segunda-feira, 22 de outubro de 2012

cada um tem o réuri póter que merece


Título alternativo: último dia em Dublin




Sei nem por onde começar essa história. Vamos por partes.

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Cêis ficô sabendo daquela história em que os boys in blue (morri com esse slogando time de whatevs de Dublin) encontraram Daniel Harry Pottah Radcliffe em Grafton Street enquanto comemoravam alguma coisa, convidaram ele pra ir pra casa festejar junto e ele foi?

Pois é. Eu, andando pelas madrugs em Dublin pela Phibsborough Road não tive a mesma sorte.

Mas estou me adiantando.

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O primeiro passeio do dia foi ao Glasnevin Cemetery. Turismo no cemitério, quem nunca? Mas vale muito a pena porque meldels do céu, o que vem a ser a vegetação do local? E as lápides, os túmulos, as flores e tudo. Se eu morasse em Dublin, tenho certeza que levaria meu notebook pra debaixo de uma daquelas árvores e passaria mil horas esquecida ali. O lugar tem meu som favorito, que vem a ser o do vento batendo nas folhinhas. E, ao contrário de um parque comum, não tem gentes acumuladas ou protagonizando ~senas~ de demonstrações públicas de afeto.

Foi muito maravilhoso descobrir que o cemitério era muito perto de onde eu estava hospedada, porque a essa altura meus pés já não obedeciam mais ao comando de andar e eu estava revoltada por ter que diminuir os passeios por detalhes técnicos.

Ultrapassamos o portão e com a gente o rabecão [haikai] que estava levando um vovô pro enterro. Em seguida, veio uma limusine com pessoas muito alegres e sorridentes pra quem deveria ser um parente próximo.

raloín

Passamos pela galera do enterro e continuamos nosso caminho pelas lápides. Tinha um aviso muito simpático de que era compreensível a vontade de fotografar tudo, mas pra gente fazer a fineza de não expor as pessoas e eu só entendi muitas lápides depois, quando dava vontade de fotografar fotos e poemas e milhões de globinhos de água que as pessoas deixam lá. Não sei quantas horas levamos andando pelo cemitério, mas eu ficaria o triplo. Fácil.



Tirei fotas Doctah Who inspired e ganhei like e retweet de quem quer que seja que cuide das xoxomídia do cemitério, achei muito maneiro, me deixa.

don't blink

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Pra dar ordem a esse dia: começou com o passeio no cemitério, onde pude recuperar parte das minhas habilidades motoras. Continuou com a ida ao jardim botânico, que levou horas e também não estraçalhou completamente a condição física dos meus pezinhos e aí eu lembrei que existia um plano de ir ao pub à noite.

O dilema: se fôssemos pra casa, eu teria forças pra sair à noite, mas não teria roupas. Se eu fosse adquirir roupas, teria roupas (é mêmo?), mas não teria forças. E AGORA?

Obviamente, fui comprar roupas.

Pra ser bem sincera, mais que roupas, eu precisava de um sapato apropriado. MÁ É NUNCA que eu iria ao pub de tênis, minha gente.

A ida ao centro da cidade (aquilo era o centro? Jamais saberei) pra adquirir vestimentas e sapatos acabou com o restinho das minhas energias, de modos que depois que tomei banho e me “““““arrumei”””” (a incrível arte de jamais superar a mala perdida e o figurino que estava na sua mente desde o Brasil praquela ocasião), tive que tirar força de vontade das orelhas pra não cair no choro pela, sei lá, 23904857341ª vez. Tava ali uma feia arrumadinha, mas tava pronta.

Aí aconteceu um bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro (num descrevi nem metade das experiências da maravilhosa cozinha da ofélia do Freddy, que teve até mesmo uma torta homenageando dona Cecília restauradora) muito maravilhoso com M&Ms desejando que eu ficasse e pronto, eu fiquei feliz de novo.

Importante. Harry Potter. Cemitério. Bolo de cenoura. Pub. Última noite em Dublin. Só pra vocês irem acompanhando até aí.

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Fomos correndo pro pub porque obviamente saímos em cima da hora, mas tudo deu certo. Sentamos bem felizes e contentes e eu pedi uma bebida contendo alcoóis verdadeiros pela primeira vez na vida, só porque era divertida a vibe de ir com a notinha de dinheiros europeus até o balcão. Muito cena de filme risos kkk. E eu pedi um mojito porque fui enganada. Me deram mojito de tequila e eu achei bom e quase morri com o ***verdadeiro*** de qualquer que seja o veneno que eles colocam lá dentro. Nunca terminei o copo muahahahaha.

