tiraria uma soneca de duas horas até Londres. Só.que.não. A luz não apagava, a pressão dos tuneis fazia meu tímpano sofrer e eu acabei ficando interessada demais no livro que estava lendo. Fiquei o trajeto todo acordada.

Cheguei em Paddington pontualmente 23:15h, fui pedir informação sobre o trem expresso e não tinha uma alma capaz de me dar. Ele deveria estar paradinho na plataforma paralela à que eu desci, mas não estava. Dei voltas, subi escadas, chorei, pedi pra São Longuinho me ajudar a encontrar. NADA. Finalmente encontrei um funcionário que me disse que naquele dia o último trem tinha saído 23:30h. MÁ NÃO TINHA MESMO, porque essa hora eu tava lá! E kd pontualidade britânica, minha gente? Se é meia noite é meia noite! (Pensa num pavor pegar o expresso da meia noite.)

Então eu me dei conta que tava ferrada. Sem trem até 5:15h da manhã, quando eu deveria estar embarcando. Sem metrô, porque a essa altura já era 23:50h e nenhum trem chegaria a tempo em Heathrow antes de parar de circular. Eu não fazia ideia SE tinha algum ônibus e como eu pegaria com duas freaking malas de 30kg cada uma. Eu não tinha dinheiro em espécie pro táxi nem coragem de procurar um ATM àquela hora. Fer.ra.da.

Faminta, porque esqueci de comer, precisando ir ao banheiro - aquele que ficava no centro da terra e só dava pra ir de escada - sem ter como chegar ao aeroporto, presa numa estação de trem. Fiz o que qualquer pessoa sensata faria: caí no choro.

Nisso para um carrinho do meu lado, tipo carrinho de golf. Em português, o tio me pergunta "cê é brasileira?" só fiz que sim com a cabeça. "Essa mala discreta aí te entregou". Minha mala rosa barbie, que era a única disponível na lojinha indiana em Queensway. Nem brasileira era.

Quando eu recuperei a capacidade de falar, ele disse que cuidaria das minhas tralhas pra eu ir lavar a cara (ARELUIA, BANHEIRO), depois me levou até um mini burger king que eu não estava enxergando, depois me perguntou qual era meu plano. E era bem simples: esperar o bendito expresso das 5:15h e torcer pra que ele não só existisse, como saísse na hora.

QUIQUI O TIO FEZ? Disse que não ia me deixar dormir largada na estação. Abriu um restaurante com um sofá muito do fofinho e me deixou dormir lá. Disse que me acordaria perto de 5h da manhã, pra eu ir pra plataforma. E que era só eu ignorar o grupo de indianos que faria o intervalo ali perto e tudo ia dar certo. 

Agradeci, me acomodei no sofá e... fiquei acordadíssma pelas cinco horas seguintes. Cê conseguiria dormir, amado leitor? Eu, sofredora conhecida de sônia, não fui capaz. Continuei lendo meu livrinho e conversando de tempos em tempos com uma alma boa no whatsapp. Eu sei que eram quatro horas mais cedo aqui no hemisfério sul, mas a pessoa ficou acalmando meu coraçón das 8 à 1 da madrugs, horário local. Da meia noite às cinco, no meu relógio. Eu nem imaginava que a noite passava tão devagar. Parece metade do tempo quando eu tô dormindo :P

Indiano vai, indiano vem, 14 capítulos vão, 150 mensagens do whatsapp vêm. Chega 5 horas da manhã, oremos.

A plataforma lotada, eu com crise de riso, uma australiana vem falar comigo, perguntar pra onde eu tô indo. Digo que é pro Brasil e ela acha que é por isso que tô rindo à toa. Explico que tô voltando pra casa e conto sobre a noite e ela fica chocadíssima que alguém na minha situação ainda ri. É DE NERVOSO, FIA. Mas pareci simpática hahaha. 

Entrei no trem e descobri logo que não dava tempo pra soneca, uma vez que em 15 minutos estaríamos em Heathrow. E estávamos mesmo. Meu embarque estava quase no fim, eu só tinha 15 minutos pra descobrir onde fazer check-in, despachar malas e ir pra sala certa. Nossa Senhora dos Desorientados pôs a mão e eu achei tudo muito rapidamente, mas eu tava super em cima da hora, nem me deixaram ficar na fila, saíram me carregando no minuto em que um funcionário viu meu cartão de embarque.