Aí era vódega, cerveja, salchichão e eu entrando em pânico porque não consigo pertencer ao ambiente noturno em nenhum continente (não que eu já tenha ido em todos, mas né?) e, quando eu menos espero, o pub entra numas de balada. Com pista, DJ, luzinhas piscantes, musga alta e o escambau. HAHAHAHAHA.

fota de balada na europa pótchy!

Apenas os mais fortes sobreviveram a essa mudança de vibe e fomos lá pra pista, mostrar o que que as baiana do sul têm.

[parêntese]

Eu tenho um problema sério com ambientes de música alta que privam os amiguinhos de diálogos. Na impossibilidade de falar com os outros, eu começo a falar com as vozes da minha cabeça e aí não dá certo.

Porque eu tenho impressão que na balada rola toda uma obrigatoriedade de ser feliz. As pessoas estão cantando com copinhos levantados no ar, dançando, rindo, dando em cima de gente que jamais lhes daria bola nem hoje, nem amanhã, nem no dia do juízo final e eu tenho impressão de que não poderia estar mais desconectada do lugar, pensando em como seria sensacional estar na sala de alguma casa quentinha, de pantufa, com 14 amigos, rindo e tomando suco de abacaxi.

Nessa balada especificamente, eu ainda estava no fim do inferno astral (que só quer dizer tensão pré-aniversário, no meu universo), sem minha mala e a caminho de outro lugar estranho. Por mais sensacional que parecesse antes de eu viajar, parecia meio apavorante ali naquele momento.

[/parêntese]

Aí eu estava lá alternando pensamentos entre “UHUUUU TÔ NA EUROPA” e “pqp, quiqui eu tô fazendo aqui?”, quando começou a tocar Florence and the Machine. Na. Balada. E eu pensei que não há meio de ficar baixo astral num lugar que toca Florence na naitch. E depois tocou Mumford and Sons. Mas não foi que ~apenas~ tocou. Foi que o povo todo parou de pular e começou a berrar do fundo dos pulmões “I really fucked it up this time, didn’t I, my dear?” e de olhinhos fechados e eu nunca me senti tão pertencente a uma população como naquele momento. Depois começou a tocar Mr. Brightside e foi aí que eu mandei a filosofação toda pro espaço e fui pular como se não houvesse amanhã e danos permanentes ao meu pé. Nesse ponto tava muito me identificando com a trilha sonora da pior DJ de todos os tempos. Foi só terminar com toniiiIIIiIiIiiigh weee aaaare yooooung and I set the world on fire and went brigher than the Sun.

Aí todos lembra que alguém do grupo tem que trabalhar amanhã cedo e já são, veja só, 3 horas da madrugs, vamo pra casa? Vamo.

Eu juro que a sensação térmica era de menos douze graus, porque tava um frio do inferno aquela rua. Ventania, garoa e a minha pessoa SEM ROUPAS DISPONÍVEIS trajando somente um cardigan, porque era o que tinha. Provavelmente nunca passarei tanto frio de novo na minha vida quanto naquele momento. E nas oropa todos anda a pé, então seriam uns 20 minutos daquela delissia até chegar em casa. SE eu tivesse sorte.

Porque no meio do caminho tinha um irlandês, tinha um irlandês no meio do caminho.

Shannon (que na verdade se chama Seanan e pronunciavam XANA mesmo) ouviu brados da amiguinha que dizia que o melhor lugar do mundo era o Brasil e não era sei lá onde nos cafundós da Irlanda e achou muito maneiro simplesmente concordar também aos berros, no meio da rua, na frente do lugar onde ficam os bombeiros.

Todo mundo parou pra discutir a relevante questã da humanidade ali no meio da rua, na madrugs, no climinha gostoso e aconchegante e eu só me perguntava WHYYYY, LAWD, WHYYY. Shannon tinha 4 metros e 10 de altura e tava me incomodando olhar pro alto e ele tinha um sotaque alemão que Q//// e eu entrei na discussão, pra ver se esquentava o ar à minha volta.

Shannon estava perdido porque era de Droheda (?) [até entender essa palavra naquele sotaque foi meia hora] e nós estávamos em Phibsborogh ou algo assim e nem pense em me perguntar o que isso significa geograficamente porque eu não faço ideia, mas o caso é que Shannon não sabia onde estamos, pra onde vamos, de onde viemos porque morava fora da Irlanda há duzentos anos e atualmente mora na Alemanha. AHÁ, entendi de onde veio o sotaque.