Tudo lindo, tudo despachado, VINTE E DUAS HORAS acordada, a fia resolve implicar com a minha necessaire. Eu tinha deixado as coisas mais amadas lá e não queria despachar. Ela disse que comigo não entrava. Eu dizendo que era menor que 90% das bagagens de mão e que tinha viajado a Europa inteira com aquilo na mão e ela me obrigando a despachar. Comecei a chorar e gritar, abri uma mala, apertei tudo, taquei a necessaire lá, disse pra ela que voltaria pra matar com minhas próprias mãos se perdessem minha bagagem E NUM VEM DIZENDO QUE NÃO VÃO PERDER, PORQUE MINHA MALA OFICIAL TÁ PERDIDA HÁ VINTE DIAS E EU NUNCA MAIS VOU VER MINHAS COISAS!!!!1111, tiveram que chamar uma pessoa pra me acalmar e jurar que eu veria minhas malas assim que botasse o pé no Rio e eu fui chorando de soluçar, amparada por uma criatura cuja cara não me lembro, até a fila da sala de embarque. 

Quando o fofíssimo funcionário veio com o bullying do saquinho com fecho zip pra coisas líquidas, eu tive outro breakdown "CÊ ACHA QUE EU TENHO UM FRASCO DE LÍQUIDO ONDE? NO FIOFÓ? PORQUE ME FIZERAM DESPACHAR ATÉ MINHA BAGAGEM DE MÃO, NO BOLSO É QUE EU NÃO TENHO UM FRASCO DE LÍQUIDO", tudo isso no mais fluente inglês da Sofia Vergara, porque baixou a latina barraqueira. E chorava. E soluçava.

Me botaram sentadinha no banquinho da sala de embarque, onde executivos carregavam malas de mão maiores que um container. E eu chorava. Entrei no avião e descobri que erraram meu cartão de embarque e meu assento era no meio. E eu chorava. Um francês do meu lado me olhava com a maior cara de cocô E.EU.CHORAVA.

Cheguei na frança 9:30 da manhã, onde o horário não é igual ao do UK, de modos que estava completando 25 horas acordada. No voo entre Londres e Paris eu só chorei e não dormi. PENSA NUM DESPERDÍCIO de trajeto ~chique~.

Chegando em Paris, alguém foi me catar lá no desembarque pra ficar berrando ALLEZ ALLEZ ALLEZ  na minha cabeça. Eu respondi em inglês "tô em Paris, não vou correr nem morta". A pessoa respondeu "Je ne comprends pas" e eu disse em bom português "NUM VÔ CORRÊ". 

Peguei o trem até minha nova área de embarque (pqp, pra países minúsculos, eles têm aeroportos gigantes. Nunca corri tanto na vida como nesses aeroportos europeus). Passei pela imigração. ALLEZ ALLEZ ALLEZ. Meu, allez meu ovo? Vai gritar com a sua vó? "Je ne comprends pas". SIVIRA.

Cheguei na nova área de embarque e todo um mundo em tom pastel se abriu na minha frente. Chanel, Louis Vuitton, Hermès, macarons, tralhas inúteis. Tudo coloridinho no filtro mayfair do instagram. Eu comecei a andar em câmera lenta, enxergar em câmera lenta, pensar nas 39485734 fotos que eu poderia tirar... quando meu devaneio é interrompido por mais um francês finíssimo, que disse, vamo vê se cêis adivinham? ALLEZ ALLEZ ALLEZ. Quase saí dançando Ricky Martin só de sacanagem.

Cheguei na porta do meu avião quando já nem tinha fila mais, entrei, me instalei na minha cadeirinha (aquela do amor, que só tem duas no cantinho, no corredor). A mulher do meu lado tomou um rivotril e eu visualizei 12 horas de sono ininterrupto na minha frente. Acontece que veio o comissário e serviu champanhe pra ela e... bom. Eu tive 12 horas de pesadelo na minha frente.

Meu voo saiu 11:30h da manhã na frança, atrasadíssimo, por culpa de outra pessoa. 6:30h da manhã no Brasil, 27 horas acordada.