Aí ele brigou comigo porque não tinha sotaque coisa nenhuma, eu que tinha. CEJURA.

Recomecei a andar porque tava com frio, fomos os quatro berrando pela rua, até que eu me dei conta que indo cada vez mais pra dentro do bairro, a pessoa que estava perdida não ia mesmo se encontrar, né? Ô shana, cê vai seguindo a gente? Depois comé que cê volta? Aí alguém responde:

- ELE DORME NO NOSSO SOFÁ.

HAHAAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

Setenta e oito tipos de pavor tomaram conta da minha mente. Sério mesmo? Um completo estranho vestido de preto, com 6 metros e meio de altura, nascido na Irlanda, morado na Alemanha, catado na rua, dorme no sofá? Aparentemente, na Europa pótchy.

Em menos de 10 minutos eu era a pessoa que mais infernizava shana pelas ruas frias de Dublin. Encontrar o Harry Potter não podia, né? Hum.

*****

xenon curtindo um brigadeiro só que não

Chegamos em casa, Shannon entra como se fosse da família. Vamos pra cozinha, Shannon senta como se fosse da família. Abrimos o bolo de cenoura, Shannon come como se fosse da família.

- quiqui vem a ser esse troço marrom em cima do bolo? Nojento...

(Vale lembrar que essa conversa toda acontecia em uns 8 sotaques de inglês, um mais ininteligível que o outro.)

-meu, xinga a mãe mas não insulta brigadeiro?

E até explicar o que vinha a ser brigadeiro, a amiga número um foi embora dormir. Sobramos eu, Freddy e Xana na cozinha, enquanto eu tentava achar uma solução pra noite do apocalipse.

Freddy tava achando tudo muito tranks e Shana começou a reclamar de sono. Tacamos ele no sofá, fechamos a sala e fomos dormir. “““““Fomos”””””. Freddy capotou-se e eu me tranquei-me a mim mesma no banheiro com a minha nécessaire, meu passaporte, meus dinheiros de européia rhyca e fiquei lá orando pra Jesus pra que Shannon não me encontrasse tão próxima de uma banheira e não roubasse meu único rim.

Quando o dia foi amanhecendo, tive vergonha dos outros moradores da casa me encontrarem nessa situação deprimente e voltei pro quarto. Quando começaram a acordar e sair pro trabalho, cabei pegando num soninho que deve ter durado umas duas horas e acabou num daqueles despertares de filme, sabe? OMG TÔ VIVA? TENHO UM RIM AINDA? JÁ É AMANHÃ?

Me lembrei de que não tinha recipiente pra colocar tudas ropa que eu adquiri e resolvi tomar banho, café da manhã e ir comprar uma linda maleta no brechó. Aí a realidade me deu um soco e eu lembrei que shanoon deveria estar no sofá ainda. Tava. Dormindo como um anjinho.

Fiquei com inveja da coragi.

Sentei na cozinha e comecei lentamente a comer tudo que existia, de bolo de cenoura à bolacha digestive (nunca comam, esse barato vicia mais que crocs), quando vejo xana apontando no corredor, descalço, sissintindo em casa.

- bom dia, preciso ir embora já?

RISOS

- não, sentaí.
- meodeos, quem come bolo e bolacha no café da manhã? Éca.
- quiqui cê come?
- torrada com feijão.

AÍ SIM, HEIN?

- tem não, quer café?

E ele levantou e fez café pra si mesmo como se estivesse em casa.

10 minutos depois de completo silêncio na cozinha, shannon me agradece pela hospitalidade.

- mas, bem, eu nem moro aqui!
- mas era você que tava mais apavorada comigo aqui e você não me mandou embora, brigado.

Aí eu tentei entender que cacetes o infeliz tava fazendo perdido na cidade natal. Nem eu, gente. Nem eu.

- então, é que ontem foi o enterro do meu avô no Glasnevin Cemetery e eu passei a tarde na casa da minha tia, que é aqui em Phibsborough. Aí é costume ir ao pub pra beber quando alguém morre, mas tava todo mundo feliz demais e eu fiquei #muito #chatiado. Quando reclamei, meu pai me acusou de ser nazista como meu avô e eu pulei o muro do pub e fugi.

QUEM. NUNCA.

Calmo todo mundo, que lá a pessoa paga antes de beber, de modos que Xana não deu calote na conta.