A moça do rivotril com champanhe começou a delirar com menos de meia hora de voo. O comissário recarregando a taça dela loucamente, ela virando tudo em mim. Chamei o moço e pedi PELAMORDEDELS pra suspender a birita. Ele "Je ne comprends pas", VAI CAGAR, VAMO SE COMUNICAR AÍ.

Eu falava portuinglês, ele falava francenhol e a gente foi criando intimidade e amor. Mas já era tarde. A mulher me chutava, roubava meu controle remoto (?), ficava fazendo pergunta idiota, tentava deitar no meu colo. Sério... que vibe. Na hora do almoço, eu pedi pro moço não falar com ela, mas ele disse que não podia. Tacou uma bandeja cheia de comida na frente da fia. Onde a comida toda foi parar? Isso mesmo, na minha cara. Dei um chilique (cê jura) e vieram limpar tudo, me deram cinco mil lenços umedecidos pra me limpar. Eu não conseguia dormir, porque a mulher tava tendo espasmos, então eu ganhava sorvete, suco, água, guloseimas e amor do comissário. Foi assim por umas 10 horas, até eu começar a chorar tudo de novo. TRINTESSETE horas acordadas e ainda faltavam duas pra chegar no Rio, eu tava esgotada. 

Duas horas depois, começamos a ver paisagens familiares. O chapamento da mulher passou todo, com seu soninho restaurador. FIADAPUTA. Eu tava a cara da destruição. Notei uma nuvem um pouco preta demais na direção do aeroporto e logo veio o recadinho do piloto: caos no Rio, fila de aviões, pouso atrasado em pelo menos uma hora. QUARENTA HORAS SEM DORMIR. Dando voltas no Cristo. ME DEIXA VOLTAR PRA TERRA, ME DEIXA DESCER DESSE AVIÃO. Mais uma hora, 14 dentro do avião, 41 sem dormir, eu pisei no Rio de Janeiro.

Pega mala, aleluia que elas chegaram, as duas, mais minha necessaire. Desembarca. Rearranja malas, troca de roupa - troca casacos e mais casacos por uma camisetinha, né? Rio. Pega o telefone, liga pra pessoa que deveria ir lá te abraçar e fazer acreditar num mundo melhor, beijar você mesmo com a cara amassadíssima (mas de dente escovado, porque higiene é mais importante que sono). QUIQUI A PESSOA FAZ? Diz que tá chovendo muito, não vai, se vemo na segunda.

Depois o amor acaba e ninguém entende o motivo.

20:30h. Meu voo estava previsto pra 22:30h. 43 horas sem dormir. Sem cama, sem bateria no celular e brigando loucamente por um espaço naquele totem da depressão, sem amor, sem condição física de continuar lendo. Eu ria em espaços regulares de tempo, de nervoso. 22:30 o aviso na tela de que o voo foi transferido pra 23:30. E então chamaram pro embarque. 44 horas sem dormir. Dentro do avião, porta em automático, o piloto acha de bom tom dizer que a decolagem não foi autorizada e só Deus sabe quando será. Eu tenho mais um ataque de pânico, ligo pra minha mãe aos berros. O piloto diz que Curitiba está sem teto. MINHA MÃE DISSE QUE O CÉU TÁ ESTRELADO, eu grito no avião. Todo mundo começa a ligar pra Curitiba e o piloto tem que dizer que o avião tá quebrado e ele usou a desculpa mais óbvia do mundo pra não contar a verdade.

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Ameaço gritar sem parar por meia hora se não me tirarem do avião IMEDIATAMENTE e me levarem pra um hotel. O Romeu que me abandonou no aeroporto começa a se sentir culpado e diz que tá indo me buscar pra dormir. Eu não sei mais que dia é, que horas são, onde eu sou, quem eu estou. Meia noite e meia, 45 horas sem dormir, eu começo a chorar mais uma vez. Alguém arruma o avião, eba, vai decolar. NEM LIGO MAIS.

Duas horas até Curitiba, foi de ré o infeliz. E eu acordada, com o olho arregalado, pensando onde foi que eu errei pra vida ter me levado até aquele ponto. Chego em Curitiba 2:30h, 47 horas sem dormir e, isso mesmo, NINGUÉM NO AEROPORTO ME ESPERANDO.

Até irem me buscar, até eu chegar em casa, até eu abrir a mala e sair dando presente pra todo mundo, falando 97 palavras por minuto, comer, tomar banho REFLITAM A QUANTIDADE DE HORAS QUE EU FIQUEI SEM BANHO, apertar meu cachorro e minha gata, avisar pra todo mundo que eu tava viva e tinha parado de chorar... fui pra cama 5:30h. CINCOENTA HORAS ~CEM~ DORMIRE.

Dormi 3 dias seguidos.

Grazadeus eu me amo muito e deixei uma semana pra me recuperar do jet-lag, o que levou só 10 dias, ousseje. Nunca mais recuperarei os neurônio tudo que morreram nesse processo, nem o amor que outrora senti, nem minha mínima sanidade mental. Felizmente, recuperei minha mala viajante, que chegou 3 dias depois.

Tive que ir até o aeroporto pra buscar, na hora do desembarque do voo. Foi linda a cena de mim mesma correndo pelo saguão até abraçar minha malinha querida. Alguém do meu lado na área de espera comentou "achei que tava nervosa esperando o namorado". Se tivesse naqueles nelvo esperando homem, seria exclusivamente porque tinha intenção de matá-lo, porque não há amor suficiente no mundo. 



E foi assim que terminou a maravilhosíssima viagem: toda esculhambada.

Porque se fosse normal, não era comigo, né?

Brigada você que suportou esse relato mais longo da história, brigada eu, brigada Xuxa.

Voltaremos em breve, assim que a inspiração voltar a habitar meu eu, uma vez que estou baixíssimo astral. Mas não está toda blogueira nos últimos tempos?

Bgos, me amo, tchau.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

paulista, tipo a avenida

Ou a pizza.

Eu não sei como tá o nível de stalkeação do público desse blog, então, sei lá, vou começar do começo. Eu sou paulista. Grandes merda, eu sei, mas é uma coisa de identificação, sabe? É importante saber de onde viemos, pra onde vamos. Minha certidão de nascimento diz que não sou paulistana, mas é um pequeno detalhe. Babãe morava em São Paulo, fui feita em São Paulo (risossss), cheguei em São Paulo com umas 70 horas de vida. Mas dei azar de nascer numa tribo onde meus pais resolveram se enfiar bem na hora do parto.

Se você perguntar, vou responder nasci em São Paulo.

E cresci nessa belíssima cidade. Às vezes eu brinco que é equivalente a ser uma criança norte americana, num universo menor: a gente crescia sem saber o que acontece no resto do país e sem estar muito interessado também. Do tipo que perguntava se tinha eletricidade no interior ou se as pessoas andavam de carroça. Ou eu tava no meio de muita gente ignorante, vai saber hahahaha. 

Só sei que quando fui eu a pobrezinha a se mudar da capitar pro interior, virei eu também alvo da idiotice paulistana. TENHO CARTAS pra provar que meus amigos se preocupavam com a manutenção do meu estoque de chocookies e com jacarés na minha janela. Mas é verdadeiro o choque de sair de um lugar onde você vai ao supermercado de madrugada pra outro onde não só o estabelecimento fecha pro almoço, como não abre nos fins de semana ou depois das seis da tarde HAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAH. Quantas semanas vivemos de pão e queijo graças às padarias que funcionavam num horário mais ~amplo~? Quantas vezes tive que dizer pro filho do padeiro que NÃO, eu não estava interessada nele, que dizer "ai meu deus perdemo a hora do supermercado de novo" não era cantada, era apenas a realidade? Jamais saberemos.

*****

Nunca desapeguei de São Paulo.

Hoje em dia ninguém me julga uma paulistana de respeito, mas é porque a gente tem que se adaptar. Não dá pra passar o resto da vida chorando por um lugar onde você não mora mais. Todos sabe (?) que eu já voltei a morar em capital (oremos, nada contra interior, desde que eu não tenha que morar lá), mas Curitiba não é assiiiiiiiim aquela brastemp das capitais, né? Um lugar onde supermercado 24 horas não vinga em plenos anos dorrmil me deprime um pouco. Um lugar onde você é OBRIGADO a almoçar entre 11:30 e 14:30 inclusive no domingo, inclusive em churrascaria (ewww) perde um pouco do meu respeito. Um lugar onde as pessoas acham ok darem seta na curva e trocarem de via sem avisar o amiguinho de trás me faz querer mandar cercar e prender todo mundo aqui dentro, enquanto eu saio numa rarlei deivison e taco um isqueiro pra trás, rindo benloca e vendo as chama subino tudo. 