Mas aí eu pensei. Enterro ontem de manhã no glasnevin? Eu tava láááááá! Eu viiiii! Compartilhei essa informação com o amiguinho e ele ficou todo sentimental, achei que ia chorar e eu não ia saber como proceder, mas aí criamos um vínculo de amor e amizade que durou pra sempre, Shannon já me convidou pra ir dormir no sofá dele na Europa, como forma de gratidão.

Enquanto Freddy não acordava, filosofamos sobre a vida, o universo, Dom Casmurro (juro) e tudo mais, e ele queria comprar minha mala, me levar no aeroporto e me abraçar (acho que era muito amor mesmo, porque ninguém se encosta na Irlanda).

Só sei que quando desovamos Seanan naquela esquina, a única coisa que eu pensava era: KKKKKK MINHA MÃE VAI ME MATAR QUANDO SOUBER.

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Comprei a mala e tantas peças de roupa que não cabiam mais na mala. Apertei o que podia, vesti o que não cabia e fui pro aeroporto de táxi porque eu sou rica que nem a Angélica. E o motorista era o mais fofinho dos motoristas fofinhos de toda a galáxia e eu queria que ele fosse meu terceiro avô, porque olha. E a gente foi conversando o caminho todo, porque eu entrei em modo mongol porque o carro era do avesso e ele disse que eu devia ser muito inteligente e eu quase transferi todo meu dinheiro pra conta dele, porque pra ganhar meu amor pode chamar até de gorda se chamar de inteligente.



Querido motorista de táx, te amo.

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Uma fila de bolsa família e 14 choques depois (nem perguntem), eu estava entrando na sala de embarque rumo a Londres.

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Sempre achei engraçado em aeroportos no braziu os estrangeiros pendurados no celular cas suas respectivas famílias, falando por mais de meia hora. QUE RICOS! Mas meu chip indiano me proporcionou essa experiência. Considerando que aquilo era considerado voo doméstico e praticamã não tinha não europeus à minha volta, eu era a estrangeira pendurada no telefone. Uma hora e meia chorando de perder o ar com a minha pobre irmã, que ouvia muito amorosamente meu chilique.

Não me pergunte porque eu não sei a razão de ter chorado por uma hora e meia.

Aí eu finalmente entrei no avião e o resto fica pra próxima, porque nem um voo de uma hora daqui até ali é uma coisa fácil quando você é eu.

Beijos e não parem de seguir no reader. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

when it rains on the beach




Aí você está lá bradando contra o casamento (só pra variar, só quando já deveria ter parado de falar sobre isso, só quando deveria ter parado de falar at all) e lembra que tem que devolver um filme na locadora.

Vocês vão andando até lá e quando tira o filme da bolsa já prevê a catástrofe que será quando o interlocutor perceber que na capa se lê “CASA COMIGO?” em letras bem gigantes.

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Em evento totalmente não relacionado, que coisa cocô é tensão emocional nos nossos entretenimentos televisivos, totalmente não condizentes com a realidade, esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, não é mesmo?

Não chega a ser um pouco decepcionante o tanto que as historinhas são repetidas nos filmes? Não é deprimente pensar que esse tipo de coisa nunca acontece na vida real?

Tipo a moça de princípios que está quieta, minding her own business, mas o roteirista maneiro foi lá e colocou um moço comprometido pelo sagrado matrimônio no seu caminho. E ela tenta ser uma alma boa, tenta evitar a catástrofe o máximo que pode, tenta prosseguir na missão de ir pro céu, mas o moço não está lá muito ligando pro estado civil, porque o roteirista deu-lhe razões para (quem nunca?), de modos que fica tudo assim meio nebuloso no universo.

Como em qualquer história de roliúde que se preze, a outra parte do consórcio vem a ser uma bruxa, o que facilita um pouco as coisas, mas não tem filme da sessão da tarde sem aquela enrolaçãozinha no último terço, pra fazer a moça de princípios se descabelar, o mocinho bocó repensar o que deve fazer da vida e a bruxa parecer que vai se safar na história.

E sempre tem aquela ceninha estúpida, em que a plateia inteira pensa “agoooooooora vai”, porque não é possívio, né? A cara dos dois está ali a míseros centímetros de distância, por que ninguém faz nada?! Se fosse no mundo real, NUNCA que essa oportunidade seria desperdiçada! Mas não vai e cada vez que você pensa no assunto você fecha ozolhinho e faz cara de constrangimento porque haja clichê nessas porcaria de filme que passam por aí.

Nesse momento, o mocinho vai pro aeroporto entrar num avião (cejura) e olha, vamo dar pause nesse filme porque eu tenho assim um pouco de pavor de saber o final.