Eu.não.sei.por.que.eu.moro.aqui.

Porque é uma cidade pequena e predominantemente fria, provavelmente. Moro porque quero e não gosto se não quiser também.

A vegetação vive tentando me matar, as pessoas não vão com a minha cara, quando alguém me pergunta "o que tem pra fazer de bom aí?" normalmente a resposta é NADA, mas sei lá. As árvores são coloridas e raramente faz sol. Tá bom pra mim, por enquanto.

Massssss, como é impossível ficar aqui 12 meses no ano e manter a pouca sanidade mental que habita minha mente, eu faço o que posso pra sumir daqui nas férias.

Nem sempre dá pra ir pra Europa, né, meu bem? Então a gente faz o que pode e vai pelo menos matar saudade da caminha e do laguinho com patinhos do lugar onde cresceu.


*****

São Paulo meet and greet tour 2013 part I

Além de estar geográfica e emocionalmente o mais distante possível de Curitiba (essa cidade esgota o cerumano), eu tinha alguns outros objetivos:

- passar um tempinho com meu querido papai;
- ver o máximo de pessoas possível;
- ir ao máximo de lugares que conseguisse (num quer mais nada);
- encontrar o amor.

(Não que a parte riscada signifique um check.)

Vou dizer pra vocês que estou decepcionadíssima por não ter conseguido DE NOVO ir ao parque Burle Marx. Da próxima vez, só me comprometo a socializar se alguma alma boa prometer ir lá comigo. Pode ser até à pé, as pessoas acham que meu problema é o meio de transporte, mas não é, eu só.quero.ir.nesse.bendito.parque. Depois que alguém me mostrar o caminho uma vez, eu vou sozinha nas outras. 

Mas tudo bem, tão tudo perdoado porque me levaram em outros lugares um milhão de vezes mais legais (eu acho, né?) pra compensar.

~um parêntese pra sofrer sobre o fato de estar fazendo um resumón dessas férias antes do último capítulo das anteriores. HEH~

Acontece que no dia do meu próprio aniversário, por motivos de a festa ser quatro dias depois, TODOS.ME.ABANDONA.

Um não quis almoçar comigo (essa tá na tua conta, tangerino), outro ignorou minha mensagem singela no uazap, outra esqueceu que ia no parque comigo, e assim foi, em série. Gente, que sacanagi. De modos que eu passei o dia bem feliz não comprando nada no shopping (sério, primeira vez na vida que pisei no Morumbi e não saí com nem.uma.sacolinha.). Deve ser o bem sucedido detox Amora Campana que estou fazendo, já que Bento não vai querer ser visto comigo em público se eu continuar nessa vibe consumo feat. auto exposição (vão dando adeus a este blog e aos meus 349857 pares de all star).

q

Aí no dia seguinte eu fui brincar de turista pelo centro de SP. Nenhuma grande novidade, já que é o passeio obrigatório. Museu da Língua Portuguesa sem exposição itinerante, eu vou do memo jeito, mas acaba sendo mais rápido. E desta vez eu não fui sozinha, fui acompanhada passar medo. Não tô nem falando de almoços duvidosos na galeria pajé.


num é bonita a cidade vista de cima?

Cêis não pode imaginar a dificuldade que foi manter a mão firme pra tirar essa belíssima foto nessa altura, com esse céu de filme de bruxa (que eu acho particularmente lindo). Eu sabia que tinha uma razão pra minha família nunca ter me levado no topo do Banespa, sabe? Não sei porque não ouvi a voz do meu coração /exagerada.


 galeria pajé colorindo a cidade kkk


vista da pessoa que estava pregada na parede tipo laRgatixa

Eu tenho assim um pavorzinho de altura, mas eu gosto de me fazer sofrer, então se no ano passado fui no chapéu mexicano de Londres, neste fui no topo dum prédio que nem vem a ser mais tão alto assim. Só que... cê já foi lá, caro amigo? Tem um espacinho minúsculo entre a parede e um parapeito que é baixo demaaaaaaais. Eu tava colada na parede no momento dessas fotos e ó minha visão. Tinha dois bombeiros muito preocupadíssimos com a minha inaptidão pro passeio, que dura infinitos CINCO MINUTOS, juro, não tô inventando. Cinco minutos pra ficar sofrendo nas alturas, depois te enxotam escadinha abaixo, pronto, cabô.

Ainda tem uma tia que aponta um prédio rosa e diz "é mais baixo, mas dá pra ficar uma hora lá em cima" HAHAHHAHAHAHHA.


esse prédio aí nas esquerda é rosa, tá vendo?

Não fomos ao prédio rosa porque FOME e já vou fazer um spoiler aqui de que essa coisa de ter que ficar se alimentando ao longo do dia dá uma quebrada no movimento das férias, viu? Muitos passeios desestabilizados por necessidade de comer.

Depois foi o dia do ♥♥♥ show ♥♥♥. Eu sei que as xarope tudo tavam lá pra ver John Mayer. Eu sei. Eu não ligo. Eu gosto dele, ok? Eu só gosto MAIS do Phillip Phillips. Eu comecei 25 frases seguidas com a palavra eu, é caso pra psicólogo?

Então eu passei o dia na faxina, tomei banho, fiquei linda (cof) e só me atrasei porque precisei almoçar. Mas ok, cinco horas abririam os portões, cinco e dez tava eu lá naquele fim de mundo que vem a ser a localização da Arena Anhembi. A menina que foi de Cotia saiu de casa mais tarde que eu.

Bom, eu não tinha a menor pretensão de ver o show de perto. Sou daquelas retardatárias que não conseguem pegar o ingresso vip (nunca mais vou num show se não adquirir o vip), e lá no povão, né? Trintecinco mil pessoas, num ia ver nem a lembrança do palco. Só que eu cheguei, entrei na fila, achei que tava longe e me enganei. Eu tava no começo da fila. Tão no começo que o fã clube tava distribuindo bexigas pra gente jogar quando os fio entrassem no palco e tal. 

Entrei na arena e fiz o que qualquer pessoa sensata faria: fui ao banheiro e comprei água. Enquanto crianças corriam loucamente pra grade, eu andava despreocupadamente pelo local. Fui tentar encontrar uma pessoa que me disse que ficaria perto da área pra necessidades especiais e fui andando naquela direção até que, OMG, a grade. Estava eu na cara da grade, sem correr, sem sofrer. hahahahahahahah MIDESGUPI sociedade.

Obviamente isso faz com que você seja apertada de tudo quanto é lado quando as pessoas começam a chegar, de modos que eu acabei sendo sugada por um bolo muito educado de gentes gigantes e perdi toda minha visão do palco. O problema: a área vip tinha 400km de extensão, de Curitiba eu teria estado à mesma distância do palco que na grade da área do povão. FUÉÉEÉÉN.

Mas tava tudo bem, tudo lindo, só que eram 18h e o show ia começar 20:45 HAHAHAHAH. PÁÁÁÁ na cara do pobre sofredor que pagou apenas 300 reais pra ver ali do meio do povão. Sério, gente? Como é sofrido pertencer à classe média.

Aí todas as condições climáticas aconteceram, vi fias dizendo que estavam descabeladas ao fim do show porque choveu, MAS QUE MENTIRA, choveu coisa nenhuma. Deu uma garoinha sem vergonha, apenas.

Pontualmente às 20:45, Phillip começou a tocar :~~~~~~~~~~~~~~

O que se seguiu foi um horror. Eu via a área vip pulando e cantando junto, enquanto os pobre à minha volta gritavam "chegaaaaaaa", "cadê john mayerrrrr", "nem sei quem é esse cara". Três idiotas resolveram sentar no chão e eu quase caí no processo e perdi uma música inteira entre me recompor e discutir com o idiota, pra ele sentar na casa do chapéu. Meninas caíam à minha volta como moscas e num vinha um bombeiro catar. Uma hipopótama do meu lado (a menina não era gorda, era imensa pra todos os lados, devia ter 2,20m de altura) começou a me empurrar, porque queria cerveja. EU DEI UM ATAQUE. Gritei CALABOCATODOMUNDO, porque era isso ou perder o show que eu fui ver. Foi horrível.