(A mocinha não correu atrás de ninguém no aeroporto, só pode ser mau sinal.)

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E esse nem foi um spoiler do filme acima, brigada.

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Fim.


[Acontece no blog, fica no blog :)]

terça-feira, 16 de outubro de 2012

os passeio tudo




Os passeios do primeiro dia em Dublin cumpriram todas as etapas da checklist. De modos que o que viesse depois seria lucro. E foi lucro mesmo. Apesar do clima biruta da cidade: garoa, venta, esfria, some nuvens, esquenta, venta, esfria, garoa de novo... não choveu mais. E em tudo que foi lugar deu pra tirar fotos com céu azul.

Apesar de eu ter anotado, é bem provável que eu esqueça algum lugar.

Porque você está ali aproveitando as coisas lindas que tá vendo pela primeira vez na vida e, sinceramente, o interesse maior era guardar aquilo tudo na cabeça pra mim, muito mais que contar pros outros.

Mas tem bastante passeio que eu marquei na listinha hahaha.


Trinity College


Disk é lá que fica o livro mais antigo do mundo, the Book of Kells. Eu não fui ver. Pra ser sincera, quando passei lá, não sabia do livro, eu só queria ver a arquitetura mesmo. Aí resolveram cortar a grama do local e mesmo minha alergia estando muito mais amena, eu não queria morrer na Europa. Tive que ir embora.


Grafton Street



Cêis já assistiu aquele filme LINDO “Once”? Eu assisti e caí no amor. Provavelmente o único filme sem final feliz que eu gosto. (Não é trágico o final também, não é spoiler.) Pois eu sabia que o filme tinha acontecido em Dublin, só não sabia onde. E foi nessa rua. Que, meldels, é linda duns 30 jeitos diferentes. Tem lojinhas com chocolate delícia, tem lojas de rica, loja da Disney, peruanos tocando flauta, estátua viva, porteiros de loja super fofinhos, bandeirinhas e é tudo amor. Eu queria morar lá.


Stephen's Green Shopping Centre


No fim da Grafton Street tem esse shopping que Curitiba copiou descaradamente. Mais uma das coisas trabalhadas no control C da Irlanda. Lugar marlindo, acabei só vendo por dentro porque precisava ir ao banheiro hahahaha. Só procês saberem, pra ir na casinha tem que pagar. Achei deselegante, apesar de lindo.


St Stephen's Green


Atravessando a rua em frente ao shopping, tem o parque. Cuja entrada é ingoal à do Passeio Público em curitola. Sabe?

Gente, o que era esse parque? Todas as cores de flor, gazebos, animais com pena, caminhos, árvores, lagos, fontes... tudo lindo. LINDO.

Ficamos horas andando por ele, até chegar do lado oposto, pra dar voltinhas pela cidade. O melhor foi a hora em que encontramos o encantador de patos, que estava com um flango uma pomba no braço, vários patos em volta e passava a mão no pescoço de um cisne gigante. Depois de um tempo, o tio enjoou de ficar ali mexendo nos cabelos do cisne e foi fazer um movimento poético pra pomba voar do braço dele. Sabe um impulso pro troço voar? Pois a pomba nem tava a fim e se jogou no chão igual uma pedra e a gente riu meia hora porque foi muito engraçado, eu juro.

Tem outro filme que tem uma cena nesse parque, o Leap Year. Que eu assisti depois de ter voltado e derramei uma lágrima quando reconheci a paisagem. É um lugar que vale a pena ir com tempo, vos digo isso.


Saint Patrick’s Cathedral


Nada, nada que eu tenha visto nessa vida me prepararia pra esse momento. Eu amo igrejas, a história, a arquitetura, a vibe medieval. Uma igreja em Dublin tinha automaticamente todos os pré-requisitos pra me fazer feliz. Mas essa igreja era FENOMENAL.

Primeiro que chegamos no fim do dia. 01 dica: tudo que é passeio é pago, ingrejas incrusível. Tudo fecha cedo. MUITO CEDO. A senhorinha da recepção ficou muito sentida, porque teríamos que pagar, sei lá, seis euros por meia hora de visitação e cobrou só uma parte. Avisou mil e douze vezes que teríamos que sair até 17:30.