Felizmente taí a novela das sete pra salvar (as metáforas da minha vida e meu show), na hora de Home os retardado tudo sossegaram e cantaram junto. Na hora que eu levantei minha câmera pra gravar, o imbecil da sentadinha ameaçou reclamar e eu ameacei enfiar minha câmera goela abaixo dele, de modos que o comecinho da música tá cortado. Nego nem em pé tava, vai reclamar da câmera na cara? NÃO NO MEU TURNO.



Aí acabou essa parte do show e alguns ânimos se acalmaram, a louca da cerveja, que já tinha brigado e feito as pazes 37 vezes com seu namorado paquidérmico desistiram e foram embora, as fias capotadas foram encontrando lugar na multidão pra irem ao posto médico e a paz voltou a reinar. Até a contagem regressiva pro JM entrar no palco. Aí aconteceu um 1, 2, 3 e já que eu muito não tava esperando e nego avançou loucamente em direção à grade, transformando o troço num platéia.zip e eu só percebi que ia morrer quando senti que meus pulmões já não tinham mais espaço pra expandir.

Eu quase não conseguia enxergar o palco, porque na compactada uma girafa entrou na minha frente. Eu não conseguia respirar, não conseguia ouvir a música, não conseguia nada hahahaha. Mas fiquei lá acreditando num futuro melhor. Chegou a hora das músicas que todos estão lá pra cantar gritando, hit combo de daughters, free fallin', stop this train e tal. Depois que eu consegui ouvir essas canções, eu tava diboa já. 

Nesse momento, eu não conseguia mais respirar. NÃO.CONSEGUIA. Foi me dando um ataque de pânico, porque eu tava lá sozinha e não sabia se alguém ia pedir ajuda ou só pisar em mim (isso que dá ser mal educada) se eu caísse. Botei a blusa no rosto pra tentar respirar, mas alguma coisa estava me sufocando e eu achei que ia morrer, até alguém gritar "PQP, AGORA TEM QUE AGUENTAR ESSA MAROFA AQUI?" e pronto, corri pela minha vida.

Levantei minha bexiga amarela que sinalizava que eu tava colada na grade, pra que os fofos fossem abrindo caminho igual ao mar vermelho pra mim. Meia dúzia de mulheres enlouqueciam, me seguravam pelos ombros e gritavam "NÃÃÃÃO, CÊ TAVA NA GRADE, VOLTAAAAAAA" e eu só fazendo cara de quem não tinha ar pra respirar. Quanto mais pro fundo eu ia, pior ficava. Lá atrás o acesso estava mais fácil, então as pessoas estavam bêbadas além de chapadas. Milhões de pontas de cigarro ameaçando me queimar nas mãos de gente que se balançava sem ritmo. Pareceu um ano o que eu levei pra chegar no banheiro e lavar a cara. Chamei o resgate e fui embora antes de o show terminar, porque eu não tinha mais condições. Cheguei em casa e comi dois sanduíches ahahhahahaha. Ô raça inútil que é essa de maconheiros.

Nem botei o vídeo que eu gravei desse show no youtube, porque tá muito ruim. Vão lá ouvir qualquer clipe do John Mayer que cêis ganham mais.

Acordei no dia seguinte destruída (é mêmo, é?), mas ainda tinha um belíssimo encontro em busca da coxinha perfeita à noite, então não podia me deixar abater. O dia da coxinha estava planejado fazia uns dois meses, o plano estava todo pronto e na hora. Bom, na hora deu tudo errado hahahaha.

Eu iria de metrô, acabei indo de carro, acabei pegando o maior trânsito da galáxia (eu não andava em SP de carro na hora do rush há uns 10 anos), chegamos 28 horas depois do planejado, ninguém conseguiu salvar uma mesa, pegamos uma fila que tava pior que a do SUS e desistimos da coxinha.

Ninguém teve coragem de buscar coxinha nas rede social, pra não ir parar em lugar indesejado. RISOS.

Acabamos indo pra um lugar que a placa me jurava ser na Faria Lima, mas se não fosse a placa, eu não reconheceria. Não que eu tenha de fato reconhecido em algum momento.

Na companhia das melhores pessoas do mundo pra comer coxinha, falando mal de todo mundo, que é o que une os povos, reencontrando pessoas não vistas por mais de 20 gerações de power rangers, sexta à noite foi uma coisa muito linda. Tá certo que teve gentes sendo assaltadas na porta da própria casa no processo e/ou sofrendo spasmos e passando fome, mas todos passa bem.

seduzino as coxíneas

(UPDATE: Como fui bem lembrada nos comentários, aconteceu todo um drama: como é o jeito certo de comer coxinha? Pela frente ou pelos fundo? Tipo, o certo é arroz em cima do feijão, também acho que a coxinha a gente começa pela ponta. Mas concordo que talvez seja igual sushi: a melhor é a que cabe inteira na boca hahahahhaa.)

Sábado era dia de festaaaaaa, ritmo de festaaaaaaaaaa e eu achei que a internet ia quebrar com a minha maravilhosíssima lista de convidados, mas só vou dizer que Patrícia era VIPÃO e eu dividi uma coxinha com as pessoas mais legais da crosta terrestre. 


chora, fã clube kkkkkkkkkk

Entre pessoas sofrendo problemas de saúde (não foi a comida, juro) e pessoas presas no extremo sul da cidade, salvaram-se todos.

Tava eu no meio dos procedimentos das festividades meio #chatiada com uma ausência (nega tem 24357846 convidados, vai ficar reclamando daquele UM que não foi), quando chega um belíssimo convite pra passear no dia seguinte. De modos que eu fui dormir 4 horas da madrugs, setemeia tava acordada de novo, pra cruzar o mundo para o meu primeiro passeio adulto na ZL.

E, se vocês me permitem (e se não permitirem também, ó minha cara de quem aceita ordem), os melhores detalhes do domingo eu vou guardar pra mim. Quem sabe um dia num post não contextualizado, né? Se você não é um dos azarados que me ouviu falando sem parar e por uma semana desse bendito domingo, vamos deixar você assim.

Apenas vos digo: fui ao SESC Belenzinho ver uma belíssima exposição (umas 5 horas andando sem ver o tempo passar e sem sentir fome). Se você gosta de fotografia e está em São Paulo, vá. Até 1º de dezembro. Se você não gosta de fotografia, nem vai, muito chato ficar atrapalhando ozotro e ficar tirando foto de foto enquanto a gente só quer ver o desenhinho na pele da pessoa fotografada.

Tem gente, por exemplo, que deita no chão de vrido por sobre a piscina e acha muito mais divertido tirar fotos ali. Arrependimento eterno: não ter fotografado o vovozinho que dormia bem feliz no sofá do SESC mais lindo que eu já vi na vida, quero ser sócia COMOFAS. Se precisar morar na ZL, vou me mudar pra casa da Lilha.














O fim desse dia muito maravilhoso me deixou meio #chatiada. Não consegui almoçar o falafel com que eu sonhei, ainda que por pouco tempo, não consegui ir ao cemitério (nem perguntem), não consegui passear na Paulista, a avenida, como tive vontade. Entrei meio derrotada no metrô (anos de prática em ir embora derrotada), arrumei minha mala e no dia seguinte dei adeus.

Deixar São Paulo é sempre um ritual muito triste. Deixar a casa em que eu cresci, o lugar onde eu olho pras pessoas e quase todo mundo eu conheço há mais tempo que conheço meus irmãos. Até gente que eu não esperava ver mais nessa vida é gente que eu conheço há uns duzentos anos. Quase pedi transferência e não voltei nem pra dar tchau, exatamente como fiz o caminho inverso, trocentos anos atrás.

Como sempre, 24 horas depois de chegar em casa, caí em tristeza profunda, no conforto da minha cama, do meu edredom e do meu cachorro. Felizmente (ou não), agora a vida está voltando ao normal e eu já posso me desenvolver com graça pela super boring realidade, até chegar novembro e eu poder voltar pra lá outra vez.

COMPRE JÁ SEU GOLDEN TICKET.

:*