Só que o lugar era tão lindo e eu estava tão sofrida com a falta da minha mala, que eu não conseguia sair. Tava hipnotizada. Nesse momento, faltando 10 minutos pra gente ter que sair, um coral de menininhos começa a ensaiar um canto gregoriano e eu só sei que não quero nunca mais ir embora. Então vem o padre e me pergunta se eu quero ficar pra missa e é LÓGICO que eu quero. Vou te contar: melhor missa. Sem enrolação, ingoalzinho no braziu (só que ao contrário), mas as partes fixas eram iguais mesmo, de modos que era simples de acompanhar. Com o plus a mais do canto gregoriano com órgão de verdade, daqueles em que os tubos chegam no teto.

Melhor coisa que eu fiz.

Eu e Frederico então saímos da igreja quando a missa acabou e fomos pro jardim que fica na igreja, onde está a vista mais sensacional de toda a cidade (na minha opinião). Quiqui São Patrício faz pra se comunicar comigo? Um arco-íris. Lindo e incrível, passando por cima da igreja e do jardim.


Desculpa aí, pessoal. Mas a Irlanda foi super com a minha cara. Quero chorar só de lembrar.


Ha'penny bridge






Eu amo ponte. Não, sério, é MUITO AMOR por pontes. Fiquei enlouquecida na ha’penny, porque é a ponte em que os bocó tudo enche de cadeado do amor. Nos guias todos tem a historinha, que os vikings curtiam essa ponte porque levava do povoado até o pub e eu me pergunto em que ponto foi que nego viu o potencial macumbístico do local e passou a pregar cadeados ali e jogar as chaves no rio. É lindo, é sensacional, mas eu muito queria ir lá com um maçarico arrancar tudo, só pra ver a galera chorar HAHAHAHAHAH. Not.

                                 

Christ Church Cathedral




Outra igreja incrível. Logo na chegada você já vê um pedaço das ruínas de milhares de anos, sem cerca, sem nada, com um cartaz que diz “por favor não pise ali” e ninguém pisa e pronto. A igreja é linda por fora, tem uns vitrais maravilhosos, tem uma ponte que liga com o outro lado da rua (e eu achava que era alguma coisa muito secretíssima, mas nem era, era só o caminho de volta de Dublinia), tem calabouços, tem um café subterrâneo e um gato mumificado da depressão. Também tem figurinos de The Tudors, num é moderno? Eu teria aproveitado 98% mais as aulas de história na escola se alguém tivesse me levado na Europa antes, só digo isso.


Dublinia - Viking & Medieval



Na hora de comprar o ingresso pra última igreja, a gente podia comprar junto o do museu viking. 01 aviso: ninguém te diz que tem hora pra entrar no museu e a gente muito achou que tinha perdido o bonde. Provavelmente fomos os últimos a entrar, porque nem deu tempo de terminar de ver antes de fechar. Mas deu tempo de ver muita coisa e era tudo muito legal. Melhor parte: o viking no banheiro – gente, sério, só estando lá pra rir por duas horas desse momento – e a vila, onde a gente passeava, fingia que comia, gritava cas quiança de cera, tampava o rosto quando uma pobre tava tossindo a peste negra e coisa e tal. Tinha até roupinhas procê se vestir de pessoa do passado, vale muito a pena a brincadeira.


National Botanic Gardens




Ahhh, dona Curitiba. Então foi aqui que a senhora se inspirou pra fazer seu jardim botânico? Que coisa, né? FICOU IGUAL.

Mentira, o jardim botânico lá é moito maior e tem muitas instalações de arte PIMBA pra gente rir enquanto passeia. Melhor coisa foi ir lá com bastante tempo livre, porque deu pra ver tudo com calma, porque o negócio é grande. Das coisas da natureza que não tem por aqui às tralhas artísticas espalhadas, tudo era muito maneiro.

Vale procurar o lago e ficar milhões de anos sentado na beiradinha, tem uma ponte muito fofa lá também, tem cachoeira, a horta com girassóis gigantes e espantalho, o jardim das rosas ♥♥♥♥♥ (com vista pra outra igreja), a estufa, tudo. Veja tudo.

Se eu não me engano, até restaurante tinha lá.

De preferência, vá à pé. O caminho pra lá é lindo e tem um pub sensacional no caminho (a fachada, pelo menos hahahaha). Ali também tinha um correio, que facilita muito pra quem quer mandar postais e não quer ir na mega agência da O’Connell Street.


O’Connell Street


Um amor na minha vida. Lojas abertas até tarde, lojas abertas no domingo. Arvorezinhas bonitinhas, a escultura que eu chamei carinhosamente de ¯\_()_/¯, a agência do correio cuja arquitetura está impregnada na capital paranaense, onde tem o monumento à coisa nenhuma - Spire of Dublin, uma agulha gigante no meio da cidade -, onde tem a Penneys que me salvou a vida e que vem apenas a ser a Primark com outro nome. AHÁÁÁÁ, por essa ninguém esperava. A loja favorita das blogueiras rhycas brasileiras é nada mais que um lojão caíííído, mas europeu, não é mesmo, meu amor? Salvou minha vida siiiim, mas pagar de milionária usando calça de 8 euros é um pouco além da minha boa vontade. Fica aqui a dica pra amiga dona de casa que sofre quando vê as nega afortunada fazendo inveja.


The Brazen Head



O pub mais antigo da Irlanda, tenho pra mim que era lá que queriam chegar pela Ha’penny bridge. Não fiquei muito tempo lá dentro, mas gostaria de. Mas é que eram tantas horas andando, andando, andando que de noite tudo que eu não queria era ser feia num pub. (Sem roupas, sem chapinha, sem maquiagem, lembram?). Fora que as andanças todas deixavam o pé num estado de destruição, que depois de tomar banho, não agüentava nem andar pela casa. Pra ser bem sincera, tinha dias em que eu chegava em casa com o andar do QWOP. Teve um dia que o andar aconteceu literalmente, pra uma platéia na casinha ao lado, que assistia horrorizada.

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Obviamente aconteceram muitos outros passeios, tipo um que envolveu passar na frente do pub onde foi composta a música Hallelujah, mas eu não dei bola porque não sabia disso naquele momento. Lugares cujos nomes eu não lembro. Merchant’s Arch, lojinhas em Temple Bar. A Carroll’s pra todos os souvenirs e claddaghs do mundo aimeldels quero todos (acho que trouxe apenas uns 20 pra casa). The Church Bar, que é uma igreja que virou bar hahahaha. Tudo tá lá ainda, os vitrais, os tubos do órgão, não sei comé que pode. King's Inn, onde a árvore engoliu o banco da praça.

E o cemitério, que fica pro episódio final sobre essa linda cidade do hemisfério norte. Aguardem.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dublin




Se minha vida fosse um comer, rezar, amar, bem brega, em Dublin eu fui pra comer. Sem dó da minha dietinha estúpida e infinita, avisei até o médico pra aumentar a dose do remédio. Só que meu plano deu um pouco errado, uma vez que parar pra comer gasta horas preciosas de passeio e acontecia só quando o desmaio era iminente.



Bão, o primeiro dia de passeio em Dublin começou com tempo fechado e garoa. A graça ficava por conta da população, que não usava guarda-chuva. Pessoas com carrinhos encapavam seus filhinhos com prástico, mas o resto da galiéra deve ter nascido com o cabelo bom, porque ó. Tudo na chuva.

Eu, que nasci com cabelos finos, me transformei em medusa antes do fim do primeiro quarteirão.

Uma coisa sensacional: tudo foi feito à pé.

Fomos do aeroporto pra casa de ônibus de dois andares porque precisava, mas dali pra frente, foi tudo na tração humana kkk. Quase caiu uma lágrima do meu olho quando entramos na ruazinha com cara de subúrbio europeu, casinhas trabalhadas no control C, portas coloridas, carros andando no lado avesso da rua. Muito amor. Você se sente automaticamente protagonizando um filme (ou sou só eu que tenho esse tipo de mongolice instalada no cérebro).

Uma coisa incrível é a velocidade de adaptação do cérebro com a rua do avesso. Sei lá se é o instinto de sobrevivência ou se eu nasci no lugar errado do planeta. Em meia hora tava diboua com a rua trocada.

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Você aprende em menos de 12 horas que o clima de Dublin é uma coisa assim, como direi, impossível. Saímos de casa com chuva, meia hora depois tava sol, depois venta, depois chove, depois faz sol com chuva e vento, depois esfria 20 graus, depois você está descabelada e acreditando que vai ter o pior hit combo gripe+alergia da vida. Mas você nasceu pra ser européia, de modos que está apenas descabelada e com a saúde em perfeito estado de conservação.


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Dublin é um lugar onde as pessoas são maníacas por florzinhas. Tem penduradas nos postes, na frente das casas, milhões na frente dos pubs, na margem do rio, EM TODO LUGAR. Mas deve ser flor de rico, porque eu não tinha alergias infinitas a elas e eu só não tenho alergia a flor de rico. Aí você olha aquelas construções que devem ter uns 800 anos, com aquelas florzinhas, aquele céu – que mesmo cinza ainda deixa a grama mais verde que qualquer grama que você já viu – e pensa seriamente em mandar uma carta pra casa, dizendo ao povo que fico.

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E a magya de entrar nos lugares e tudo estar quentinho? Não aquele bafo de quem não sabe regular o aquecedor, aquele quentinho maneiro, que você tira o cachecol e fica confortável vivendo. Pfv, Curitiba, aprenda.

Aliás, em tópico totalmente relacionado, quei foi que copiou Dublin inteira aqui no sul do braziu, hein? Não fossem as casinhas repetidas e a grama extra verde, eu acreditaria que só fiquei tempo demais no interbairros e não tinha saído de casa. IN GO AL. Quem quer que tenha sido, favor ir lá copiar as coisas boas também. Quero casa quentinha no inverno, quero gramas antialérgicas, quero florzinhas nos postes.

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Ao contrário de Londres e Cardiff, fui pra Dublin sem um mapa na mão. Falei pro Frederico que queria 01 castelo, 01 pub e 01 igreja e o resto do tempo podia passar contemplando a ideia de estar na Europa, que tava beleza.



Então, pro primeiro passeio, fomos caçar o castelo de Dublin. Achamos, mas parecia que não, porque o negócio não parecia um castelo. FOM. Mas tinha aquelas casinhas de guarda, de modos que já valeu o passeio.



Dali, fomos almoçar em Temple Bar. Que, ao contrário do que eu imaginava, vinha a ser um “bairro”, não um bar. Almoçamos no The Temple Bar, que sim, vem a ser um pub. Olha gente, não é fácio entender a Irlanda.






O mais bonito é que as quadras de Dublin são compostas da seguinte forma: um pub na esquina, uma igreja no meio, um barber shop perto da outra esquina e uma casa de apostas pra finalizar. TODAS AS QUADRAS. Com milhões de vasos de flor pendurados e portinhas coloridas.

De modos que o povo da região começa a beber às 9 da manhã. Achei muito chocante as peçoua finalizando pints de birita na hora do almoço. E pode, Arnaldo? Lá, pode.

Ou seje: 01 castelo, check. 01 pub, check.

O próximo destino era a Guinness Storehouse. Nunca fui fã de biritas, mas depois que a vibe da cerveja com frufru se abateu sobre meu círculo social, achei que valeria pela inveja do check-in no foursquare.



Mas no caminho o quiqui a gente acha? O que? Uma igreja. St. Audoen's Church, que parecia mais um castelo que o próprio castelo e que tinha a grama mais verde que a grama do vizinho. Mesmo com o tempo super fechado, era a coisa mais linda.

Continuamos nosso caminho rumo à fantástica fábrica de birita. Óia, a maravilha de conhecer uma cidade a pé é ver em câmera lenta tudo de lindo que ela tem. Não só os lugares onde a gente ia, mas por onde a gente ia, tudo lindo.



A cidade meique idolatra seu Arthur Guinness, sabe? Toda uma campanha pra pintar a cidade de preto em homenagem a ele dali alguns dias.

                                 

E olha, o passeio da fábrica é maneiro até pra quem não curte cerveja. É tudo tão bonito... incrusivemente a fonte, onde eu joguei uma moedinha de 10 centavos brasileiros, pra descobrir depois de dar a volta que as moedas viram doação e morrer de peso na consciência porque né? Tivesse eu uma moeda de um real, teria tacado lá. Kkkkkkk.








Depois de ver como a cerveja é feita, muitos filminhos, passar por corredores e exposições e aprender a servir seu próprio pint perfeito de Guinness, você sobe pra um bar panorâmico sensacional. Atorarei voltar lá num dia de sol, porque deve ser incrível. Se bem que o céu cinza, as construções terracota (risos) e as abóbadas verdes deixavam o negócio todo muito bonito de onde eu via.



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Ok, você vai. Leva horas indo. Aí tem que voltar, né? Você está andando há umas oito horas e está a mais ou menos uma hora inteira de chegar em casa. Então vamo.

No primeiro dia eu já estava com os pezinhos num estado de destruição nunca dantes alcançado. Primeiro porque a andança era grande. Depois, porque sem minha mala eu estava sem meu tenizinho de passear longas distâncias, sem minhas meias fofinhas e anti esfolamento de pezinhos, sem hidratantes, band-aids, sem nada.

Mas tudo bem, porque ainda tinha vinte mil pontos turísticos ainda pra ver e esse era só o começo :P